Roda de conversa debate sobre emergências climáticas e Amazônia Equatoriana
A ideia da roda de conversa surgiu após a estadia do casal Lara Braga e Daniel Arruda no Equador e o contato com culturas originárias, conflitos territoriais e métodos para a superação de problemas ambientais e de saúde pública
Os desafios e soluções para a preservação cultural e natural da Amazônia Equatoriana em meio às emergências climáticas é a pauta que será discutida em uma roda de conversa realizada pelo professor de línguas e tradutor Daniel Arruda e a pesquisadora do programa de pós-graduação em Geografia Universidade Federal do Ceará (UFC), Lara Braga.
O evento acontecerá nesta quinta-feira, 13, no restaurante Babel Arte e Gastronomia, no bairro Praia de Iracema, em Fortaleza, a partir das 19 horas.
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De acordo com Daniel Arruda, a ideia da roda de conversa surgiu após ele e sua esposa, Lara Braga, passarem um período no Equador. “Entramos em contato com culturas originárias, conflitos territoriais e métodos para a superação de problemas ambientais e de saúde pública”, explica.
Ao retornar ao Brasil, Daniel conta que perceberam a necessidade de compartilhar a experiência com mais pessoas: “Existem informações relevantes e urgentes, que dizem respeito a todos", conta.
Conforme o professor, fatos importantes serão apresentados e discutidos, pois seus efeitos “se estendem por toda a Amazônia, cujo bioma não conhece fronteiras nacionais”.
Principais desafios para a preservação da Amazônia
Daniel destaca que o modelo de exploração e espoliação de recursos naturais segue gerando impactos devastadores. “Conhecemos a região do Equador mais afetada pela indústria petroleira — como províncias de Sucumbíos e Orellana —, que se intensificou desde a década de 1970 e continua se expandindo”.
A contaminação da água, atmosfera e solo, gera a destruição e adoecimento em comunidades inteiras, que têm um alto índice de câncer.
“A mineração — principalmente a extração de ouro — em larga escala promove a poluição de rios, tornando a água imprópria para o consumo. Como se não bastasse, toda essa estrutura dilacera o tecido social de comunidades tradicionais, aumentando os índices de criminalidade e favorecendo a aculturação com a perda de modos de vida tradicionais, extinção de línguas originárias e a diminuição da biodiversidade”, explica Daniel.
O professor destaca que é preciso tratar a natureza como “sujeito de direito” e não apenas um recurso a ser explorado.
"Às vésperas da COP 30 em Belém, o Brasil precisa mostrar ao mundo que pode representar essa transformação profunda, evitando, por exemplo, a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Nos afluentes do mesmo rio, que se encontram no Equador, já vimos o estrago que esta mesma indústria causa continuamente, muitos deles, praticamente irreversíveis", lamenta.
Para a pesquisadora Lara Braga, no período que o casal esteve no Equador, foi perceptível a ineficiência das políticas públicas de saúde e ambientais que propiciam a preservação dos povos originários e da floresta.
“Os processos de vulnerabilização socioambiental advindos deste modelo econômico desenvolvimentista, baseados na espoliação da natureza, transformam os territórios em “zonas de sacrifício”. Não há como falar de preservação ambiental sem falarmos da saúde de populações que ali habitam”, explicou ao O POVO.
A pesquisadora espera obter com a roda de conversa um espaço horizontal e dialógico com estrutura para contribuir com as questões ambientais, tanto local quanto globalmente.
“No Ceará, já somos referência na luta contra a pulverização aérea, agora estamos em uma importante frente de luta contra a mineração de urânio em Santa Quitéria. Que esta roda possibilite tais convergências e resistências a projetos extrativistas”, finaliza.
Serviço
Roda de conversa | Amazônia Equatoriana: belezas e desafios em meio às emergências climáticas
Quando: 13/3, a partir das 19 horas
Onde: Restaurante Babel Arte e Gastronomia (rua dos Tabajaras, 629, Praia de Iracema -Fortaleza)
Gratuito
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