Pessoas em situação de rua em Fortaleza denunciam descaso e reivindicam assistência
População tem se reunido para pedir, principalmente, a expansão de projetos como pousadas sociais, que os garantam abrigo durante o período chuvosoPessoas que vivem em situação de rua em Fortaleza reivindicam a inclusão em programas de assistência e denunciam um "descaso" por parte do Munícipio. População tem se reunido para pedir, principalmente, a expansão de projetos como pousadas sociais, que os garantam abrigo durante o período chuvoso.
O POVO esteve na Praça do Ferreira, no Centro da Cidade, nesta quinta-feira, 23, data em que estava previsto uma manifestação do Movimento População de Rua. Ação acabou não ocorrendo por conta de problemas técnicos, mas representantes permaneceram reunidos e conversaram sobre pautas.
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Uma das lideranças do grupo, Alexandre Moreira, aponta que o número de pessoas que vivem na ruas tem aumentado todos os anos, mas destaca que não existem projetos para acompanhar essa demanda.
"Cada dia que se passa, cada ano, os prefeitos parecem que não têm noção de que o pessoal (que vive assim) aumenta. Eles precisam dar uma resposta para a sociedade, para aqueles que querem", destaca.
Segundo informou, no início dessa semana, a Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) ao O POVO, Fortaleza conta com três acolhimentos municipais para pessoas em situação de rua. Contudo, Alexandre diz que precisaria de mais "cinco" equipamentos assim para suprir necessidade.
A necessidade da criação de abrigos também se faz maior com a aproximação da quadra chuvosa (entre fevereiro e maio). De acordo com Alexandre, as chuvas tornam a situação das pessoas que vivem em vielas ainda mais difícil, principalmente quando se tratam de idosos, pois são os mais vulneráveis.
Prefeitura não têm uma casa de acolhimento própria para idosos, mas SDHDS frisou anteriormente ao O POVO que prioriza esse público em outras casas de acolhimentos municipais. Também já há contrato assinado para a construção da primeira Instituição Municipal de Longa Permanência para Idosos (ILPI).
Ezequiel Dourado, 43, que também atua como representante do movimento, destaca a necessidade de expandir outros projetos, como os de moradia social, que ajudam na busca por emprego. Ele diz que há um descaso da Prefeitura quanto a isso e pede atenção do Município.
Possível saída da Praça do Ferreira preocupa
Outra questão apontada pelo movimento é sobre uma reforma que iria acontecer na Praça do Ferreira. De acordo com representantes, eles foram informados que ação aconteceria para preparar o equipamento para o Carnaval, mas que para isso as pessoas que vivem lá precisariam desocupar espaço.
Possível saída preocupa Armando Fajardo, 54, que há seis meses vive na praça. Natural da Venezuela, ele saiu do país devido a crise econômica que assola o local. Diz que encontrou em Fortaleza elementos que lembram a terra natal, como o clima e as praias, mas não conseguiu sair da vulnerabilidade.
Na praça fez amigos que considera família, e que o ajudaram a sobreviver. "Deus proverá para onde eu vou (caso precise sair da praça), tem que lutar, procurar unir força. Estamos fazendo uma frente para lutar", destaca, frisando que as vezes fica em pousada social, mas que gostaria de ter um abrigo onde morar e garantir uma oportunidade de trabalho.
O POVO procurou, por meio de e-mail encaminhado na noite desta quarta, a SDHDS para saber acerca das pautas levantadas pela população em situação de rua. Quando houver retorno matéria será atualizada.
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