Barragem do Cocó, em Fortaleza, atinge maior nível desde março de 2024

Vereador Gabriel Aguiar (Psol) alertou a importância de monitorar a segurança de comunidades do entorno. Hoje, a barragem comporta 3,9 milhões de m³

18:02 | Mar. 01, 2025

Por: Mateus Brisa
Barragem do rio Cocó, com visão do bairro Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, em 29 de janeiro de 2023 (foto: AURÉLIO ALVES)

A barragem do Rio Cocó, em Fortaleza, atingiu 76,54% de sua capacidade, segundo o Portal Hidrológico da Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRH), atualizado neste sábado, 1º de março.

Atualmente, a barragem comporta 3,9 milhões de metros cúbicos (m³). O nível registrado neste sábado de Carnaval é o maior desde 18 de março de 2024, quando o reservatório alcançou 69,4% de sua capacidade de 3,54 hm³.

O vereador Gabriel Aguiar (Psol) chamou atenção para o nível atual, em publicação no Instagram. Ele alertou para a importância da segurança de comunidades próximas, como o Conjunto Palmeiras e o Jangurussu.

“Sabemos que chuvas fortes ainda virão e a cidade precisa estar preparada para o que pode acontecer”, escreveu o parlamentar em seu perfil. “Os órgãos de gestão da barragem e amparo as famílias precisam estar alinhados e com um plano de execução rápido e bem organizado”, defende.

Conforme prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o trimestre de março a maio tem 25% de chance de chuvas acima do normal climatológico.

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Em sua publicação, Gabriel Aguiar sinalizou que restariam 66 centímetros (cm) para a barragem sangrar. Às 16 horas deste sábado, o número era menor: 59 cm, segundo nota da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), que gerencia a barragem do Cocó desde a fundação, em 2017.

O órgão acrescentou que o nível do reservatório é monitorado três vezes por dia durante a quadra chuvosa: às 7 horas, 11 horas e 16 horas.

Os dados são compartilhados em tempo real com lideranças comunitárias da região e órgãos como a Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), a Secretaria das Cidades e as Defesas Civis Estadual e Municipal.

A Cogerh também ressaltou que “atua exclusivamente na manutenção, operação e monitoramento do reservatório, não sendo responsável pelo monitoramento ou atuação em ocorrências de enchentes”.

“Sob a ótica da Segurança de Barragens, a Cogerh realiza rotinas de inspeção no açude, que não apresenta nenhuma anomalia que comprometa sua estrutura”, concluiu a nota da Companhia.

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A Defesa Civil de Fortaleza informa trabalhar com "o monitoramento constante do rio Cocó através do videomonitoramento e de visitas presenciais periódicas, buscando verificar algum indicador de estrangulamento de vazão".

Em nota, o órgão detalha que "o acompanhamento envolve a varredura dos riscos locais, controle do perímetro de ocupação e mapeamento de suscetibilidade". "O objetivo é identificar a necessidade de serviços imediatos e preventivos para o acionamento das secretarias pertinentes para atividades diversas."

O nível da barragem do Cocó é acompanhado diariamente em parceria entre a Defesa Civil de Fortaleza e a Cogerh, avaliando o comportamento da rede hidrográfica no sentido do fluxo das águas na barragem.

Barragem opera com três comportas abertas

A barragem do Cocó serve, de acordo com a Cogerh, para amortecer cheias provenientes do escoamento dos rios Cocó e Timbó e de seus afluentes. Desde dezembro de 2024, as três comportas da barragem estão abertas, mantendo-na em seu volume de espera — o menor nível de água possível.

“Caso o volume de água recebido pelo reservatório ultrapasse sua capacidade de retenção, a barragem atingirá a cota do seu sangradouro, que é do tipo sem estrutura de controle, permitindo que a vazão para o rio ocorra sem possibilidade de intervenção operacional”, explicou a Cogerh.

Barragem sangrou em 2019 e complicou vida de cidadãos

No fim de fevereiro de 2019, durante precipitações chuvosas em ao menos 122 municípios cearenses, a barragem do Cocó não foi suficiente para evitar alagamentos no bairro Conjunto Palmeiras.

Moradores ficaram desabrigados e perderam diversos itens pessoais, como móveis, e até animais de estimação.

Então diretor de operações da Cogerh, Bruno Rebouças afirmou à época dos alagamentos que a barragem não pode conter 100% da água.

“A barragem faz um trabalho de contenção de cheia, mas também tem um limite. A água passa pelo sangrador, amortece parte da água, mas não tem capacidade de conter 100%. O que é certo é que se não tivesse a barragem, a inundação teria sido maior ainda”, afirmou ele.

*Atualizada às 8h36min de 2 de março de 2025