Projeto leva estudantes para visitar monumentos da luta negra de Fortaleza

Projeto leva estudantes para visitar monumentos da luta negra de Fortaleza

Iniciativa busca fomentar a memória do movimento negro na Cidade; percurso inclui locais históricos como a Igreja do Rosário dos Pretos e o Passeio Público

Anualmente, a data de 21 de março é reservada ao Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial, que visa relembrar batalhas e conquistas do movimento negro ao longo dos séculos. Em Fortaleza, o marco foi celebrado com o início do projeto Rotas Negras, que leva estudantes do ensino fundamental para conhecer monumentos e logradouros que homenageiam heróis negros que compõem a história da cidade.

Idealizado pela Coordenadoria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Coppir Fortaleza), vinculada à Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), o projeto levou 50 estudantes da escola municipal Professora Maria José Macário Coelho participaram da visita e puderam conhecer mais sobre importantes prédios e logradouros da cidade.

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O coletivo Fortaleza Negra e a Secretaria Municipal da Educação (SME) são parceiros do projeto.

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Entre eles estiveram:

A oportunidade foi não só de conhecer os locais, mas também aprender a importância desses espaços e dessas pessoas negras para a história de Fortaleza. Quem viveu a experiência, conta que agora vê a cidade com olhos mais atentos e que buscam o significado que cada coisa tem.

“Em qualquer dia normal eu passaria por aqui e nem faria ideia de que a história da igreja, desse passeio público é tão diferente. Muito mais do que só uma imagem que você vê. É muito importante saber disso”, relata Ana Paula, 14, estudante do 9° ano.

Professora de história da Maria José Macário, Adaíza Gomes, destaca o projeto como uma oportunidade de trazer jovens de bairros mais afastados, como o Passaré, para conhecer o centro da Cidade e o legado que ele carrega.

Com boa parte dos alunos composta por crianças pretas e pardas, ela vê na iniciativa uma forma de conscientizá-los de que seu povo está nas raízes da Capital, e que eles fazem parte de muito do que foi aqui construído.

“Acredito que vai ser uma experiência para eles inesquecível. Conhecer essa parte da cidade, perceber como eles pertencem também a essa história… porque a maioria dos nossos alunos são pretos e pardos. Então é interessante preservar essa memória, e também importante por essa questão do próprio reconhecimento. Eles se sentirem pertencentes à história da cidade onde eles moram”, pontua a docente.

Projeto busca fomentar a memória da luta negra nas novas gerações

Além de ouvir as histórias que esses lugares carregam, o percurso foi também para questioná-los. Saber o porquê da igreja do Rosário ter apenas uma torre Número de torres era utilizado para diferenciar igrejas de brancos e pretos no século XVIII  e a semiótica do quadro “Abolição dos Escravos”, de autoria do cearense Raimundo Cela e atualmente exposto na Academia Cearense de Letras, que mostra escravos agradecendo à Princesa Isabel pela suposta libertação com a assinatura da Lei Áurea.

O foco principal do projeto são estudantes do Ensino Fundamental, já que este é um dos principais momentos de formação de crianças e adolescentes. Com o ensino de quem foram as pessoas que construíram a cidade e quem lutou pela liberdade dos povos, visa fortalecer os ideais de democracia e respeito nos futuros jovens e adultos.

“A história desses povos que foram silenciados ao longo do tempo é fundamental para a gente poder trabalhar dentro da sala de aula. É na sala de aula que a gente constrói o letramento racial, é na sala de aula que a gente constrói uma cultura diversa, uma cultura de democracia… E essa cultura de democracia tem que ter a história de povos negros, povos indígenas, comunidades tradicionais…”, explica o titular da Coppir Fortaleza, Isaac Santos.

O Rotas também conta com a colaboração de professores do movimento Fortaleza Negra, que auxiliam na explanação sobre os locais visitados. Para o coordenador do coletivo, Douglas Souza, o projeto é uma forma de incentivar os jovens negros a reconhecerem e se orgulharem de suas origens.

“É muito bonito quando a gente vê a galera assumindo o seu cabelo cacheado, suas tranças… já é uma ressignificação. Acho que com educação pública e esse debate dentro das escolas a gente consegue transformar isso”, comenta.

Essa foi a primeira edição de um projeto que deve ocorrer mais vezes em Fortaleza. Segundo o titular da Coppir, o Rotas Negras deverá acontecer mensalmente, de início com escolas convidadas do Estado e Município.

As instituições que tiverem interesse em participar podem contatar o Rotas através do perfil do Fortaleza Negra no Instagram, ou diretamente com a Coppir.

Contatos do Rotas Negras

Instagram: @fortaleza_negra
Telefone da Coppir: (85) 2028-0480
E-mail da Coppir: coppir.sdhds@sdhds.fortaleza.ce.gov.br

Atualizada às 20h30min

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Direitos Humanos

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