Dona Anália: 100 anos de vida e muito gosto pela leitura diária
Com 100 anos de idade, dona Anália conta como aprendeu a gostar de leitura, incluindo o compromisso diário em se informar através do O POVO
06:30 | Out. 29, 2024
Devota de Nossa Senhora das Graças, cinco filhos, 12 netos e 12 bisnetos, Anália Lima Barroso Ribeiro — carinhosamente chamada de dona Anália — completa 100 anos nesta terça-feira, 29. Leitora do O POVO desde que se entende por gente, ela confessa que a melhor parte do jornal é o editorial, além da coluna do cronista Raymundo Netto.
Dona Anália relembra que finalizou seus “ensinos secundários” — como ela mesma diz — , na antiga Escola Normal, em 1941, onde hoje fica o Colégio Estadual Justiniano de Serpa. Já formada, a centenária lembra de quando foi professora e ensinava todas as matérias aos pequenos. Mas destaca que o marido, a quem lembra com saudades, não queria que ela trabalhasse. “Ele me dava um tostãozinho na mão”, conta, entre risos.
Sobre o início da sua história com o jornal, ela relembra: “Acho que desde os meus cinco anos. Meu pai mandava a gente ler a coluna tal, assim a gente aprendia a ler. Toda vida teve jornal lá em casa. Minha mãe era muito letrada”. O pai, senhor Antônio Alvares de Lima, era comerciante, a mãe, Rosa Santos de Lima, era dona de casa.
Em tom de saudades, a centenária relata que, quando a idade lhe permitia, fazia de tudo. “Cozinhava, lavava as roupas, engomava, costurava muito bem, tantas roupas de noiva (...) Hoje em dia não faço mais nada, porque não posso, vontade eu tenho”. Apontando para algumas frutas espalhadas pela mesa, ela diz que sente “vontade de arrumar tudo na bandeja”, porém, não pode mais.
Apesar da idade avançada, dona Anália mantém uma boa memória e conta sobre seus filhos em tom de orgulho: “Maria Helena, Thais Helena, Sílvia Helena, Helena Cecília e Itamar Filho”. Entre as quatro ‘Helenas’ da família, Itamar é o único homem, levando o nome do falecido pai e esposo de dona Anália, o senhor Itamar Barroso Ribeiro.
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Sobre completar 100 anos, dona Anália conta que é um “privilégio de Deus”. “Não é todo mundo que chega em uma idade avançada. Dou graças a Deus que ainda conheço as pessoas. Nunca pensei que ia chegar nessa idade”. “Tem que viver de bem com a vida, sem reclamar. Nunca pensei que O POVO viria na minha casa”, disse.
A engenheira Helena Cecília Nogueira, 75, conta que a história com a leitura, e consequentemente com o jornal, se deu da mesma forma que a da mãe, desde pequena. “O papai era um grande leitor, muito fã de Machado de Assis, nossa casa era cheia de estantes com vários livros”, relembra com um sorriso no rosto.
Ela conta que também é assinante do O POVO e acessa a versão online, mas que com o jornal impresso existe todo um ritual. “De botar o pedaço de papel em cima da mesa, de tomar café junto com ele (...) Também gosto muito de ler a parte do editorial”.
“Eu já faço o café ouvindo O POVO CBN, o Érico Firmo já fala com o Jocélio de manhã, e já dá um resumo da coluna [do dia]”. A irmã confessa que o jornalista favorito dos irmãos é o repórter especial e cronista do O POVO, Demitri Túlio.
Já o engenheiro e único filho de dona Anália, Itamar Barroso Ribeiro Filho, 74, conta que ele e as irmãs sempre foram acostumados com a leitura. “Além dessas revistas que o papai comprava, também haviam muitas revistas em quadrinho (...) A minha principal diversão é ler”. Itamar compartilha que seu gênero favorito é suspense e cita a escritora britânica Agatha Christie como uma de suas preferências.
No impresso do O POVO, o idoso conta que lê de tudo, mas que sua parte preferida é a de Esportes. “Eu leio atrasado primeiro — do dia anterior — e depois”, explica. O engenheiro relata que em sua história com o jornal, o que mais lhe marcou foi uma fotografia:
“Foi um ano de seca, onde apareceu um sertanejo bem forte, ele estava desesperado com um bezerro nos braços. Ele estava clamando por ajuda, por água. Não me recordo o ano [em que aconteceu], mas me marcou muito, ficou na memória”, finaliza.