Visitas na Maternidade Escola são suspensas devido a surto de covid-19

Local estaria com uma das UTIs isolada e outras três sobrecarregadas devido às infecções; local estaria com alto número de profissionais afastados por Covid

21:14 | Dez. 01, 2024

Por: Kleber Carvalho
MATERNIDADE Escola Assis Chateaubriand, no Rodolfo Teófilo, enfrenta surto de Covid-19 (foto: Mauri Melo/O POVO )

As visitas de familiares e amigos de internos na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) estão suspensas a partir desta segunda-feira, 2. A medida foi tomada pela administração do serviço de saúde devido a um surto de Covid-19 que tem infectado profissionais e pacientes do local.

A restrição vale para as enfermarias da Meac localizadas no primeiro e segundo andares do prédio, onde será permitido apenas um acompanhante por paciente com troca diária, entre às 7 horas da manhã e às 19h30min.

A orientação também decai sobre a área de Neonatologia, onde apenas um dos pais poderá visitar o recém-nascido entre 8h e 19 horas. Visitas de avós e irmão não serão permitidas por tempo indeterminado.

Na UTI materna, as visitas ficam restritas a uma pessoa por dia, no período entre 15h30min e 16h30min. Em todos os setores citados está sendo exigido o uso de máscaras, bem como a barragem de acompanhantes com sintomas gripais.

A maternidade faz parte do complexo hospitalar da Universidade Federal do Estado do Ceará (UFC), que ainda contempla o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC).

O POVO apurou que, além da proibição de visitas, o surto tem afetado diretamente pacientes e profissionais da unidade. Conforme fonte, que optou por não se identificar, os funcionários estão confirmando casos de covid em outros serviços de saúde, já que a maternidade não estaria fornecendo os testes.

“Muitos trabalhadores doentes e sem apoio algum do hospital para fazer o teste de covid. É cada um por si, sendo que muitos estão pegando (covid-19) dos pacientes e levando pra casa”, conta uma funcionária da maternidade.

Ceará registra aumento nos casos de covid-19

A denúncia chega em meio a um aumento de 15% no número de casos de covid-19 no Ceará. Conforme notificado pelo O POVO no último 28 de novembro, 190 testes positivos foram identificados durante a segunda semana do mês 11 no Estado.

O crescimento repentino é resultado da aparição de duas novas variantes do vírus em solo cearense, o que levou a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), a publicar novas recomendações para prevenção da doença em unidades básicas e hospitais. 

Além da falta de testes, a sobrecarga de trabalho seria também um problema na MEAC. Com diversos colaboradores afastados com sintomas gripais e suspeita de covid-19, há relatos de enfermeiras atendendo mais de 70 pacientes simultaneamente para atender à demanda.

Procurada pelo O POVO, a Meac disse ter adotado medidas rigorosas de contenção para proteger pacientes e colaboradores, entre elas, a interrupção das visitas. Em nota, a Maternidade também confirmou a obrigatoriedade do uso de máscaras dentro das instalações e maior restrição na Neonatologia e UTIs maternas.

Confira o texto na íntegra:

"O Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC/Ebserh) informa que, diante do recente aumento de casos de COVID no estado do Ceará, adotou medidas rigorosas de segurança e contenção para proteger pacientes, colaboradores e a comunidade da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand.

As ações incluem: uso obrigatório de máscaras, suspensão de visitas às Enfermarias (permitido um acompanhante por paciente) e maior restrição de visita diária na Neonatologia e na UTI Materna. A entrada de visitante/acompanhante com qualquer sintoma gripal não será permitida.

O CH-UFC reafirma o seu compromisso com a saúde e a segurança da população, trabalhando em alinhamento com as orientações das autoridades sanitárias estaduais e nacionais.

Contamos com a colaboração de todos e reforçamos a importância de medidas individuais de prevenção, como a vacinação, uso de máscaras e higienização das mãos".

O POVO também solicitou entrevista sobre as denúncias de falta de testes para covid, afastamento de profissionais por infecção e sobrecarga nas UTIs neonatal, entretanto, não obteve resposta.

UTIs neonatais enfrentam sobrecarga de pacientes graves

Uma das situações mais críticas do hospital está nas UTIs neonatais, onde ficam os recém-nascidos prematuros e com demais condições que precisam de cuidados específicos.

De acordo com denúncia recebida pelo O POVO, uma das quatro UTIs neonatais da maternidade está isolada devido à alta contaminação, enquanto as outras três funcionam com sobrecarga de pacientes.

A estimativa é de que cada unidade esteja atendendo até quatro pacientes graves, quando o limite estabelecido é de dois por UTI.

Outro serviço afetado pelo surto seria o "método canguru", modelo de assistência obstétrica onde a mãe fica em contato direto com o bebê, pele a pele, para auxiliar no desenvolvimento físico e controle de dores e temperatura corporal da criança. Conforme denúncia, esse serviço também já teria sido paralisado.

A situação teria sido comunicada por profissionais da Maternidade Escola à direção da Meac, bem como ao Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE).

A resposta enviada pela Maternidade em nota não contemplou as denúncias de sobrecargas demandadas. O POVO segue tentando contato sobre os problemas apresentados e aguarda retorno.

Em nota enviada ao O POVO, o Coren-CE diz que "todas as denúncias formalizadas por meio do canal de Ouvidoria são devidamente apuradas por meio de fiscalizações rigorosas. Caso sejam confirmadas irregularidades, o Conselho cobrará as medidas necessárias para a garantia da segurança na assistência, tanto para os profissionais quanto para os usuários dos serviços de saúde".