TEA: com atraso na entrega das carteiras de identificação, Prefeitura promete novo lote para dezembro

Em Fortaleza, pessoas com TEA denunciam atraso na entrega do documento e relatam dificuldades. Prefeitura afirma que, após novo contrato com gráfica, lote de entrega é previsto para dezembro

18:08 | Nov. 12, 2024

Por: Bárbara Mirele
Imagem de apoio ilustrativo. Segundo Eduardo, a solicitação do documento foi feita em julho, porém, ele estaria há quatro meses sem retorno (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) (foto: Samuel Setubal)

Criada em março de 2023, a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) garante atendimento prioritário para pessoas com autismo em serviços públicos e privados. Após a realização do último mutirão de entrega do documento, em abril deste ano, realizado pela Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social de Fortaleza (SDHDS), há denúncias de que a entrega das carteirinhas estaria com atrasos. 

O documento pode ser solicitado presencialmente nas 12 Secretarias Executivas Regionais ou por formulário online no site.

Uma mãe de 40 anos, que pediu para não se identificar, relata que entrou com a solicitação para o documento do filho, de 8 anos, em janeiro do ano passado e até o momento não obteve nenhuma resposta. “Meu filho foi diagnosticado com TEA aos dois anos de idade. Nós que temos alguém atípico na família, é uma dificuldade para tudo. Você solicita um documento e precisa de outro. É muito burocrático”.

A mulher conta que, quando estiver em posse do documento, irá utilizá-lo quando viajar ao Interior. “Lá as pessoas são muito leigas em relação a isso e eu queria andar com ela [carteirinha] para dar esse esclarecimento (...) a carteirinha viabiliza algumas situações, mas tem muita dificuldade”.

“A minha luta, e de várias outras milhões de famílias que são atípicas, é conseguir um serviço a menos no meio de tanto ‘nãos'. A primeira palavra que a gente recebe é um ‘não’, depois recebemos a explicação”, descreve. Para ela, é importante até que as pessoas tenham mais humanidade na hora de negar algum serviço. "Eles já sentenciaram que somos guerreiras, eu não quero ser guerreira, eu quero ser mãe”.

O nutricionista Eduardo Mesquita, 36, foi diagnosticado com o transtorno já na fase adulta. Segundo ele, a solicitação da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) foi feita no dia 19 de julho. “Dia 19 de novembro completará quatro meses [da solicitação]”.

Eduardo informa que também abriu uma reclamação na Ouvidoria Municipal, porém, não obteve nenhum retorno. “Muitas pessoas estão prejudicadas quanto a isso”, lamenta.

“Essa carteira é muito importante para que eu não ande com laudo em mãos para os lugares, para identificar minhas necessidades. Acho isso constrangedor. É muito invasivo”, relata o nutricionista em tom de desapontamento.

Eduardo ainda relatou que, em outro momento, teve de esperar mais de meia hora na fila do supermercado. “Isso pode parecer normal, mas para mim não é. Me causa diversas coisas. É constrangedor ter que ficar mostrando o relato da minha psicóloga e psiquiatra. É minha intimidade”, pondera.

Documento está com entrega prevista para dezembro

Procurada pelo O POVO, a SDHDS informou por meio de nota que, em setembro, um novo contrato de gráfica foi firmado para a confecção da CIPTEA. “Atualmente, um novo lote está em produção e tem entrega prevista até dezembro”.

Até o momento, conforme a Prefeitura, foram emitidas 4470 carteiras. O documento pode ser solicitado presencialmente nas 12 Secretarias Executivas Regionais ou por formulário online no site.