Técnico de celular dizia ser membro de facção para conseguir imagens íntimas de vítimas
Mais de 40 mulheres foram extorquidas e ameaçadas por um homem de 23 anos em Fortaleza, entre elas, jovens entre 17 e 19 anos. O suspeito foi preso na última quinta-feira, 17, no bairro Siqueira, e autuado por pelo menos oito crimes
17:46 | Out. 22, 2024
Um técnico de celular ameaçava meninas alegando ser membro de uma facção criminosa para conseguir imagens íntimas das vítimas. O suspeito de 23 anos foi preso na última quinta-feira, 17, no bairro Siqueira, em Fortaleza, durante uma operação da Polícia Civil do Ceará (PC-CE). As investigações apontam que mais de 40 mulheres foram vítimas do acusado, que usava as imagens para satisfação pessoal.
Quatro vítimas foram identificadas, sendo uma menor de idade, de 17 anos, e as outras entre 18 e 19 anos. Uma das vítimas chegou a registrar um Boletim de Ocorrências (B.O), que deu início às investigações contra o suspeito. Além de exigir as imagens, o suspeito também extorquia as vítimas, com valores entre R$ 150 a R$ 300, adquiridos por meio de pix.
De acordo com o delegado Valdir Passos, titular do 5º Distrito Policial (DP), o técnico de celular consertava os aparelhos e, por meio do acesso aos chips, o suspeito conseguia endereços, locais onde elas estudavam, trabalhavam, número de contato e, principalmente, fotos e vídeos das jovens. Por meio de perfis falsos, ele ameaçava as mulheres informando que as imagens estavam circulando em grupo de criminosos.
“Com esses dados, ele conseguia também as redes sociais, que a gente chama de engenharia social. Inicialmente, ele via se a menina o agradava de cunho sexual. Em seguida, ele começava a extorquir as vítimas por meio do número de celular, onde ele se passava por membro de facção e com isso exigia dinheiro, fotos e vídeos íntimos sob pena da facção matar caso não enviassem”, explica o delegado.
Na narrativa, o suspeito também afirmava às vítimas que elas estariam saindo com homens casados e que isso desagradava os integrantes do grupo criminoso. O técnico de celular dizia que, se elas enviassem o que ele pedia, ele tentaria reverter a situação e evitar que elas e seus familiares fossem alvo do grupo.
“Desde o envio de dinheiro até as fotos e vídeos íntimos para ele conseguisse conter os demais membros da organização criminosa”, conta o titular do 5º DP.
Durante a operação, foram apreendidos sete celulares e R$ 2 mil em espécie, proveniente das extorsões, com o suspeito. Os equipamentos foram encontrados em uma residência, além de 28 chips cadastrados em nomes de terceiros e usados para envio de mensagens às vítimas. As investigações apontam ainda que há mais oito celulares usados pelo homem para cometer os crimes.
O material apreendido foi conduzido para o 5º DP, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão. O diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DPJC), George Monteiro, afirmou que o homem foi preso pelos crimes de cyberbullying, ameaça, perseguição, violência psicológica, falsa identidade, falsidade ideológica, extorsão e importunação sexual, sujeito a 35 anos de prisão.
O diretor do DPJC afirmou que, em caso de extorsão, ameaça e cyberbullying, as vítimas devem registrar um Boletim de Ocorrência (B.O). “Com o registro, é possível que a Polícia Civil do Ceará (PC-CE) possa adotar as providências necessárias para identificar eventuais infratores”, destaca.
Vítimas estudavam na mesma escola e, após ameaças, família deixou a região
As quatro vítimas, inicialmente identificadas, estudavam na mesma escola, localizada no bairro Montese. O delegado Valdir Passos explicou que, a partir do contato da primeira vítima, foi possível identificar as demais. Ainda segundo o titular do 5º DP, foi identificado que o homem sabia todos os horários das estudantes na escola.
“A gente ainda tem algumas dúvidas no inquérito. Por exemplo, se na escola, ele teria algum contato que tenha fornecido as informações. Ele sabia a escola, sala, horário de chegada e muito detalhe. A segunda hipótese, que ele confessou, foi que, com os chips, ele conseguia as informações, inclusive das amigas dela, e fazia toda essa engenharia”, comenta o delegado.
Ainda segundo Valdir, diante das ameaças uma das famílias chegou a mudar de bairro com receio das informações. Apesar dos agentes policiais alegarem que o suspeito não integrava um grupo criminoso. “O que ele vinha fazendo com cada uma das vítimas fez com que a mãe de uma delas perdesse o emprego e se mudasse para outro bairro”, disse.
As investigações policiais agora seguem para ouvir as demais vítimas e aguardar informações do Departamento de Inteligência Policial (DIP), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), com os dados dos demais equipamentos apreendidos para identificar possíveis vítimas e demais provas contra o suspeito.