Moradores do Moura Brasil fazem protesto após operação por morte de policial
Manifestantes denunciam arbitrariedades que teriam sido cometidas por policiais na comunidade do Oitão Preto. Ato bloqueia a avenida Leste-Oeste na tarde desta quinta
Atualizado às 21h45min
Moradores da comunidade do Oitão Preto, localizada no bairro Moura Brasil, bloquearam o tráfego de veículos na avenida Leste-Oeste na tarde desta quinta-feira, 30. A manifestação é realizada em decorrência da operação policial deflagrada na comunidade desde a morte do policial penal José Wendesom Rodrigues de Lima, de 37 anos, na última terça-feira, 28.
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Os manifestantes denunciam arbitrariedades que estariam ocorrendo durante a ação policial. Foi na comunidade do Oitão Preto que os criminosos que mataram o policial deixaram o carro usado no crime.
Entre os relatos estão invasões de casas sem autorização judicial e abordagens policiais truculentas. Um morador da comunidade, que conversou com O POVO sob condição de anonimato, listou casos como a invasão à casa de uma idosa, que veio a passar mal.
Uma mulher que foi auxiliá-la foi agredida, conforme relatou a fonte. Já um morador que tentou filmar uma abordagem policial teria tido o celular quebrado pelos agentes de segurança.
Nesta tarde, já enquanto ocorria a manifestação, os moradores receberam a informação de que pessoas ainda não identificadas teriam sido baleadas dentro da comunidade. Três pessoas morreram em intervenção policial, entre elas, dois homens suspeitos de envolvimento na morte do policial penal.
“Ficamos impotentes sem fazer nada”, afirmou o morador ouvido pelo O POVO. “A única forma de que encontramos foi essa (a manifestação)”, denuncia ele, acrescentando que os moradores não têm culpa pela morte do policial.
O Comando Tático Motorizado (Cotam) e o Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque), da Polícia Militar do Ceará (PM-CE), foram acionados para a ocorrência. Não houve registro de confrontos com os manifestantes.
Em nota, a PM-CE afirmou que os policiais não precisaram utilizar armamentos de menor potencial ofensivo nem praticaram prisões. "A PMCE reafirma seu compromisso com a ordem pública e a mediação de conflitos, garantindo a segurança da população e o direito à livre manifestação dentro dos limites legais", diz a nota da corporação.
O bloqueio da avenida resultou em um enorme congestionamento na Leste-Oeste.
Morte do policial penal
José Wendesom Rodrigues de Lima foi morto enquanto realizava, ao lado de um colega, o monitoramento de suspeitos de tramar um plano de resgate de presos da da Ala de Segurança Máxima da Unidade Prisional Professor José Jucá Neto (UP-Itaitinga3), na Região Metropolitana de Fortaleza.
Conforme o policial que sobreviveu, os criminosos, cada um de lado, efetuaram disparos contra o veículo usado na campana. José Wendesom, que dirigia o carro, foi atingido e morreu após ser encaminhado ao Instituto Dr. José Frota (IJF). Seu colega só não foi atingido porque estava no banco de trás do carro.
Ele reagiu à ação e baleou um dos suspeitos, Will Pessoa da SIlva, de 25 anos, que foi preso na quarta-feira, 29. Além dele, outros três suspeitos de envolvimento no caso foram presos: James Heyller Gola Souza, de 23 anos, Isaac Lucas Oliveira de Azevedo, de 29 anos, e Nonato Lopes dos Santos, de 31 anos.
James Heyller confessou ter dirigido o carro utilizado no assassinato, enquanto Isaac Lucas e Nonato negam envolvimento. Todos eles são naturais da Região Norte do Brasil. Conforme informações da inteligência da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP), faccionados do Comando Vermelho (CV) do Pará e do Ceará fizeram um “consórcio” para promover a fuga de presos. O resgate incluiria o uso de explosivos e de cerca de 20 fuzis.
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