Mulher baleada em carro na frente dos filhos: viúvo conta como homicídio aconteceu

Família ia de Fortaleza para Itaitinga, pela BR-116, quando dois disparos foram ouvidos, um deles atingindo a mulher, que estava com o filho de três anos no colo. Marido aponta que tiro partiu de uma viatura de guarda civil municipal

Um dia após o sepultamento da mulher com quem foi casado durante 30 anos e com quem teve três filhos - o mais novo de apenas dois anos de idade - Adriano da Silva Barros, 42, concedeu entrevista ao O POVO descrevendo o crime que vitimou Flávia Maria Ferreira Sampaio Barros, 43. A família trafegava em um carro no sábado, 20, na BR-116, bairro Pedras, em Fortaleza, quando o veículo foi atingido por um tiro. Flávia, que estava sentada no banco da frente com o filho caçula no colo, foi baleada na cabeça. 

Tentando conter o choro, Adriano, que é funcionário de laboratório em um hospital da rede municipal de Fortaleza, descreveu a situação que a família vivenciou. Ele acredita que o tiro partiu de uma viatura da guarda municipal, mas não sabe especificar a qual município pertencia a viatura. De acordo com ele, o carro seguiu sem prestar socorro. 

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Adriano conta que não consegue mais entrar na própria casa, pois é cercado de lembranças de Flávia, principalmente aquela em que sua companheira estava ferida. "Não consigo mais comer, dormir, não consigo fazer mais nada. Destruíram minha família. Não consigo mais voltar para casa, pois sempre que entro lembro dela. Meu bebê de dois anos descreve a cena e fica dizendo que a bala pegou na mamãe e o sangue sujou a roupa dele", detalha.

Além do pequeno de dois anos, o casal tem uma filha de 20 anos e um filho de 23 anos. A família morava no bairro Castelão, em Fortaleza, e há três anos havia comprado uma casa em Itaitinga, na Região Metropolitana. "Ali era tranquilo. E a gente ia e voltava tarde. O medo que eu tinha era de acidente.  Nunca imaginei que fosse passar por isso e ser vítima de uma bala, principalmente do lado de onde eu menos imaginava. Estragou minha família, minha filha está em choque", explica. 

Família voltava da casa da mãe de Flávia, no Vila União

 

A família morava em Itaitinga, mas frequentava o bairro Vila União, em Fortaleza, para visitar a casa da mãe de Flávia. Ao voltar do passeio naquele sábado, 19, Adriano relata que visualizou uma motocicleta ultrapassando o carro e verificou uma viatura de cor azul com os dizeres "GCM" atrás. Em seguida, conta que ouviu disparos de arma de fogo e, em seguida, Flávia foi atingida. 

"Vinhamos no carro, eu, a minha esposa no banco do passageiro e a minha filha no banco traseiro. Passou a moto com dois rapazes do lado do meu carro e a gente escutou um disparo. Quando a gente olhou para trás tinha uma viatura atrás do carro da gente. Eu percebi por causa do giroflex. Escutei um segundo disparo e minha filha se levantou e disse que o carro da gente tinha sido atingido. Eu perguntei se havia alguém ferido no carro e quando olhei para minha esposa vi que o tiro pegou na cabeça dela e ela começou a sangrar pela boca e já não me respondeu mais", afirma.

Adriano relata que como o tiro atingiu a parte de trás do carro, ele acredita que partiu da viatura. Ele conta ainda que a família parou o veículo e pediu socorro à viatura, mas não obteve apoio. Proprietários de um espetinho às margens da BR-116 os ampararam enquanto Adriano tentava socorrer a esposa. Ele conta que o comerciante segurava o bebê enquanto ligava para solicitar ambulância, que chegou ao local e constatou o óbito. 

Busca por justiça

 

Viúvo e agora responsável, de forma integral, pelos cuidados com os filhos, Adriano diz não saber mais como será a vida, mas garante que vai atrás de justiça. "Não sei como vai ser minha vida, sinto muita falta dela. Não estou comendo, nem dormindo, só choro e tomo remédio para me acalmar. E a lembrança na minha cabeça, meu Deus. Quem fez isso seja punido. Foi um despreparo, como a pessoa vem atirando em uma via em movimento", questiona. 

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Polícia Militar foram acionadas na madrugada do sábado, 19, para uma ocorrência de homicídio no bairro Pedras. 

"Uma mulher, de 43 anos, foi atingida por um disparo de arma de fogo em uma via pública e morreu no local. Uma equipe da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) também foi acionada para a ocorrência e colheu indícios que auxiliarão nas investigações, que são conduzidas pelo DHPP", informa.  

Guarda Civil 

A Guarda Municipal de Fortaleza informa que não há registro de participação de equipes no caso ocorrido na madrugada de sábado no bairro Pedras. 

O coordenadoria geral da Guarda Municipal do Eusébio informou que nenhuma das viaturas atendeu a ocorrência e que está a disposição da disposição da Justiça. 

De acordo com o comando da Guarda Municipal de Itaitinga, a corporação "não teve envolvimento nesse caso".

 

 

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