Orla da Beira Mar deve receber 450 patinetes elétricos
Serviço aguarda autorização da Prefeitura de Fortaleza para começar a funcionar. Serão 2 mil patinetes na Capital, segundo empresa Jet Brasil Patinetes
Nos últimos dias, frequentadores da orla da Beira Mar, em Fortaleza, notaram que o espaço estava tomado por patinetes elétricos azuis compartilhados da Jet Brasil Patinetes. A empresa anunciou a instalação de 2 mil unidades pela Capital — sendo 450 na orla —, mas a operação ainda depende de autorização da Prefeitura de Fortaleza.
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A proposta da empresa é ampliar as opções de mobilidade na Cidade. Também devem ser disponibilizadas 180 bicicletas elétricas na orla. Durante dois dias no início desta semana, O POVO comprovou que, em diversos trechos, existia uma grande quantidade de patinetes.
A Prefeitura informou que, até o momento, houve apenas um evento de apresentação dos patinetes, mas ainda não há autorização oficial para o funcionamento.
Leonardo Carniel, gerente da empresa e responsável pelo serviço na Cidade, informou que os patinetes espalhados pela orla estão ainda em fase de teste, e que aguarda apenas a liberação oficial para começar a operar na capital cearense.
"Seguimos no aguardo da liberação oficial para que possamos atuar plenamente e dentro das normas estabelecidas pela gestão municipal”, informou.
Os valores do serviço devem variar conforme a demanda e o período do dia. "A cobrança pode ser feita por minuto, com tarifas entre R$ 0,25 e R$ 0,50, ou por hora, custando de R$ 16 a R$ 20 nos dias úteis e entre R$ 20 e R$ 40 nos finais de semana", explicou Leonardo.
A expansão, no entanto, levanta preocupações sobre como o espaço da Beira-Mar será organizado para acomodar a nova realidade.
A região já é um ponto de grande fluxo de pessoas, que praticam esportes como corrida, ciclismo, patinação e caminhada. A chegada de mais patinetes deve aumentar a concorrência pelo espaço, gerando desafios para a segurança e a mobilidade dos frequentadores.
Pedestres se preocupam com o acréscimo de modais
Enquanto a regulamentação não é definida, o aumento de patinetes na Beira Mar tem gerado preocupação para alguns pedestres. Muitos relatam dificuldades para transitar com segurança, especialmente idosos e crianças, devido à velocidade dos veículos e à falta de organização no uso do espaço.
Maria Gorete, 71 anos, que frequenta a praia semanalmente, conta que sente os desafios do grande fluxo dos diferentes modais.
"Muitas pessoas passam apressadas e esquecem que tem idosos andando mais devagar. Um dia desses, quase me atropelaram aqui. A orla é um lugar legal, um espaço de lazer, mas é preciso que quem usa esses equipamentos tenha mais cuidado", disse.
Para Liz Siqueira, publicitária de 24 anos, o problema não está no esporte em si, mas na falta de organização.
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"Acho que a culpa não está no esporte, mas na falta de planejamento. A orla precisa de uma estrutura melhor para receber todas essas atividades. Não dá para culpar a população por ocupar a cidade e usar os espaços disponíveis para lazer", diz.
Lucas Albuquerque, 31 anos, frequentador assíduo da região, destaca que com tantas atividades acontecendo simultaneamente na Beira Mar, a chegada dos novos patinetes deve vir com a necessidade de um planejamento urbano ainda mais eficiente.
“A convivência entre pedestres, ciclistas, patinetes e outros modais só será harmoniosa se houver um reordenamento adequado do espaço. É fundamental que haja um equilíbrio entre a expansão da mobilidade e a segurança dos frequentadores”, destacou Lucas.
Medidas e regulamentos
A Autoridade Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) informou que intensificou as ações educativas e de fiscalização na avenida Beira Mar para garantir maior segurança aos usuários.
Além da presença de agentes para disciplinar a circulação de veículos automotores e ciclomotores, foram intensificadas ações educativas com foco na segurança dos usuários mais vulneráveis.
"Além disso, há campanhas de conscientização para ciclistas e usuários de patinetes elétricos sobre o uso correto das ciclovias e ciclovias da região. Nesse sentido, há mobilizações contínuas no sentido de orientar o respeito aos pedestres, indicando que ciclistas e condutores de patinetes elétricos utilizem as ciclovias e ciclovias existentes que interligam o Aterro ao Mercado dos Peixes. Em relação à implantação de novos equipamentos, a Autoridade informa que realiza análise técnica interna sobre o serviço", diz nota da autarquia.
Patinetes elétricos: situação em outros locais
Em São Paulo, o serviço de aluguel de patinetes elétricos foi retomado no ano passado, mas com novas regras para garantir mais segurança aos usuários e pedestres. Os equipamentos só podem circular em ciclovias, ciclofaixas e vias com velocidade máxima de 40 km/h.
O uso nas calçadas é proibido, assim como o transporte de passageiros e a condução por menores de 18 anos. Além disso, a velocidade máxima permitida é de 20 km/h, sendo controlada pelo próprio sistema dos patinetes.
As empresas responsáveis pelo serviço também são obrigadas a realizar campanhas educativas sobre o uso seguro desses veículos.
Já em Salvador, o crescimento no uso de patinetes elétricos trouxe alguns desafios. Entre janeiro e março deste ano, cerca de 500 contas de usuários foram bloqueadas por uso indevido, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob).
As infrações mais comuns incluem o uso em áreas proibidas e a condução sem respeitar as normas de segurança.
Em Paris, o aluguel de patinetes elétricos compartilhados foi proibido em 2023. A medida implementada foi uma resposta ao aumento de acidentes, incluindo casos fatais.
Na Austrália, o Conselho Municipal de Melbourne decidiu proibir o uso de patinetes elétricos compartilhados em 2024. O prefeito Nicholas Reece liderou a iniciativa para cancelar os contratos com empresas do setor, alegando preocupações com segurança e desrespeito às regras de trânsito.
Nos Estados Unidos, cidades como Los Angeles, Miami e Austin implementaram regulamentações específicas para patinetes elétricos. As leis incluem regras detalhadas sobre condução, estacionamento e medidas de segurança, visando minimizar os riscos e organizar o uso desses veículos em meio ao tráfego urbano.
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