Fortaleza tem mais da metade dos semáforos com tecnologia inteligente, aponta AMC

O semáforo inteligente tem adaptação dinâmica, ou seja, ao longo do dia o sistema se regula automaticamente para otimizar o tráfego na via

18:37 | Out. 21, 2024

Por: Luíza Vieira
FORTALEZA, CEARÁ, 28-06-2024: Semáforo caído Av. Aguanambi. (Foto: Fernanda Barros / O Povo) (foto: FERNANDA BARROS)

Mais da metade dos semáforos espalhados por Fortaleza são modelos inteligentes. De acordo com a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), 591 dos 1.081 equipamentos que integram a rede semafórica da Capital possuem esse tipo de controle, enquanto 490 são convencionais.

Os semáforos inteligentes funcionam sob demanda e dispõem de sensores em sua estrutura. As câmeras posicionadas estrategicamente nos cruzamentos monitoram o tráfego em tempo real. Com base nisso, as imagens são transformadas em algoritmos.

Esses dados são processados pelo sistema, que regula o tempo de abertura do sinal. Portanto, se houver muitos veículos na via, o sinal permanece verde por mais tempo para suavizar o fluxo.

“No sistema convencional, o tempo do semáforo é pré-programado, a gente vai no local, faz uma coleta de dados com base no volume de veículos e calcula o tempo necessário, não muda, mesmo que haja uma demanda maior de veículos naquele trecho”, explica o gerente da Central da Mobilidade para Preservação de Vidas da AMC, Lélio Vale.

“Se tiver um colisão que esteja obstruindo um faixa, o sistema é capaz de detectar que ali tem congestionamento por causa do sensor. Diante disso, a ferramenta aumenta o tempo do sinal verde naquele local”, complementa, falando do sistema de semáforos inteligentes. 

O semáforo inteligente tem adaptação dinâmica, ou seja, ao longo do dia o sistema se regula automaticamente para otimizar o tráfego na via.

Esse tipo de sinalização substitui os laços de indução usados nos semáforos convencionais. Ao invés disso, utilizam “laços virtuais”, que medem o espaçamento entre veículos e a saturação de um trecho da via.

Além de otimizar o fluxo de veículos nas vias, a tecnologia viabiliza a comunicação com a Central de Monitoramento da AMC, permitindo, dessa forma, a detecção de falhas de forma imediata e agilizando os serviços de manutenção.

Lélio destaca que o Sistema Adaptativo em Tempo Real começou a ser implantado em Fortaleza por volta dos anos 2000. À época, a ferramenta mais utilizada no mundo era a Scoot, de origem inglesa. No Brasil, a cidade de São Paulo foi a primeira a instalar o sistema, e a capital cearense a segunda.

“Hoje em dia nem São Paulo tem mais esse mesmo sistema, só Fortaleza possui e mantém essa ferramenta. Além dele, a Capital tem outro sistema, que possui o mesmo funcionamento, mas de origem espanhola. Ele vê qual o melhor tempo para que o número de paradas dos veículos e o atraso dos veículos sejam os menores possíveis”, detalha.

Os lugares prioritários para a instalação dos semáforos inteligentes são polos geradores de tráfego e corredores onde há circulação de transporte público. Atualmente, a tecnologia está presente em pontos estratégicos de 54 bairros da Capital, são eles:

  • Centro
  • Aldeota
  • Meireles
  • Dionísio Torres
  • Fátima
  • Joaquim Távora
  • Benfica
  • Messejana
  • Papicu
  • José Bonifácio
  • Jóquei Clube
  • Montese
  • Itaperi
  • São Gerardo
  • Tauape
  • Parangaba
  • Presidente Kennedy
  • Parquelândia
  • Farias Brito
  • Cocó
  • Jacarecanga
  • Antônio Bezerra
  • Amadeu Furtado
  • Cidade dos Funcionários
  • Mondubim
  • Parque Araxá
  • Cristo Redentor
  • Praia de Iracema
  • Barra do Ceará
  • Carlito Pamplona
  • Itaoca
  • Bonsucesso
  • Passaré
  • Mucuripe
  • Jardim Iracema
  • Vila União
  • Álvaro Weyne
  • Cajazeiras
  • Aeroporto
  • Padre Andrade
  • Rodolfo Teófilo
  • Parreão
  • Demócrito Rocha
  • Panamericano
  • Ellery
  • Moura Brasil
  • Prefeito José Walter
  • Varjota
  • Parque Iracema
  • Monte Castelo
  • Vila Peri
  • Salinas
  • Olavo Oliveira
  • Engenheiro Luciano Cavalcante

Nesses locais, conforme Lélio Vale, “a variação de volume é muito alta, pois em alguns horários há uma quantidade muito grande de viagens e em outros nem tanto”.

Onda Verde

 

Além de otimizar o fluxo de veículos em uma via, o semáforo inteligente também auxilia no deslocamento dos órgãos a serem transplantados para pacientes dos hospitais de Fortaleza.

De acordo com Lélio, a Central de Monitoramento da AMC viabiliza o transporte dos órgãos por meio da “Onda Verde” semafórica, que permite a abertura progressiva dos semáforos na luz indicativa verde a fim de melhorar a fluidez da via.

“A gente consegue priorizar a saída das ambulâncias. Por exemplo, a ambulância que leva órgãos do Instituto Doutor José Frota (IJF) para o Hospital da Messejana levaria 28 minutos, com a onda verde conseguimos fazer o traslado em oito minutos”, prossegue.

“Isso diminui o tempo de transporte e aumenta a chance de sucesso do transplante, falamos muito sobre isso porque é um benefício muito grande”.

Tempo de travessia do pedestre

 

O semáforo inteligente surge com a finalidade de otimizar o fluxo de veículos, todavia, a estratégia acaba dificultando a locomoção do pedestre, uma vez que ele precisa aguardar um tempo prolongado para atravessar na faixa.

Para solucionar essa questão, o gerente da Central da Mobilidade para Preservação de Vidas da AMC, Lélio Vale, afirma que a demanda de travessia do pedestre é verificada no momento em que o semáforo inteligente é implantado no trecho.

“Nas nossas vistorias a gente sempre inclui a proteção para aquele que é mais vulnerável, ou seja, o pedestre. O tempo dele também é demandado. A gente sempre leva em consideração o tempo do idoso, que vai ter uma velocidade menor para atravessar”, pondera.

Lélio acrescenta que o tempo necessário para que o pedestre atravesse a via depende da largura da faixa. Ele reforça que o Manual Brasileiro de Sinalização Semafórica preconiza a velocidade de 1.2 metros por segundo, mas, em Fortaleza, o tempo é estendido para um 1 metro por segundo, a depender da movimentação do trecho. 

"Na Bezerra de Menezes, próximo ao Instituto dos Cegos, por exemplo, a gente sabe que precisa de um tempinho um pouquinho maior para a travessia de pedestres, a gente vai ponderando de lugar para lugar", conclui.