Paciente morre em casa de repouso 7 dias após operação que interditou estabelecimento em Fortaleza

Paciente morre em casa de repouso 7 dias após operação que interditou estabelecimento em Fortaleza

Após a interdição, os idosos não foram realocados e a casa segue com mais de 50 pessoas em tratamento psiquiátrico e apenas três cuidadores

Um paciente psiquiátrico de 61 anos de idade assistido por uma casa de repouso localizada no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza, morreu nesta segunda-feira, 24.

O caso é registrado sete dias após uma operação que resultou na interdição do estabelecimento e na prisão da proprietária de 58 anos de idade. A Polícia Civil investiga o caso. Depois da operação os pacientes seguem, desassistidos, no lugar, que está em situação de insalubridade. 

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De acordo com o promotor de Justiça Alexandre Alcântara, a Justiça deu o prazo de 30 dias para que os órgãos municipais e estaduais retirem os idosos do estabelecimento e os encaminhem para familiares ou outros estabelecimentos. Após esse prazo a casa de repouso será fechada.

Após a prisão da proprietária, o lugar ficou sob a responsabilidade do filho dela, o motorista da casa. Em entrevista ao O POVO, o motorista informou que não possui qualquer habilidade de gestão da casa ou de admininstração remédios e cuidados com as pessoas.

Segundo o homem, ele era responsável por levar os pacientes para os Centros de Apoio Psicosocial (Caps), para consultas e demais atendimentos médicos. Como houve a apreensão dos cartões de benefícios, a casa ficou sem ter como pagar os técnicos e enfermeiros, que deixaram o local.

Uma das funcionárias afirma que está trabalhando sem receber pagamento e que tem sido difícil cuidar das pessoas, mas que não pode abandoná-las. Ela reclama que, no dia da operação, houve uma força-tarefa, mas que no instante que a proprietária foi presa, as pessoas foram embora e deixaram o lar sem assistência e sem condições de arcar com alimentação dos pacientes. 

Atualmente são três pessoas, que estão trabalhando como voluntários, para cuidar de mais de 50 pacientes psiquiátricos, que faziam tratamento medicamentoso para esquizofrenia e alzheimer. Os remédios foram apreendidos na operação e os pacientes tiveram as medicações suspensas de forma repentina.

Conforme uma das três funcionárias, a situação causou crises e deixou a situação mais complicada na casa de repouso. 

No dia da operação a proprietária da casa havia sido autuada por tráfico de drogas por mininstrar remédios com receitas vencidas. 

Uma mãe, de nome preservado, tem o filho de 21 anos de idade sob os cuidados da casa há pelo menos quatro anos. Ela afirma que precisa trabalhar e que deixa o rapaz no estabelecimento, mas que faz visitas diárias e nunca constatou maus tratos ou qualquer situação degradante, no entanto, após a prisão da proprietária, o espaço ficou sem alimentação, sem medicação e não há pessoas suficientes para atender a demanda. 

A família do paciente que morreu no estabelecimento esteve na casa acompanhamento a chegada da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), além da Polícia Militar também estiveram no local. O caso será investigado pela Polícia Civil. 

Paciente morre após casa de repouso ser interditada: entenda o caso 

A proprietária do estabelecimento foi presa no dia 17 de fevereiro. O lugar havia sido interditado após uma vistoria do Ministério Público por irregularidades para o acolhimento do público. A interdição apontou que o local não poderia receber novos internos sob multa.

Francisca Maria Barros, de 58 anos, foi autuada e colocada à disposição da Justiça. No local estiveram representantes do MPCE e das Comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará e da Câmara Municipal de Vereadores de Fortaleza.

Os funcionários que estão no local afirmam ao O POVO, que após a operação não houve apoio e que estão sozinhos com os pacientes psiquiátricos e que necessitam de alimentos e de uma força-tarefa para cuidar das pessoas. 

O local era de propriedade do companheiro de dona Francisca, que faleceu há aproximadamente seis meses. Após a morte, ela ficou sozinha como gestora, sem ter acesso a contas bancárias do companheiro. Os funcionários afirmaram que "a gestão caiu sobre ela" após a morte do companheiro.  

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