Advogado da TUF diz que 78 dos torcedores presos são réus primários
Nessa quarta, 2, 33 torcedores foram soltos após decisão judicial; 49 seguem presos. Eles foram presos durante briga generalizada antes do Clássico-Rei do dia 8 de fevereiro
A defesa da Torcida Organizada do Fortaleza (TUF) informou que dos 82 torcedores presos durante uma briga entre rivais no dia 8 de fevereiro deste ano, 78 são réus primários. A prisão do grupo aconteceu no bairro Canindezinho, na Capital, momentos antes do jogo entre Fortaleza e Ceará.
Na quarta-feira, 2, 33 torcedores foram soltos após decisão judicial e 49 seguem presos. Em entrevista ao O POVO, o advogado da TUF, Filipe Pinto, informou que a maioria nunca chegou a ir à uma delegacia. Eles possuem idade entre 18 a 26 anos.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
O representante da torcida afirma que, no dia, alguns torcedores estavam dentro de um ônibus da TUF a caminho do estádio quando foram abordados por policiais e conduzidos à delegacia.
Ainda segundo o advogado de defesa, há, pelo menos, 30 torcedores que não são integrantes da organizada do Fortaleza e que estavam dentro do ônibus a convite de conhecidos membros da torcida. “Nem com camisa da TUF eles estavam”, disse o advogado.
A defesa da TUF está representando 17 torcedores dos 82 presos, sendo que oito dos 33 torcedores foram soltos na primeira audiência após a prisão.
Filipe ainda afirma que a defesa vai entrar com recursos para os habeas corpus que foram negados. O representante da TUF disse que, conforme os depoimentos dos presos, todos negaram participação em organizações criminosas ou torcida organizada e de que não estavam brigando no dia do jogo.
Ele acredita que as prisões foram feitas de forma “midiática”, diante do recente cenário de brigas entre torcidas no país.
Entre os torcedores que possuem antecedentes criminais, o advogado de defesa afirma que são referentes a crimes de menor potencial ofensivo, como receptação.
Ao todo, conforme o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), 47 pedidos de habeas corpus foram apreciados, sendo que 13 dos acusados permanecem presos “devido à atuação mais ativa nos atos e em razão de antecedentes criminais”.
Os torcedores foram soltos sob conduta de medidas cautelares: o monitoramento eletrônico; proibição de acesso a estádios, arenas e sedes de clubes desportivos e torcidas organizadas; comparecimento quinzenal em Juízo para informar as suas atividades; proibição de manter contato com quaisquer investigados e integrantes de determinadas organizadas; recolhimento domiciliar no período noturno, das 21h às 5h; e a proibição de ausentar-se da Comarca de origem.
A defesa entende as medidas como “razoáveis” e “flexíveis”. O objetivo é que os torcedores possam aguardar o processo em liberdade. A previsão é que, posteriormente, a defesa entre
com recursos para tirar as medidas, principalmente por motivos de trabalho, visto que, segundo Filipe, há registros de torcedores que possuem trabalho fixo de CLT.
Polícia Civil investiga torcidas que atuam como organizações criminosas
A Polícia Civil do Ceará (PC-CE), por meio da Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco), investiga torcida que atua como organização criminosa. As investigações apontam que as condutas das torcidas não são fatos isolados e possuem ações premeditadas.
Dentro dos modus operandi, conforme a PC-CE, os grupos possuem membros responsáveis por divisões de tarefas com foco na criminalidade, principalmente, em dias de jogos.
A defesa da TUF afirma que não há provas de que a torcida tenha atuado com uma organização criminosa, principalmente no dia das prisões dos torcedores.
Filipe explica que, especificamente, a TUF é dividida entre diretores, presidentes e membros. “10 ou 20 fazem parte da direção, direção de marketing, direção de arquibancada, direção de segurança, presidente, vice-presidente, diretor financeiro. A TUF é uma empresa, ela não se organiza para brigar”, afirma o advogado.
Conforme o advogado, em dias de jogos, principalmente os Clássicos-Reis, existe uma organização da torcida, principalmente a logística, para garantir a segurança dos torcedores.
“A TUF manda um ofício para as autoridades [...] Eles se organizam para ir ao estádio, sabendo que pode realmente ter uma confusão se os dois [duas torcidas] se encontrarem e não tiver realmente o policiamento ali perto”, comenta.
O representante crítica que vincular a torcida a uma organização criminosa, que possui características com foco na criminalidade, "extrapola", visto que seria necessário provas suficientes de que cada membro estaria fazendo os atos criminosos no local.
Ele também ressalta que o julgamento foi desta forma diante do cenário das recentes brigas entre torcidas em outros estados, como Sport e Santa Cruz, no dia 1º de fevereiro, dias antes do clássico.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) informou que "não faz comentários sobre manifestações ou declarações feitas fora dos autos processuais". Ainda segundo o órgão, as partes ou interessados podem apresentar, de forma legal, pedidos e argumentos por meio judicial.
O POVO procurou o Ministério Público do Ceará (MPCE) para confirmar o número de torcedores presos que são réus primários e um posicionamento dos órgãos diante das afirmações da defesa da TUF. A matéria será atualizada quando o órgão responder.
Atualizada nesta sexta-feira, 4, às 8h49min
Na sexta-feira (04), das 9h às 13h, haverá audiência pública para manifestações que possam contribuir com o melhor funcionamento do sistema carcerário. O encontro será no auditório desembargador José Maria de Queirós, na Escola Superior da Magistratura do Ceará (Esmec), em Fortaleza.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente