Para evitar inundações, moradores revezam abertura manual de bueiro há 14 anos
Moradores do Condomínio Vila de Iracema fazem plantão diário para abrir manualmente o bueiro, que se fecha todas as vezes que a maré sobe, a cada seis horas
Em época de chuva, Fortaleza sempre lida com bairros e ruas que sofrem com os alagamentos. Em denúncia feita ao O POVO, os moradores do Condomínio Vila de Iracema (rua dos Tabajaras, número 138, na Praia de Iracema) relataram que há anos enfrentam um problema grave de inundações recorrentes.
Segundo a síndica do condomínio, Rosa Keller, alagamentos já ocorriam no trecho com a rua Almirante Tamandaré, exatamente na esquina em que prédio está, mas que a situação se agravou a partir de 2010, após uma reforma no calçadão realizada pela então prefeita na época, Luizianne Lins.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
A obra teria aterrado uma área da praia em que está localizado um bueiro, impedindo o escoamento adequado da água. Os prejuízos são diversos, como veículos boiando nas inundações e curtos-circuitos que queimam bombas d'água, além da necessidade constante de obras no subsolo para tentar minimizar os danos.
Os moradores afirmam que a comunidade se reveza mantendo um plantão diário para abrir manualmente o bueiro, que se fecha todas as vezes que a maré sobe, a cada seis horas. "Isso é atribuição da prefeitura. Pagamos tantos impostos e não recebemos nenhuma solução", desabafam.
“É cruel quando inunda aqui com maré alta. Porque a onda joga areia e a gente puxa, tendo que ir umas três a quatro pessoas (juntas), porque uma (pessoa) só não dá conta. Nessa noite eu passei mal, sabe? Porque as pessoas que foram lá (abrir o bueiro) não estavam dando conta. Eu fiquei com muito medo, e me deu um nervoso tão grande que eu passei mal aqui no prédio”, diz a síndica.

Na comunidade do Poço da Draga, a situação também é crítica. Os condôminos confidenciam que a comunidade próxima vive sem água potável e sem rede de esgoto, além de terem suas casas invadidas por águas contaminadas durante o inverno, ocasionando até na perda de móveis.
Apesar das diversas reclamações, os moradores afirmam que a prefeitura é omissa. Segundo eles, foram enviados diversos ofícios para a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) ao longo dos anos, além de pedidos diretos a autoridades, como o atual prefeito Evandro Leitão, que visitou a região acompanhado da Defesa Civil. No entanto, até agora, nenhuma providência foi tomada.
Rosa Keller diz que o problema chegou a ter uma solução autorizada durante a gestão do ex-prefeito José Sarto, pela qual uma obra de reforma do calçadão incluía serviços para resolver a questão das inundações.
No entanto, a intervenção foi suspensa na atual gestão. "O engenheiro da obra nos disse que o atual prefeito decidiu não fazer", informa a síndica.
Questionada se houve alguma solução proposta ou executada pelas gestões passadas, Keller desabafou que chegou a “aproveitar” os eventos do “Pão e Circo” para falar pessoalmente com Ferrúcio Feitosa, mas que recebeu "apenas um sorriso e nada mais".
Contatada pela reportagem, a Seinf informou, por meio de nota, que enviará uma equipe técnica ao local. Também ressaltou que a pasta está desenvolvendo um projeto técnico de engenharia para resolver definitivamente os problemas de alagamentos causados por ocupações irregulares, cujas fundações interceptam e obstruem a calha principal do Riacho Pajeú.
O POVO também contatou a Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) e a Regional 12, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno. Assim que recebermos novas informações, a matéria será atualizada.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente