Mais três PMs serão julgados pela Chacina da Grande Messejana em 2015

Entre eles está um soldado apontado como um dos pivôs da matança, que deixou 11 mortos e sete feridos. Seis policiais já foram condenados por envolvimento no crime

09:46 | Nov. 29, 2024

Por: Lucas Barbosa
ONZE pessoas foram mortas na Chacina do Curió (foto: Samuel Setubal)

Mais três policiais militares sentarão no banco dos réus acusados de envolvimento na Chacina da Grande Messejana, crime que deixou 11 mortos e sete feridos do dia 11 para o dia 12 de novembro de 2015. Entre eles está o soldado Marcílio Costa de Andrade, apontado como um dos pivôs da matança.

Nesta quinta-feira, 28, nota do Tribunal de Justiça do Estado (TJCE) informou que transitou em julgado os recursos dos réus em tribunais superiores contra a sentença de pronúncia. Dessa forma, eles não têm mais direitos a recorrer contra a decisão da primeira instância.

“O juízo da 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza determinou, no último dia 20 de novembro, a intimação do Ministério Público, do Assistente de Acusação (Rede Acolhe – Defensoria Pública) e da defesa dos réus para que apresentem o rol de testemunhas a serem ouvidas em plenário e demais diligências do Art. 422 do Código de Processo Penal”, afirmou o TJCE.

Somente após essa resposta é que será marcada a data do julgamento. Além de Marcílio, irão a júri o soldado Eliézio Ferreira Maia e ao cabo Luciano Breno Freitas Martiniano.

Marcílio é considerado um dos pivôs do crime para o Ministério Público Estadual (MPCE) pois, conforme as investigações, dias antes da chacina, ele se envolveu em uma confusão no Curió em que acabou matando um adolescente de 16 anos — este que seria envolvido com o tráfico de drogas do bairro.

Ameaçado por criminosos, Marcílio se mudou do bairro e, de acordo com o MPCE, passou a descrever o fato aos companheiros de fardas como um atentado à corporação.

“Situações que o envolveram em assuntos pessoais o levaram a induzir [...] seus companheiros de farda como se fosse de caráter institucional, chegando-se, em consequência, ao ápice com a perpetração do delito que vítima o policial SERPA, e, a partir daí, é certo, se desenvolveram os fatos delituosos que culminaram na denominada 'Chacina da Messejana' ou 'Chacina do Curió, com suas deletérias consequências”, afirmou o MPCE na denúncia.

Já Eliézio e Luciano Breno, de acordo com a acusação, integraram o grupo de dezenas de PMs que, após o latrocínio que vitimou o soldado Valterberg Chaves Serpa, reuniu-se no bairro Curió, em um primeiro momento, para demonstrar solidariedade ao praça, mas que, em seguida, saíram pelas ruas do bairro praticando a matança.

Relembre os julgamentos já realizados

Três julgamentos de acusados de envolvimento na chacina foram realizados durante 2023. No primeiro, ocorrido em junho, quatro PMs foram condenados a 275 anos e 11 meses de prisão. Já no segundo julgamento, realizado em setembro daquele ano, oito PMs foram absolvidos.

No terceiro julgamento, um PM foi condenado a 210 anos e 9 meses de prisão, enquanto outros seis foram absolvidos. Um outro PM ainda foi absolvido das acusações de homicídios, mas condenado a 13 anos e cinco meses de reclusão por três crimes de tortura.

Vítimas da chacina

Antônio Alisson Inácio Cardoso, de 16 anos; Jardel Lima dos Santos, de 17 anos; Pedro Alcântara Barrozo do Nascimento Filho, de 18 anos; Alef Souza Cavalcante, de 17 anos; Renayson Girão da Silva, de 17 anos; Patrício João Pinho Leite, de 16 anos; Francisco Elenildo Pereira Chagas, de 40 anos; Jandson Alexandre de Sousa, de 19 anos; Marcelo da Silva Mendes, de 17 anos; Valmir Ferreira da Conceição, de 37 anos; e José Gilvan Pinto Barbosa, de 41 anos.