Mulher presa era parte de "conselho final" de facção cearense e ordenava homicídios

Apesar de ser mais atuante no bairro Vicente Pinzon, na Capital, a mulher teria influência nos territórios da facção em todo o Estado

13:24 | Nov. 25, 2024

Por: Alexia Vieira
Com a suspeita, foram apreendidos celulares e outros objetos (foto: Reprodução)

Patrícia de Paula de Sousa Bezerra, 33, presa no sábado, 23, em Fortaleza, é membro do Conselho Final da facção Guardiões do Estado (GDE). De acordo com a Polícia Civil do Ceará (PC-CE), ela ordenava homicídios de membros de facções rivais e cuidava da logística do tráfico de drogas, armas e financeiro do grupo criminoso.

Conhecida como Fatari ou Água, ela era a única mulher no mais alto escalão da facção. Apesar de ser mais atuante no bairro Vicente Pinzon, na Capital, Patrícia teria influência nos territórios da facção em todo o Estado.

“No momento em que se prende uma liderança da mais alta hierarquia, se desorganiza esse grupo criminoso, ainda que momentaneamente, visto que corta esse elo de decisões que ela tomava”, explica o delegado titular da Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Alisson Gomes.

A investigação para chegar até a prisão de Patrícia durou cerca de seis meses. Conforme o delegado adjunto da Draco, Thiago Salgado, a presa não tinha um estilo de vida de ostentação e tentava se manter discreta. “O grande destaque é o lugar que ela ocupava”, diz.

A mulher já tinha sido presa no Mato Grosso do Sul, na cidade de Ponta Porã, que faz divisa com a cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Ela transportava cerca de 200 kg de maconha em 2018. Patrícia foi condenada por tráfico e passou três anos presa no MS.

Thiago explica que o caminho para chegar a posições de poder nas facções criminosas passa por esse tipo de crime, além da capacidade de gestão e logística que a investigada deve ter. “Essas atividades mais ousadas são o que fazem esses integrantes ganharem destaque dentro das organizações criminosas e galgarem cargos maiores”, afirma.

A prisão de Fatari e a apreensão de seu celular devem subsidiar novas fases da investigação, que devem se debruçar na influência dela no setor financeiro da organização. A expectativa dos delegados é que surjam mais prisões a partir da captura da suspeita.

Com informações de Gabriele Félix/Especial para O POVO