Seminário do Grupo Espírita Paulo e Estevão exalta 150 anos do Vianna de Carvalho
Evento trilhou a história desde os tempos do apóstolo Paulo de Tarso, que vivenciou o tempo de Jesus, até a importante figuração do cearense Manoel Vianna de Carvalho para o espiritismo no Brasil
11:48 | Dez. 08, 2024
Para carimbar os 150 anos do icoense Vianna de Carvalho — um dos precursores da doutrina espírita no Brasil — neste sábado, 7, o Grupo Espírita Paulo e Estevão (Gepe) realizou o último seminário deste ano com a exposição do palestrante Artur Valadares levando o tema "De Paulo de Tarso a Vianna de Carvalho - A Divulgação da Boa Nova". Evento ocorreu na sede Água Fria, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, a partir das 13h30min, aberto ao público com inscrições limitadas.
Manoel Vianna de Carvalho, nascido em Icó em 10 de dezembro de 1874, era filho de Thomaz Antônio de Carvalho, professor de Música e Língua Portuguesa da Escola Normal de Fortaleza, e de Josefa Vianna.
Na Capital, estudou no Liceu do Ceará. Em 1891, se matriculou na Escola Militar do Ceará e, no mesmo ano, junto com outros cadetes, conheceu o espiritismo, organizando na própria escola um grupo de estudos doutrinários. Por ter seguido carreira militar, ele viajou todo o Brasil, e aproveitava para semear os ideais da religião durante a primeira metade do século XX.
Vianna também teve sublime participação no movimento literário cearense, tanto vinculado à antiga escola militar do Ceará como também ao Centro Literário, instituição da qual ele foi um dos fundadores.
A partir daí, ele passa a atuar na divulgação da doutrina espírita por diversas cidades do Brasil sofrendo perseguições.
Natural de Patrocínio (MG), Artur Valadares, 35, integrante da Associação Espírita Obreiros do Bem e fundador do Núcleo de Estudos Espíritas do Evangelho Paulo de Tarso (Nepe), foi quem apresentou a trajetória da construção do cristianismo e espiritismo desde os tempos do apóstolo Paulo de Tarso, que vivenciou o tempo de Jesus, até a importante figuração do cearense na história do espiritismo no País.
Artur nasceu em berço espírita, quando a mãe, Cláudia Valadares, estava grávida e no mesmo tempo se tornou adepta. A mãe permitiu que ele, aos 13 anos, tivesse autonomia de escolher, algo que o fez se afastar do espiritismo por cerca de 10 anos. "Nunca no sentido de negar, sempre foi a visão mais natural", revela.
Todavia, no último ano da faculdade, após uma crise existencial em meados de 2012, se reaproximou da doutrina. "Meio que sentindo esse momento, minha mãe me presentou com o livro 'Paulo e Estêvão', escrito por Chico Xavier e Emmanuel, e de León Denis, 'Depois da Morte'. Foram divisores de água. Pude me recompor. Encontrei um propósito", relembra.
Em reflexão à contemporaneidade, segundo o próprio espiritismo ensina, para Artur: "estamos vivendo um momento culminante para a humanidade que é uma transição planetária. Enquanto humanidade, estamos findando um ciclo que ainda estamos muito ignorantes quanto à nossa natureza, nossa destinação".
"O fato é que somos espíritos, que essa não é a vida efetiva, mas a vida do espírito. Nos trazendo a compreensão dessas leis espirituais da vida para além da matéria, explicando o porquê de estarmos aqui, para onde vamos, porquê sofremos, o espiritismo traz elementos de consolo, propósito, resiliência, antídotos muito importantes para as questões vividas no nosso tempo como ansiedade e o vazio existencial. Você não é só esse indivíduo que nasceu tal dia e vai morrer em tal data. Você é muito mais que isso. Você nasceu com uma história anterior e vai para uma destinação muito maior e mais elevada", acrescenta.
O historiador Luciano Klein, espírita desde os 21 anos, ex-presidente da Federação Espírita do Ceará e atual presidente do Centro de Memória Vianna de Carvalho, reflete que "não adianta falar de paz se nós não vivemos a paz. A paz como Jesus Noah pregou. Não aquela que vem de fora para dentro, mas aquela que vem de dentro para fora, a partir do coração que se esforça por transformar-se".
"Dentro do espiritismo, as pessoas chegam pela dor ou pelo amor", diz presidente da Feec
Gabriel Moreira Mamede, 46, é o atual presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará (Feec), entidade refundada em 1990 que tem como atuação a unificação do movimento espírita, dos espíritas, e das casas espíritas filiadas.
"A nossa tarefa é levar a mensagem de codificação de Allan Kardec a todas as casas com o mesmo sentido: espaço para falar das suas dores", disse. Atualmente, segundo Gabriel, existem, em média, 150 casas espíritas espalhadas em todo o Ceará.
Mamede cataloga outros nomes cearenses de expressão para o espiritismo, como Bezerra de Menezes, Benvindo Melo, Sr. Monteiro (Antônio Alfredo de Sousa Monteiro) e Mário Kaúla, entre outros.
Gabriel descobriu que o bisavô, Benedito Carmelitano Mazulo de Melo, foi presidente da antiga Federação Espírita Cearense, hoje Feec, por volta da década de 1950. "Comecei a namorar minha atual esposa [Raquel Silva Borges] com uns 22 anos, ela frequentava o Instituto de Cultura Espirita do Ceará e eu comecei a frequentar também. A minha família era católica. Eu nunca pratiquei o catolicismo. Frequentando, me identifiquei com a doutrina espírita", revela.
"Se diz, dentro do espiritismo, as pessoas chegam pela dor ou pelo amor. Eu tive a felicade de chegar pelo amor. Mas a gente também acolhe quem chega pela dor", encerrou.
Serviço
Em 13 de fevereiro de 1950, nasceu o Grupo Espírita Paulo e Estevão (Gepe), criado por José de Melo Cesar, a fim de desenvolver atividades nas áreas assistencial, cultural, beneficente e filantrópica.
O Gepe disponibiliza as matrículas para as turmas de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita em 2025.1. Os interessados podem estudar nas Sedes Piedade ou Água Fria O Estudo Doutrinário Espírita.