Mau uso prejudica funcionamento dos banheiros públicos de Fortaleza
Equipamentos apresentam portas, torneiras, mictórios e demais objetos quebrados; Prefeitura alega que furtos e atos de vandalismo dificultam manutenção dos espaços
Pensados para atender necessidades fisiológicas em momentos de lazer, os banheiros públicos de Fortaleza surgiram como um meio de fornecer mais comodidade à população em espaços compartilhados na cidade. Entretanto, o que se tem visto nos locais são condições de uso aquém das ideais, como portas quebradas e torneiras sem funcionamento.
O POVO visitou os dois complexos de banheiros em atividade na cidade, localizados na Praia de Iracema e na primeira etapa do Parque Rachel de Queiroz. Em ambos os locais foi possível observar empecilhos para o pleno uso dos equipamentos, seja nas estruturas ou no próprio acesso aos toaletes.
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Na Praia de Iracema, por exemplo, local que concentra três complexos de banheiros com dez cabines cada, o problema é facilmente percebido logo na entrada, com mictórios cobertos por sacos plásticos para evitar o uso. Quem precisa utilizar o sanitário dispõe de zero privacidade, visto que em algumas cabines, metade da porta já se foi, deixando descobertos o vaso e o usuário.
Além de equipamentos quebrados, o sumiço de itens essenciais como papel higiênico, papel toalha e sabão é recorrente. De acordo com membros das equipes de manutenção dos banheiros, os objetos são subtraídos pelos usuários em um ritmo muito superior ao de reposição.
“A gente enche a garrafa de sabão aí o pessoal vem e leva. Toda hora a gente enche e quando vira as costas está seco”, comenta uma funcionária que terá a identidade preservada, e também ressalta falta de zelo com os equipamentos.
“São eles mesmos [usuários] que quebram, porque entram e fecham a porta de uma vez. Até essa porta aqui de fora, do banheiro para cadeirantes, que é de ferro, está quebrada”, acrescenta.
Procurada, a Secretaria Municipal da Gestão Regional (Seger) afirmou que realiza manutenções constantes nos banheiros, mas reforçou que os mesmos são frequentemente danificados e alvo de atos de vandalismo. De acordo com a pasta, só o complexo da Praia de Iracema passou por sete intervenções ao longo de 2024, que não foram suficientes para manter os equipamentos em condições adequadas.
O dano ao patrimônio público, como visto nos banheiros públicos, é descrito como infração grave no código da cidade e o responsável pelo ato pode ser penalizado com pagamento de multa, reparação ou reposição do objeto quebrado.
Eventuais flagrantes desses danos ao patrimônio podem ser reportados diretamente a agentes de segurança, como policiais ou guardas municipais presentes na região. As denúncias também podem ser feitas através do telefone 190.
Banheiros da Beira-Mar poderão ter câmeras de vigilância externa
Devido a alta frequência de atos de vandalismo, a Prefeitura estuda a instalação de câmeras de vigilância externa nos banheiros de toda a avenida Beira-Mar. A proposta foi informada pela Seger ao O POVO, e visa identificar os responsáveis pelos danos aos equipamentos.
Em nota, a pasta informou que enviará um ofício para a Secretaria Municipal de Segurança Cidadã (Sesec), solicitando a instalação das câmeras. A medida deverá passar por aprovação do órgão de segurança e ainda não tem data de execução.
Enquanto as câmeras não chegam, as manutenções aparecem como solução imediata, mas temporária, para os problemas nos banheiros. Já este ano, os complexos dispostos por toda a avenida Beira-Mar tiveram nova intervenção iniciada na última semana de janeiro.
Os serviços seguem até esta quinta-feira, 6, e contemplam esgotamento sanitário, desentupimento de vasos, mictórios e pias, troca de torneiras, lâmpadas, assentos sanitários, saboneteiras, recuperação de chuveiros externos, entre outros reparos.
Dicas para o bom uso e higiene dos banheiros públicos
Para o titular da Secretaria Regional II, George Lima (Solidariedade), é necessário que além das intervenções da Prefeitura os espaços também contem com o cuidado dos usuários para uma melhor condição de uso.
“O trabalho de manutenção desses equipamentos permite que os banheiros estejam sempre aptos a atender quem frequenta a região. No entanto, muitos itens repostos, como sifões, assentos e lâmpadas, são constantemente furtados e danificados, o que compromete a conservação do espaço. Então tem que haver uma conscientização dos usuários de que aquele bem é da população e que atende a centenas de pessoas”, afirma o secretário, em nota.
Conforme publicado pelo O POVO no último dezembro, os toaletes estavam há três meses sem trabalhos de recuperação. Ainda em nota, a Seger afirmou que manutenção desse tipo serão realizados a cada dois meses, sendo intensificados em períodos de maior movimentação, como carnaval, férias e réveillon, ou em caso de demandas específicas.
Banheiros do Parque Rachel de Queiroz são inacessíveis pela manhã
Além da região da Beira-Mar, os parques Rachel de Queiroz, no Presidente Kennedy, e o da Lagoa do Opaia, no bairro Aeroporto, completam as áreas de lazer da Capital que dispõem de banheiros públicos para os usuários. No entanto, o primeiro fornece o serviço apenas nos período da tarde e noite, já que no turno da manhã, os toaletes permanecem trancados.
O POVO esteve no Parque Rachel de Queiroz durante a última terça-feira, 4, para averiguar a atual situação do equipamento, entretanto, foi surpreendido por trancas e cadeados nas portas. Conforme transeuntes no Parque, esse é o cenário de todos os dias, já que os funcionários da empresa terceirizada responsáveis pela manutenção só chegam depois do meio-dia.
“A própria população fez na época [da inauguração] manifestações junto a Regional. A Regional tomou a frente e fez. Só que os banheiros ficam fechados durante a manhã. Só abrem à tarde com a boa vontade da empresa que presta serviços”, comenta o autônomo Antônio Mesquita, 37, frequentador do Parque.
Assim como na Beira-Mar, o mau uso tem surgido como um problema para a manutenção dos lavabos. Ainda conforme usuários do Rachel de Queiroz, os banheiros ainda não estão em situação crítica como os da Praia de Iracema, mas já apresentam pias e sanitários quebrados.
“Está bom, mas tem uma [cabine] aqui que já quebraram. Quebraram vaso, quebraram a porta. O das mulheres eu não tenho acesso, mas o dos homens são bem direitinhos, por enquanto tudo ok”, pontua Apurinan Rocha, 58, que também visita o Parque frequentemente.
Questionada sobre o horário de funcionamento do Parque Rachel de Queiroz, a Secretaria Regional III informou que o espaço deveria estar aberto no turno da manhã, das 6 às 11 horas, contando com a presença de um funcionário, e também das 13 horas até meia-noite, com dois funcionários à tarde e mais uma dupla à noite.
O órgão também afirmou que está investigando o motivo dos banheiros estarem fechados durante as manhãs e que em caso de descumprimento do acordado com a empresa prestadora de serviços, irá imediatamente retomá-los.
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