Previsto para abril, Casarão dos Fabricantes deverá ser entregue no meio do ano
Prazo para conclusão das obras precisou ser prolongado devido à demolição de parede da estrutura original; prédio é provisoriamente tombado pela Prefeitura de Fortaleza
16:31 | Jan. 07, 2025
A reforma do Casarão dos Fabricantes, prédio histórico no Centro de Fortaleza, deverá ser concluída em meados de julho deste ano. Inicialmente previsto para abril, o prazo de entrega da obra precisou ser estendido devido à demolição de uma parede da estrutura original, que precisará ser reconstruída.
A parede em questão fica no acesso lateral da edificação para a rua Rufino de Alencar, e é um dos componentes que resistiram ao incêndio que atingiu o Casarão em setembro de 2020.
De acordo com a Madri Engenharia, empresa responsável pela obra do bem histórico, a derrubada da parede se fez necessária devido a danos causados pelas chamas e desgastes oriundos da exposição à chuva.
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“Ela foi toda escorada. Foram feitos alguns trabalhos de recuperação estrutural, mas também não obtiveram sucesso. Devido ao fogo na época e às chuvas, aquele paredão desagregou um pouco na parte de cima. Foram feitas escoras mas não resolveu. Foi feito um mapeamento de danos e se resolveu fazer a demolição dele e reconstrução”, explica o engenheiro civil Flademir Câncio, proprietário da Madri Engenharia.
Mesmo figurando hoje como propriedade privada, qualquer alteração na estrutura original do Casarão, como a demolição de uma parede, precisa ser autorizada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural de Fortaleza (Comphic), devido ao tombamento provisório concedido pela Prefeitura da Capital.
Questionado sobre esse processo de autorização, Câncio afirmou que todos os documentos necessários para a demolição já foram disponibilizados pelo Comphic, que conforme ele, atestou a necessidade de remoção da parede.
Ao O POVO, a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor), pasta responsável pelo Comphic, afirmou, por meio de nota, que "a solução para a reconstrução da parede sul do Casarão dos Fabricantes foi definida em audiência realizada em novembro de 2024, entre a Secultfor, o proprietário e o Ministério Público".
"A medida acordada garante a segurança de pedestres diante dos danos causados por incêndio e chuvas. A nova estrutura seguirá o modelo atual da edificação, preservando suas características, como formato, estrutura, acabamentos e esquadrias", acrescentou.
Local voltará a funcionar como polo comercial
Até a data do incêndio, o Casarão era utilizado como ponto de comércio para permissionários da Capital. Com diversos boxes dos mais variados produtos do setor têxtil, o local era ponto de referência da economia local, atendendo mais de 200 comerciantes.
Esta, inclusive, deverá ser a finalidade do espaço após a conclusão da obra em meados de julho. De acordo com Câncio, a reforma do Casarão está sendo conduzida de forma que ele siga os mesmos parâmetros estéticos e funcionais anteriores ao incêndio.
“Vai ser a mesma coisa. A estrutura vai ser boxes. Muitos boxes. É como se fosse a estrutura antiga, mas uma estrutura nova, bem moderna, com instalações perfeitas”, já havia antecipado o engenheiro civil ao O POVO.
Além da reconstrução das estruturas físicas perdidas no incêndio, o prédio também deverá receber um novo anexo, que deverá ser destinado a uma área para banheiros.
Prédio faz parte da história de Fortaleza
Vizinho ao Mercado Central e à Catedral Metropolitana de Fortaleza, o Casarão dos Fabricantes compõe a trinca de prédios na avenida Alberto Nepomuceno que faz parte da história de Fortaleza. Usado para diversos fins ao longo de mais de 150 de história, foi inicialmente morada para uma influente família na sociedade alencarina dos anos 1830.
Como tradição do período neoclássico, ele foi cercado por outras edificações de mesmo intuito, que viriam a ser demolidas posteriormente para dar lugar ao Mercado Central, além de dar acesso ao Riacho Pajeú.
Único “sobrevivente” entre as casas construídas na avenida Alberto Nepomuceno à época, o Casarão serviu também de Hotel Central, sede do Paço Municipal de Fortaleza e da Fundação do Bem-Estar do Menor no Ceará (Febem-CE).
Formalmente conhecido como Palacete da Avenida Central, o prédio funcionou durante 14 anos como ponto comercial, dando vida ao projeto da cearense Camila Botelho, dona da marca Casarão dos Fabricantes.
Devido à importância para a cidade, o Palacete foi provisoriamente tombado pela Prefeitura em 2018, e desde então aguarda julgamento do resguardo em caráter definitivo. O título temporário serve para garantir a preservação do bem enquanto o processo final é avaliado. Uma vez constatada a pertinência da proteção, a instrução segue para voto no Comphic.