PM morto pela esposa: defesa afirma que investigada sofria violência doméstica há 11 anos

Renata Íris está presa no Presídio Feminino Auri Moura Costa acusada da morte do marido, Wagner Sandys.

10:00 | Jan. 09, 2025

Por: Jéssika Sisnando
Renata e Sandys estavam juntos há 10 anos. Ela foi presa acusada de matar o marido (foto: Arquivo pessoal )

Renata Íris, presa acusada de matar o marido, o policial militar Wagner Sandys, segue no Presídio Feminino Auri Moura Costa, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza. O crime foi registrado no dia 23 de dezembro, na casa localizada no bairro Granja Lisboa, em Fortaleza. 

A advogada de Renata, Jessica Rodrigues, afirma que há uma tentativa, por parte da família do militar, de montar uma narrativa que descreve Renata como uma mulher "louca", "ciumenta" e "desequilibrada".

De acordo com a advogada, sua cliente teria tomado uma atitude desesperada, que foi consequência de 11 anos sendo vítima de inúmeros tipos de violência doméstica, patrimonial, física e psicológica.

O crime, conforme a defesa, foi cometido após a mulher ter sofrido agressões. A esposa do militar contou que, antes dos diaparos, ele teria apontado a arma para a companheira e a ameaçado de morte.

A defesa afirma que Renata, agora sob a tutela do Estado, está sob perseguição de agentes de segurança na unidade prisional.

Renata é mãe de uma criança de oito anos de idade, possui três graduações, sendo Pedagogia, Administração e Educação Física, de acordo com informações da advogada. Ela estudava para concurso e trabalhava como professora.

Jessica Rodrigues afirma que Renata e Wagner estavam em um período de separação, no entanto, ela não queria permanecer com o marido, pois era vítima de violência e de diversas traições. Uma dessas traições teria sido o motivo da última discussão do casal. 

Traições e separação

De acordo com informações da defesa, Renata morava na casa que herdou dos pais e, durante a separação, Wagner não queria sair da residência e propôs dividir os cômodos, deixando Renata no primeiro andar da casa.

A medida não teria sido aprovada por Renata, alegando que o imóvel é um bem herdado e não construído pelo casal. A advogada afirma que há um processo de inventário com o nome de Renata e que, após o crime, a família de Wagner estaria com as chaves da casa e também com o aparelho celular da professora. 

A advogada afirma ainda que Renata foi agredida no dia do crime. O exame de corpo de delito dela comprovaria as escoriações. Ainda aponta que a última briga dos dois, a respeito da traição, teria acontecido quando o cabo da Polícia Militar se envolveu com uma mulher que havia sido presa por ele.

De acordo com a versão da defesa da suspeita, após a prisão, o PM teria começado a conversar com a mulher pelas redes sociais depois que ela saiu do presídio. Renata teria encontrado conversas do marido onde ele afirmava que não queria mais manter o relacionamento com a esposa e que ela não queria sair da casa.

Renata teria ligado para a mulher, no viva voz, e ordenado que Sandys relatasse a verdade sobre a situação do casal. 

Conforme a advogada, a professora teria contraído doenças sexualmente transmissíveis após as traições do policial militar. Segundo a advogada, há testemunhas que comprovam uma série de escoriações sofridas por Renata.

As brigas entre os dois eram constantes e o conflito que antecedeu o período do Natal foi mais uma das situações. A mulher que conversava com Sandys nas redes sociais teria ido depor na delegacia do 32º Distrito Policial descrevendo estar chocada com a situação. 

O advogado que acompanha o caso, Samir David, pontuou um laudo cadáverico, que ainda não foi anexado ao inquérito. Ele afirma que o militar pode ter sido morto enquanto dormia. Ainda afirma que a criança, filha do casal, estava presente no momento do crime.

Jessica Rodrigues nega a informação e diz que a criança entrou na casa após os disparos.