Dia Mundial de Conscientização do Autismo: conheça demandas e serviços públicos de Fortaleza
Comemorada todo 2 de abril, a data visa reduzir preconceito das pessoas com Transtorno de Espectro Autista (TEA) e difundir informações sobre a condição
“Informação gera empatia, empatia gera respeito!” é o tema da campanha nacional de 2025 para o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado nesta quarta-feira, 2. A comemoração foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007.
A data busca difundir informações sobre essa condição do neurodesenvolvimento humano e reduzir o preconceito das pessoas no Transtorno de Espectro Autista (TEA).
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O autismo pode afetar o comportamento social, a comunicação e a linguagem das pessoas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “o nível de funcionamento intelectual em indivíduos com TEA é extremamente variável, estendendo-se de comprometimento profundo até níveis superiores”.
A fundadora e presidente da Associação Pintando SeTEAzul, que oferece serviços às pessoas com TEA, Kellyane Chaves, 45, comenta que a data é relevante para atrair a atenção das pessoas. Mas reforça: “abril é justamente para isso, é um grito que não é só no mês, nós (as mães) lutamos os 365 dias do ano”.
“A conscientização é para para chamar a atenção, de que precisamos de empatia e respeito na nossa individualidade, que os nossos filhos são muito mais que o diagnóstico. E que não os limitem por causa do diagnóstico”, diz Kellyane, mãe de Gabriel Chaves, que tem 16 anos e é uma pessoa autista.
“Para ter políticas públicas, é preciso conhecer o público”
Cerca de duas milhões de pessoas são autistas no Brasil, de acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022.
No panorama internacional, a OMS estima que existam 70 milhões de pessoas no Transtorno de Espectro Autista (TEA) no mundo.
De acordo com a fundadora da Associação Pintando SeTEAzul, ambos os dados, do IBGE e da OMS, estariam desatualizados.
“Para ter políticas públicas, é preciso conhecer o público. Se eu não conheço, se eu não tenho a quantidade, se eu não sei onde eles estão e o que eles necessitam, eu não tenho como ajudar”, opina Kelane.
Kellyane Chaves reitera que a atenção e políticas públicas para a inclusão das pessoas autistas devem ir além do mês de abril.
“É muito lindo agora em abril todo mundo falar, pegar carona, tirar uma foto, fazer uma hashtag, mas isso não é inclusão. As pessoas estão achando que pintar uma parede com quebra-cabeça, fazer um painel sensorial, ou botar um laço e de botar uma hashtag inclusão nas redes sociais é inclusão. Não é inclusão”, diz Kellyane.
Kellyane Chaves também reclama da dificuldade no acesso ao tratamento psicológico contínuo por meio do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), da falta de medicamentos e que “as escolas não têm as pessoas para ajudar os mediadores escolares”.
“As escolas ainda nos negam matrícula em pleno 2025. E sem falar na segurança. Se nossos filhos forem parar numa blitz ou por policiais e eles não responderem, só Deus sabe o que é que nossos filhos vão sofrer, porque não sabem se identificar”, relata.
De que forma os direitos das pessoas autistas são garantidos pela Prefeitura de Fortaleza?
O coordenador especial da pessoa com deficiência da Prefeitura de Fortaleza, Celso Farias, que é uma pessoa com deficiência auditiva, considera que Fortaleza tem avançado muito na gestão política para pessoas com deficiência e para as pessoas no espectro autista.
Celso Farias reitera que os direitos das pessoas autistas são amparados por lei e por iniciativas de políticas públicas.
Ele cita o cartão de gratuidade para as pessoas com deficiência que auxiliam na locomoção nos transportes públicos de Fortaleza e as credenciais de estacionamento oferecidas pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC).
"Além dos diversos projetos voltados para a Educação. A Prefeitura se preocupa em promover a inclusão de pessoas autistas no ambiente educacional com a presença do AEE, que é o atendimento educacional especializado nas escolas", diz o coordenador.
O coordenador também menciona o Núcleo de Atenção à Criança e Adolescente com Transtorno do Espectro Autista (Nutea), que oferece terapia de estimulação sensorial e de aprendizado.
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Prefeitura de Fortaleza, o Nutea realizou 1065 atendimentos no período de janeiro a março deste ano. Acerca dos atendimentos efetuados no ano passado, a SMS informou que houve 1957 acolhimentos entre os meses de agosto e dezembro.
“A nova gestão procura incentivar cada vez mais a inclusão de pessoas com deficiência em diversos lugares, promovendo a acessibilidade de fato para construir uma Fortaleza mais igualitária e de todos”, afirma Celso.
Por nota, a Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), destacou as políticas públicas destinadas ao público autista.
Núcleo de Atenção à Criança e Adolescente com Transtorno do Espectro Autista (Nutea)
Serviço público destinado a crianças e adolescentes menores de 18 anos de idade, com oferta de terapias de estimulação sensorial e de aprendizado.
Funcionamento: 8h às 17h. Rua Professor Juraci , 1, Edson Queiroz
Atendimento Educacional Especializado (AEE)
O serviço tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade para garantir a plena participação dos alunos, respeitando as necessidades específicas de cada um.
Mobilidade - Cartão gratuidade
O agendamento para inscrições podem ser feito para os postos RioMar Kennedy, Terminal Aberto Washington Soares, Terminal Parangaba, por meio do site na Etufor, e agendamento nos Vapt-Vupt, no site dos Vapt Vupt.
O cartão da gratuidade tem validade de um ano.
Credenciais de Estacionamento
Idosos e pessoas com deficiência têm o direito de estacionar nas vagas especiais de estacionamento. Para usufruir desse direito, é necessário obter a credencial, documento impessoal e intransferível, que deve ser afixado no veículo ao estacionar.
Os interessados ou seus respectivos representantes devem se dirigir às centrais de atendimentos da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), mediante agendamento, para solicitar e receber o documento. Esse processo também pode ser realizado pelo site da AMC ou pelo aplicativo AMC Trânsito.