Tradição e amor em família: idosa de 100 anos e filhos montam lapinha de Natal no Mucuripe

Mundinha e os filhos seguem abrindo a porta de casa para a comunidade apreciar a lapinha de Natal construída anualmente

As luzes, bonecos e miniaturas em movimento que compõem a lapinha de Natal montada por Raimunda Costa Santos e os filhos, no bairro Mucuripe, em Fortaleza, chamam atenção não só pela riqueza de detalhes.

O amor pela tradição e pela matriarca, que completou 100 anos em abril de 2024, brilha tanto quanto a estrutura, montada na garagem da casa anualmente há sete décadas.

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Tudo começou com um sonho de menina de dona Mundinha, como é conhecida pela comunidade. Depois de casada, ela sempre soube que desejava iniciar a própria tradição de construir uma lapinha de Natal.

Há 77 anos, começou a pôr o sonho em prática. Com o passar do tempo, os filhos foram se integrando à montagem e organização complexa que representa o local do nascimento de Jesus Cristo.

“Eu acho que é por isso que todos os filhos se empenham. Por conta do amor que ela tem”, diz Antonieta Santos, 60, filha de dona Mundinha. Hoje, ela e os irmãos são responsáveis por montar toda a estrutura da mesa, a parte elétrica e confeccionar os bonecos.

Em 2024, a família começou a montar a lapinha em outubro. Quatro carradas de areia, cavaletes, motores, castelos, casinhas com chaminé e fumaça, peixes de verdade no lago e um presépio são alguns dos pequenos detalhes que fazem a mágica do Natal estar presente na lapinha.

Cada filho ganhou um papel: Tobias é quem faz a parte elétrica, deixando tudo pronto para o irmão Cláudio montar os bonecos animados que faz e conserta para cada ano de lapinha.

Lucinda Lopes, 64, e Antonieta são responsáveis por receber a comunidade e a imprensa, que anualmente batem na porta da casa para ver o trabalho da família. “Ela e o papai conseguiram fazer isso. Eles colocaram a gente dentro da lapinha”, afirma Lucinda.

“Eu só fazia olhar se tinham botado no canto certo”, relata dona Mundinha, que senta todos os dias na frente da lapinha para admirar a criação. Vaidosa, fez as unhas, passou maquiagem e se arrumou cedo esperando a visita da equipe do O POVO.

“A gente nasceu nesse clima, mas quando eu chego aqui, parece que é a primeira vez que eu tô vendo. Eu fico encantada. Aquele brinquedo era da minha filha, aquele ali é meu”, admira Lucinda.

100 anos de comemorações e dedicação à comunidade

Não foi só ao Natal que dona Mundinha se dedicou ao longo dos anos. Anualmente, ela também comprava bonecas e costurava vestidos para cada uma delas, depois distribuía entre as crianças do bairro.

A porta da casa era aberta para a comunidade também na festa de Coroação de Nossa Senhora, em maio, quando ela organizava grupos de crianças para se vestir de anjinhos e cantar para a santa.

No aniversário de 100 anos de Mundinha, organizado pela família em um buffet, os netos se vestiram exatamente como quando faziam parte do coralzinho montado por ela. Usando batas cintilantes e asinhas de anjos, eles, agora adultos, fizeram a mesma coreografia ensinada pela avó.

“Foi uma festa de princesa, dançou até valsa”, relata Lucinda. O aniversário serviu para a família, mais uma vez, celebrar o legado de Mundinha. Um local do buffet foi reservado para expor os artesanatos que a matriarca fez ao longo dos anos. “Ela é uma artista”, diz a filha.

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