Mulher morre após passar mal na fila da Cozinha Solidária; voluntários relatam demora no socorro

Pessoas que estavam presentes acionaram o Samu, que não chegou ao local. Uma equipe da PM estava no local, foi acionada e levou a vítima a uma unidade hospitalar após o Samu não ter chegado

Uma mulher identificada como Odacilene Freitas passou mal e faleceu enquanto estava na fila de espera da Cozinha Solidária, localizada no Conjunto Maria Tomásia, no Grande Jangurussu, em Fortaleza. O fato aconteceu por volta das 11h40min de terça-feira passada, 26.

Segundo informações de moradores, várias ligações telefônicas foram feitas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Fortaleza, porém houve demora no atendimento. De acordo com informações de uma voluntária da Cozinha Solidária, Aline da Silva, 36, policiais em uma viatura estavam presentes no local e não prestaram atendimento no momento em que foi solicitado.

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“Todos os dias às 11 horas nós fazemos entregas de marmitas para pessoas em situação de pobreza e vulnerabilidade social. Hoje era dia de pegar a assinatura dos beneficiários. Ela chegou, me deu o CPF dela e saiu para a área de fora da cozinha”, relata.

“Quando ela estava esperando a entrega, ela caiu e as pessoas se desesperaram para ajudar. Todos os dias fica uma viatura do lado, passam uns 15 minutos e circulam novamente. Ela começou a passar mal e minha primeira atitude foi ligar para o Samu”, continua a voluntária.

Aline conta que a população solicitou a ajuda dos policiais presentes no local, que informaram que não podiam prestar socorro. “No momento não passava nenhum carro, só havia os policiais. Pedimos que eles socorressem [a mulher] e eles falaram que não podiam”.

A voluntária também informou que policiais do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRAIO), da Polícia Militar do Ceará (PMCE), passaram em motocicletas e ofereceram ajuda, que foi negada pelos policiais da PM.

“Eles disseram que estava tudo sob controle e nós ficamos insistindo. Ela ficou lá por cerca de 20 a 30 minutos. A atendente do Samu orientou que colocássemos ela de lado. Foi quando uma moça pegou no pulso dela e disse que não havia mais pulsação. Ela estava com as mãos e boca roxas”.

 

“Quando eles perceberam que era algo sério, resolveram levar ela para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do [bairro] São Cristóvão. A irmã dela também estava com eles na viatura. Não demorou 20 minutos e a irmã ligou me informando que ela havia falecido”, lamenta.

Aline conta que tentaram realizar o procedimento de reanimação, mas que não havia o que ser feito. “Foi muito desesperador. Era uma mulher de família, cuidava de uma tia com problemas mentais e era mãe de uma garotinha de 10 anos. Eles viram nossa aflição e mandaram a gente pedir um carro por aplicativo”.

Procurada pelo O POVO, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou em nota que que a Polícia Militar do Ceará (PMCE) atendeu a uma ocorrência, na tarde dessa terça-feira, 26, no bairro Jangurussu, na Área Integrada de Segurança 3 (AIS 3) do Estado.

"Na ocasião, uma mulher, de 42 anos, passou mal em uma fila de um programa social. Após a população ter acionado uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu Fortaleza), que é o responsável pelo socorro e transporte de vítimas na Capital, e a equipe de saúde não ter chegado ao local, os policiais militares levaram a mulher até uma unidade hospitalar, onde esta foi a óbito", informa a nota.

O caso foi registrado no 30º Distrito Policial (30º DP), unidade da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) responsável pela área.

Em nota ao O POVO, a Polícia Militar do Ceará (PMCE) esclarece que, conforme o Manual de Procedimento Operacional Padrão (POP) da corporação, durante uma ocorrência com vítima que precise de atendimento médico, os policiais militares devem acionar os serviços de emergências médicas.

Somente no caso de não haver ambulância no local ou caso o serviço esteja indisponível, a composição poderá socorrer a vítima até uma unidade hospitalar.

"No dia, após a população ter acionado uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu Fortaleza), que é o responsável pelo socorro e transporte de vítimas na Capital, e a equipe de saúde não ter chegado ao local, os policiais militares levaram a mulher até uma unidade hospitalar", finaliza a pasta.

O POVO procurou o Samu Fortaleza e questionou sobre o atendimento não realizado, mas a demanda não foi respondida.

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