Evento com cães de raças raras tem edição inédita em Fortaleza; veja fotos

A programação contou com desfiles de obediência e shows. Os expositores compartilharam experiências e contaram como funciona a preparação para esses eventos

16:35 | Nov. 03, 2024

Por: Évila Silveira
Pela 1ª vez no Brasil, Fortaleza recebe exposição classificatória para a maior competição de cães de raça raras do mundo no Centro de Eventos (foto: Samuel Setubal/ O POVO)

A maior competição de cães de raça raras do mundo aconteceu neste final de semana, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. Pela primeira vez no Brasil, o evento é uma classificatória oficial para a Crufts, maior competição canina do mundo, realizada anualmente na Inglaterra.

Durante toda a programação organizada pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) e do Kennel Clube do Ceará (KCEC), aconteceram quatro exposições, sendo duas internacionais, uma pan-americana e uma latino-americana.

A programação seguiu por dois dias com amostras caninas, desfiles de obediência e shows. Os expositores compartilharam suas experiências e contaram como funciona a preparação e as motivações para participar de um evento como este.

Dedicação e preparação dos cães

Felipe Brasil, estudante de Medicina Veterinária, conta ser apaixonado por cachorro e desde os 5 anos que frequenta exposições. Ao lado de Magali, sua Dachshund de pelo longo, ele afirma serem necessários muitos cuidados para estar ali no evento, desde a pelagem até o condicionamento e o temperamento do animal.

“A gente sempre tem que ter curso, atualização, ler sobre o padrão. Entender os cuidados, condicionamento, todo dia andar com o cachorro, levar em ambientes que tenham muita gente, muito barulho, para o animal conseguir se adaptar”, relata.

Sobre a rotina, Felipe chega a acordar às 5 horas e trabalha até o início da tarde apenas condicionando e preparando Magali.

Exposições são saudáveis para os cães?

Vitória Porto, namorada do expositor, foi acompanhar o evento. Como veterinária, ela avalia que eventos como este são saudáveis devido ao cuidado dos criadores com os animais.

“Não é prejudicial aos animais, eu vejo o amor que os criadores têm pelos animais, o respeito que eles têm também. Acredito que eles são muito bem cuidados e é muito tranquilo para eles estarem aqui”, afirma.

Conexão entre criador e animal

Carolina Furtado e Sara Goes são colegas de profissão em uma aula de cinotecnia — área focada em estudar os cães, especialmente com o propósito de entender o comportamento das raças para treiná-las — e passaram a se interessar pelas exposições. Acompanhadas de Babalu e Carú, dois Border Collies, as veterinárias trouxeram também Álvaro, filho de Carolina que cresceu em exposições e participa como apresentador infantil.

Sara também é expositora, mas, por estar grávida de nove meses, foi apenas acompanhar a amiga neste domingo, 3. Por isso, Carolina se apresentou com o cachorro da veterinária.

“Quando a gente vai apresentar, a conexão com o cachorro é fundamental, porque ele consegue focar e se concentrar. A Carol agora tá com nove meses [de gestação] e apresento por ela. E a gente vê a diferença do cachorro dela apresentando com ela e apresentando comigo. Apesar de ele me conhecer, ele entra na pista, mas fica procurando ela”, explica.

Primeiros passos para se tornar expositor

As amigas deixam um recado para quem quer começar a criar cães de raças raras. “Cada raça tem sua particularidade. Quer começar? Estuda isso e pesquisa os melhores criadores. Aqueles que estão trabalhando em pistas, os que têm exames e os que são criadores realmente responsáveis”, orienta Carolina.

Elas reforçam ser necessário prestar atenção desde quando se seleciona o filhote. Após isso, vem os cuidados em alimentação, condicionamento, pelagem, treinos de obediência básica e treinos de socialização para lidar bem em ambientes com muitos estímulos, como são as competições.

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Sonho de ter uma raça rara

Izanice Monteiro é tutora de uma Rough Collie de padrão europeu chamada Sophie e criou a cadela inicialmente apenas para ser seu animal de estimação. Após saber sobre as premiações dos pais de Sophie, passou a estudar para atuar como expositora.

Com os olhos marejados, ela relembra que decidiu realizar o sonho de criança em ter um cachorro da raça durante a pandemia de Covid-19: “Nunca tive um collie porque sempre morei em apartamento, mas na pandemia vi todo mundo morrer e pensei: caramba, a gente precisa realizar nossos sonhos! Então, encomendei minha cachorra e passei dois anos esperando em uma fila para ter ela comigo”.

Sophie é atualmente campeã pan-americana e estava no evento deste domingo, 3, sendo o Collie que representa o Brasil na CBKC.

Do Crato para o mundo

Vindo da cidade do Crato, Caio Siso é criador e trouxe o Philip, um cão da raça Lulu da Pomerânia que é fruto de sua primeira criação. Viajando cerca de 600 km, ele também apresentou o cachorro de seu colega, que tinha dois cães competindo um contra o outro.

“Ele é também lá do Crato e a gente se ajuda. Foram 600 km de distância de lá para cá e a gente preparou os cães para estarem aqui nas pistas, desse jeito que você está vendo, felizes”, conta.

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Evento classificatório em Fortaleza

Ao todo, 62 raças nacionais e internacionais participaram na exposição no Centro de Eventos do Ceará em busca das duas vagas classificatórias da Crufts.

O superintendente do Kennel Ceará, Rafael Moreno, fala sobre a importância da realização do evento classificatório em Fortaleza: "Estamos muito orgulhosos em sediar uma exposição dessa grandeza”.

“A exposição coloca o Brasil novamente no centro da cinofilia mundial. Isso mostra que a valorização da cinofilia no País e mostra a importância dos criadores responsáveis e oficiais”, ponta também Fábio Moreira Amorim, diretor-presidente da CBKC.

Crufts: maior competição canina do mundo

Considerada a competição mais prestigiada do mundo, a Crufts reúne, anualmente, mais de 220 raças de todo o planeta. Os animais disputam diferentes categorias, incluindo agilidade, salto, Flyball — busca da bola lançada — e obediência.

A premiação, realizada pela primeira vez em 1891, é mais antiga que as Olimpíadas da Era Moderna, iniciadas em 1896. O evento, nomeado em homenagem ao criador Charles Cruft, é transmitido nacionalmente pela TV no Reino Unido e tem cobertura online pelo YouTube para todo o mundo.