Jovem de 24 anos necessita de medicamento de alto custo para tratamento de tumor no tórax

Uma dose do medicamento necessário — lutécio radioativo — custa R$ 32 mil reais. Ceará não tem equipe especializada para o tratamento com o fármaco

A jovem Sabrina Gomes Lopes, 24, tinha 15 anos quando descobriu um tumor no tórax e a Síndrome de Cushing, doença rara que afeta pele, músculos e causa diversos males como a osteoporose. Para conseguir acesso a um dos medicamentos indicados para o tratamento, de alto custo, ela precisou recorrer à Justiça para conseguir que o Governo do Ceará pague o remédio, que custa R$ 32 mil. Ela espera há sete meses. 

Ao O POVO, Sabrina contou um pouco da sua história antes da doença e o que mudou com a descoberta: “Eu era uma pessoa totalmente ativa, nas minhas atividades físicas. Era uma adolescente que ia para a escola e tinha uma vida normal. Quando eu descobri a doença, minha vida mudou totalmente e drasticamente”.

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Sabrina relata que os primeiros sintomas foram pintinhas e escurecimento da pele, além do ganho de peso e dor nos rins. “Fui ao hospital e fiquei internada por causa de uma bactéria nos rins (...) Descobri problema no pericárdio, osteoporose gravíssima e parei de andar, tive várias convulsões e fiquei entubada na UTI”, conta.

A jovem lembra que precisou passar por uma cirurgia de retirada do nódulo. “Minha cirurgia abriu e infeccionou toda. Passei um ano nesse processo de cicatrização. Quando fechou era 2017 e tive outra crise da Síndrome de Cushing”.

“Eu não podia ter uma vida normal (...) Isso me impossibilitou de ir à escola, de brincar com os amigos, etc”, relata.

Uma outra cirurgia foi necessária e um segundo nódulo foi identificado. Em 2020, ela conta que realizou o procedimento de adrenalectomia bilateral — retirada da glândula supra-renal (também conhecida como adrenal). Com isso, Sabrina parou de produzir o hormônio ACTH, o que provocou o escurecimento rápido da pele. 

Lutécio radioativo e raditerapia venosa

 “De todos os tratamentos que eu fiz para o tumor, nenhum obteve sucesso. Os médicos que me acompanhavam viram que existia uma medicação que poderia funcionar, o lutécio radioativo”. A jovem explica que o medicamento funciona como uma espécie de radioterapia intravenosa.

“Resolvi colocar na Justiça no ano passado, porque é uma medicação de alto custo e que só pode ser comprada pelo Governo. É uma medicação nuclear, fornecida pela medicina nuclear”.

Sabrina relata que o juiz aprovou a solicitação em março deste ano e que espera uma resposta da Sesa há sete meses. “Ficou aquela coisa de como vão conseguir a medicação, onde irão comprar, se a compra é feita pelo Estado ou prefeitura”. A informação repassada a ela é de que a medicação está em processo de compra.

O POVO teve acesso ao relatório médico emitido pelo Hospital Universitário Walter Cantídio, da Universidade Federal do Ceará (HUWC). O documento destaca que a jovem tem o “diagnóstico de tumor neuroendócrino mediastinal produtor de ACTH com recidiva inoperável e expressão de receptores de somatostatina documento ao PET-DOTA”.

Ainda no documento é destacado que o “tratamento deve ser realizado com lutécio radioativo, em aplicações de 7,4 GBq a cada dois meses, por um total de quatro doses”.

Necessidade de equipe especializada

Em resposta ao O POVO, o coordenador de Monitoramento, Avaliação e Controle do Sistema de Saúde da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Breno Novais, informou que o caso da jovem é específico e necessita de uma equipe especializada para o tratamento, além do radiofármaco.

Breno relata que no primeiro processo que foi aberto, “nenhuma unidade habilitada se cadastrou para execução desse serviço”. O coordenador conta que atualmente um segundo chamamento está aberto.

“Esse tipo de tratamento precisa ser feito por uma unidade específica que faz radioterapia, e prescrito por uma equipe especializada para isso. Fizemos o encaminhamento para o atendimento da paciente para um atendimento nessa unidade”.

O coordenador informou que Sabrina passou por atendimento com equipe multidisciplinar. “Foram feitos exames para uma prescrição mais segura e efetiva. A partir da prescrição com equipe especializada, seguimos para o processo de contratualização aqui na Sesa”.

“Por tratar-se de uma medicação que não consta no rol do Sistema Único de Saúde (SUS), a Secretaria está seguindo todos os trâmites legais para a contratualização segura desse tratamento que a Sabrina tanto precisa”, finaliza o coordenador.

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