Réveillon: passageiros na Rodoviária de Fortaleza buscam o reencontro

Diversos passageiros, fortalezenses ou não, transitam no Terminal Rodoviário Eng. João Thomé neste fim de ano em busca de reencontrar familiares ou amigos

Como na música de Milton Nascimento e Fernando Brant, a vida na estação é marcada por encontros e despedidas. Para muitos dos passageiros do Terminal Rodoviário Eng. João Thomé, em Fortaleza, o Réveillon iminente é sinônimo de rever parentes e amigos que, ao longo do ano, estão a quilômetros de distância.

É o caso de Uderlândio de Souza, 32, que sai para Jaguaribe, distante 312,38 km da Capital. Apesar de viver com a esposa, que está grávida de cinco meses, os dois passarão a virada de ano separados, cada um com a respectiva família.

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“Somos tranquilos em relação a isso [estarem separados], graças a Deus”, pontuou o vigilante. Ele relata passar o ano todo esperando pela visita a Jaguaribe. “É momento de rever, matar a saudade. O trabalho não deixa a gente ir, ao longo do ano”, explicou o fortalezense.

Uderlândio finaliza que a tradição do Réveillon em família inclui “comer, beber, deitar, brincar, reunir numa mesinha mãe, irmãos, avós, como antigamente”. Para o novo ano, ele espera “trabalhar e juntar dinheiro” para gerenciar seu próprio negócio ao lado da esposa e da futura filha.

Quem também encontrará familiares é a assistente social Cristina Aguiar, 38, que embarcou num ônibus para Piauí, com destino a Cocal da Estação. Ela visita neste Réveillon seus familiares maternos e amigos piauienses.

Perguntada sobre tradições, ela pontuou que a principal superstição da família é “orar, pedir que Deus nos dê um ano próspero, abençoado, com saúde”.

“Que seja um ano de muitas viagens, muitos encontros e reencontros. Tem nada melhor que fazer novas amizades, conhecer novos lugares…”

Já a engenheira Andrea Tavares, 43, tem apenas uma tradição anual: usar a cor de roupa indicada para seu signo, gêmeos, pelo horóscopo. Para o próximo ano, ela espera melhores oportunidades de emprego. “Acredito que vai ser melhor, que vai ter muito serviço para abraçar”, rogou ela.

A caminho de Fortim, a 131,69 km de Fortaleza, para visitar familiares, Andrea contou ser uma pessoa de “praia noturna”, pois gosta do pé na areia, mas não é “fã de Sol, especialmente hoje em dia, que está pior ainda”.

Apesar disso, na virada do ano, ela ficará dentro de casa. “Não sou mais uma pessoa de virar a noite e ficar acordada. No mais tardar, 2 horas da madrugada já vou estar deitada”, comentou ela antes de embarcar no ônibus.

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Independentemente do destino, seja intermunicipal ou interestadual, as empresas de transporte cearenses disponibilizam 230 viagens extras para atender à demanda de embarques referentes ao Réveillon, até 1º de janeiro.

Entre os destinos mais procurados estão Sobral, Juazeiro do Norte, Canindé, Itapipoca e Iguatu, segundo a Agência Reguladora do Ceará (Arce). São esperados quase 52 mil passageiros nos Terminais Rodoviários de Fortaleza durante o período, um aumento de 23% em relação ao fluxo convencional.

No terminal João Thomé, os principais picos de movimentação são o início da manhã, antes de 7 horas, e a passagem da tarde para a noite, após o horário comercial, segundo representante operacional da Socicam, responsável pelo gerenciamento do terminal rodoviário.

A mesma fonte afirmou que “com certeza” terá embarque, no período de réveillon, até meia-noite. Geralmente, os embarques se encerram às 23 horas. Nesse período, há uma “esticada”, disse o representante.

Aproveitar a Capital

O auxiliar administrativo Augusto Edvirgens, 26, desembarcou na Capital para curtir o ano novo com amigos. Ele mora na região do Cariri, no Sul do Estado, e tem a tradição de aproveitar a programação da Prefeitura de Fortaleza.

Segundo ele, entre os amigos há “aquela expectativa dos três dias de festa, das pessoas que iam vir. Quando falaram que não ia ter mais [os três dias de programação, reduzidos para um], meio que quebrou um pouco o clima”.

Na visão de Augusto, a programação do Réveillon de Fortaleza é “cultural” por abarcar diferentes gêneros musicais e nichos. “Tem MPB, pop, forró… sempre costumo falar que réveillon de Fortaleza é cultural. Quando se tira [uma atração], tira um pouco também dessa diversidade cultural”.

O casal de servidores públicos Natanael, 31, e Ravena Viana, 26, é natural de Pentecoste, mora em São Luiz (MA) e chegou a Fortaleza neste sábado para passar o Réveillon com um casal de amigos, também de Pentecoste.

Os dois contam ser tradicional o encontro a quatro durante as festividades e, neste ano, ficarão próximos à Praia de Iracema. Eles também aproveitarão para “comprar a roupa de ano novo no Buraco da Gia ou no Centro Fashion”.

O costume é vestir verde ou amarelo na virada, mas não é algo restrito. “Como nem eu, nem ele temos essas superstições, e eu amo preto, acabo usando preto mesmo. Fica muito livre essa questão”, disse Ravena.

Além da festa e do turismo que o casal aproveita na vinda para Fortaleza, a parte principal é reencontrar os amigos, que não vê pessoalmente durante o ano. “É mais fácil a gente vir do que eles irem [para São Luiz]. Aqui tem mais o que curtir também, então a festa é boa”, explicou ela.

Natal com família, Ano Novo com amigos

“Natal com família, Ano Novo com amigos” é o lema de alguns dos passageiros da Rodoviária de Fortaleza, como o assistente social Thiago Ferreira, 32, que há cinco anos encontra, no réveillon, colegas de vida e trabalho em Canoa Quebrada, praia no município de Aracati, a 147,13 km da capital cearense.

Ele brinca que não tem superstição entre os amigos. “Vamos para beber mesmo. Na virada, tem que beber. Sempre é muito bom, por isso a gente sempre vai”.

A ideia é compartilhada por Mateus Leite Frota, 32. “Nossa superstição é beber muito”, diz o professor sobre os amigos de réveillon. O grupo planeja a viagem para Canoa Quebrada há meses e realiza a tradição há três anos.

“A gente aluga uma casa, junta todo mundo e é isso. Tem vários atrativos, da praia em si aos bares e às festas perto. É muito divertido. É sempre muito bom, a gente passa o ano todo trabalhando. Assim, a gente escapa dessa realidade e aproveita para começar o ano com pé direito”, concluiu Mateus.

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