Entenda como atuava mulher apontada como "conselheira" de facção cearense

Patrícia de Paula de Sousa Bezerra, de 33 anos, conhecida como Fatare, nega integrar a Guardiões do Estado (GDE), apesar de provas levantadas pela Polícia Civil

Apontada pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) como uma das principais lideranças da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE), Patrícia de Paula de Sousa Bezerra, de 33 anos, aparece em investigação policial como responsável por uma série de crimes, que incluem homicídios, expulsão de moradores e tráfico de drogas. Ela, porém, nega integrar a facção.

Conhecida por diversos apelidos — Moleca, Fatare, Ganeisha e Água —, Patrícia de Paula é integrante do “Conselho Final” da GDE, apurou a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) — unidade responsável pela prisão dela, ocorrida no último sábado, 23, no Mercado dos Peixes, localizado no bairro Mucuripe, em Fortaleza.

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De acordo com a Draco, Patrícia de Paula está envolvida em um conflito entre criminosos no Vicente Pinzón, bairro onde manteria forte influência. Por causa disso, ela teria tido a morte decretada por faccionados que resolveram romper com a GDE.

Informações de PMs que depuseram à Draco apontam que ela antagoniza com Daniel Júnior dos Santos Batista, o Júnior Play, antigo integrante do Conselho Final da GDE, hoje rompido com a facção e refugiado em uma comunidade dominada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), no Rio de Janeiro.

“Episódio recente que ocorreu na Favela do Buraco, localizada no Mucuripe [...]; há informes de que Júnior Play chegou a mandar armas de fogos e granadas para o pessoal do Buraco e quem tinha de repassar as armas [...] entregou as armas para pessoas erradas de dentro da facção, o que gerou um conflito interno e se instalou uma guerra entre integrantes que apoiaram o Júnior Play e outros que apoiaram a Patrícia, v. Fartare”, afirmaram os PMs.

Como O POVO mostrou no início de outubro, três homicídios foram registrados em dois dias no Vicente Pinzón, no que seria um desdobramento desse conflito. Além disso, no final de outubro, uma mulher foi assassinada na avenida Dolor Barreira.

Patrícia de Paula também manteria influência no bairro Conjunto Palmeiras. Na investigação, a Draco citou um “salve” de novembro de 2022, assinado por integrantes da facção Massa Carcerária, em que é mencionado que uma mulher conhecida como Moleca e Fartare era conselheira final da GDE.

Outra prova levantada pela Draco contra Patrícia de Paula é a extração de dados de um celular pertencente a Joaquim Modesto Fernandes Neto, que seria integrante da GDE de Tauá, município do Sertão dos Inhamuns.

Entre as conversas encontradas pela Polícia Civil, há uma em que Joaquim aparece conversando, em 2023, com um contato denominado Água, identificado, posteriormente, como sendo Patrícia de Paula.

Nas mensagens, Joaquim envia uma postagem do aplicativo Kwai em que Patrícia de Paula aparece como “decretada”. “kkkk”, responde ela, afirmando que “faz é tempo” que ela é ameaçada. “Eu tou aproveitando a vida enquanto isso”, (SIC) ela complementa.

Auxiliar de chefe da GDE

A investigação policial ainda indicou que Patrícia de Paula já foi apontada como “teleguiada” de Francisco Lucas da Silva Pereira, o Chico da Barra, homem que chegou a ser apontado como “01” da GDE. Mesmo após o antigo chefe abandonar a facção, ela teria se mantido no grupo, tendo ascendido, desde então, em sua hierarquia.

“Parece estranho a liderança de uma ORCRIM (Organização Criminosa) não ter uma extensa ficha criminal, mas na GDE o que importa é ter um 'padrinho forte' e certa hierarquia na área dominada, sem levar tanto em consideração a vida pregressa dos escolhidos (o que não é o caso de 'Fartare' [...]), diferente do que acontece nas outras OCRIMs que seus 'conselheiros' têm extensa ficha criminal", diz trecho do relatório policial.

Outras funções que teriam sido exercidas por Patrícia, conforme fontes diversas da investigação, seriam: cadastramento de novos integrantes, contabilidade da facção e pagamento de advogados.

Suspeita argumenta ser mãe e ré primária para pedir soltura

Em seu depoimento, Patrícia de Paula negou integrar a GDE, assim como negou ser conhecida pelos mencionados apelidos. Sobre o carro modelo Renegade encontrado com ela no momento da prisão, a suspeita disse que o veículo havia sido emprestado por uma "conhecida".

Em audiência de custódia, a defesa de Patrícia de Paula requereu a liberdade provisória, argumentando que ela é tecnicamente ré primária, mãe de duas crianças, de 13 e 9 anos, tem endereço fixo e profissão definida (esteticista). Mesmo assim, ela teve a prisão decretada.

Em 2018, Patrícia de Paula foi presa no Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, trafegando em um carro onde foram encontrados 211,4 quilos de maconha. Condenada em primeira instância a sete anos de prisão, ela cumpriu três anos em regime fechado e, em seguida, progrediu de regime (Colaborou Alexia Vieira).

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Facções Criminosas

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