Cão resgatado com 3kg de pelos e dejetos é adotado após tratamento

Cão resgatado com 3kg de pelos e dejetos é adotado após tratamento

Scooby deve continuar com tratamento por tempo indeterminado; animal foi resgatado com sinais de desnutrição, dores e infecções

Scooby, um cão mestiço de vira-lata com poodle de 14 anos, foi adotado neste domingo, 30, três dias após ser resgatado vítima de maus-tratos. O animal foi encontrado encoberto com pelo menos 3kg de pelos e dejetos, na última quinta-feira, 27, na Praia de Iracema, em Fortaleza.

O final feliz do cachorrinho foi divulgado nas redes sociais da ONG Anjos da Proteção Animal (APA), localizada em Caucaia, para onde o animal tinha sido encaminhado após o resgate.

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Em entrevista ao O POVO, Stefani Rodrigues, ativista da causa animal e uma das fundadoras da APA, revela que resolveu adotar Scooby após a convivência diária. Durante as consultas, ela conta que se desenvolveu um vínculo de alma entre os dois, que não deve ser perdido.

O cachorro permanecerá em tratamento na clínica veterinária por tempo indeterminado, mesmo após a adoção. O motivo da permanência seria uma alteração registrada no hemograma do animal.

Scooby deve passar ainda por outros exames, como ultrassonografia e ecocardiograma. O resultado do exame de PCR, comumente utilizado para detectar infecções, deve ficar pronto em até dez dias.

“O que mais está preocupando os veterinários, é por conta de que no hemograma deu alteraçãozinha e ele quer saber se tem alguma coisa hepática, no fígado, só para poder descartar (...) Ele já fez todos os exames laboratoriais, agora faltam os de imagem”, explica a ativista.

Apesar de já estar recebendo medicações para tratar as dores e infecções, Stefani conta que o cão ainda deve passar ainda por uma avaliação com o oftalmologista. O motivo seria determinar a presença de catarata, além de uma possível infecção ocular, que poderia ter sido causada pelo excesso de pelos no rosto.

“Em relação a isso, ele já está bem melhor. Só que, como ele já está de idade, ele anda e cai ainda. Ele ainda está sem forças, mas desses uns três dias para cá, ele já aumentou 200g, é uma felicidade para a gente”, confessa.

Scooby deve também passar por uma consulta com o oncologista, que deve avaliar os nódulos de sangue presentes no corpo do animal, resultados da exposição ao calor intenso.

Nova tutora diz que teve “ligação de almas” com Scooby e promete devolver dignidade a ele

“A gente quer cuidar dele da forma mais digna que foi roubada dele. Foram 14 anos furtados dele, roubados dele (...) A gente quer mostrar para ele que também têm seres humanos bons, que estão dispostos a amá-lo e a cuidá-lo”, garante Stefani ao falar sobre a decisão de adotar o cachorro.

Após as consultas, a nova tutora explica que o animal vai precisar receber cuidados especiais, já que as sequelas deixadas ao longo dos anos resultaram em danos severos, entre eles, a dificuldade de mastigação.

O caso também resultou em traumas para a própria nova tutora. Ela revela o medo que adquiriu após o resgate do animal, confessando o receio de que outras pessoas pudessem replicar os maus-tratos a ele, ou não saberem cuidar adequadamente de Scooby.

“Eu vou ficar com ele. Ele vai ficar na minha casa. Eu vou cuidar dele até o fim. Eu não tenho coragem mais de entregar ele para ninguém. Adquiri um pânico de insegurança de entregar para terceiros e não saberem cuidar dele da forma que eu sei”.

Ela explica ainda que a ligação com o animal foi inevitável, impulsando ainda mais a certeza pela adoção. “Ele tem a mim quando eu chego lá. Ele quer ficar perto de mim, quer ficar no meu colo. Não quer ficar perto de ninguém, quer ficar no meu colo. Então, esse encontro de almas que já existe, essa ligação, eu não vou querer perder isso, eu não vou querer tirar isso dele. Pelo contrário, eu quero devolver pra ele o que foi tirado: a dignidade ele”, ressalta.

Empolgada, a nova tutora aguarda ansiosa para descobrir todo o amor que diz saber que Scooby tem a oferecer para ela, sua família e amigos. “Eu quero que ele sinta que existem humanos bons”.

Além de Scooby, Stefani explica que a ONG Anjos da Proteção Animal (APA) segue arrecadando doações para ajudar a cobrir os custos do tratamento veterinário de Scooby, bem como alimentação e tratamento médico para outros 600 animais acolhidos pela instituição.

Antiga tutora foi presa em flagrante por maus-tratos e liberada após audiência

O resgate de Scooby foi feito após os policiais receberem uma denúncia anônima informando que uma mulher mantinha um cão em situação de maus-tratos. No local, agentes realizaram uma busca e encontraram o animal coberto de pelos e sujeira.

O cão era mantido em um ambiente apertado, sem acesso a água ou comida. Durante o resgate, foi constatado ainda que ele estava com sinais de desnutrição, pelo menos 3kg abaixo do peso considerado ideal. Ele também apresentava feridas na pele, unhas excessivamente longas e o pelo endurecido pela sujeira.

Depois de passar por avaliação veterinária, a ONG informou que o animal foi diagnosticado com anemia, miíase (infestação por larvas), carrapatos, e nódulos de sangue na pele. Stefani Rodrigues relembra que o caso pode voltar à Justiça, uma vez que a situação pode ter colocado em risco a saúde pública na região, por conta de possíveis zoonoses.

Na delegacia, a mulher, de 47 anos, informou que não realizava os cuidados básicos com o cachorro, como dar banho e tosa, há cerca de um ano e meio. A justificativa apresentada por ela é de que o animal seria muito agressivo.

A justificativa foi negada por Stefani Rodrigues, que descartou a narrativa do animal ser agressivo. “Ele não é um cachorro bravo, ele é um cachorro carinhoso (...) Ela ficou dizendo para a polícia que ele era um cachorro muito agressivo, ele não é. Todo mundo pegou ele. Nós temos vídeos, nós temos fotos, nós temos testemunhas para poder provar judicialmente sobre este fato”, explica.

A antiga tutora foi presa em flagrante, ainda na quinta-feira, 27, mas foi liberada na sexta-feira, 28, após audiência de custódia. A prisão foi convertida em medidas cautelares, incluindo a proibição do contato com o animal, além de comparecimento mensal na sede da Casa da Ressocialização da Secretaria da Administração Penitenciária do Estado do Ceará (SAP) para informar e justificar suas atividades e orientação psicossocial preventiva.

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