"Pensador da cultura": Gilmar de Carvalho recebe o título póstumo de Professor Emérito da UFC

Solenidade será realizada nesta segunda-feira, 21, na Reitoria da UFC, durante programação da 23ª edição da Semana de Comunicação (Secom) da universidade

A relevância na produção acadêmica e cultural de Gilmar de Carvalho se equipara à importância da personalidade generosa e, não obstante, direta que marcou quem com ele conviveu. Com mais de 50 obras jornalísticas, teatrais e literárias, o pesquisador, professor, jornalista e escritor recebe nesta segunda-feira, 21, o título de Professor Emérito (in memoriam) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Solenidade faz parte da programação da 23ª edição da Semana de Comunicação (Secom) da UFC, que será realizada entre os dias 21 e 25 de outubro. Gilmar lecionava no Departamento de Comunicação Social da UFC e era integrante do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da mesma universidade.

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O título será entregue pelo reitor da UFC, Custódio Almeida, ao fotógrafo Francisco Sousa, companheiro de pesquisa e marido de Gilmar de Carvalho, às 8 horas, no auditório da Reitoria da UFC, no Benfica, durante a mesa de abertura do evento.

Wellington Júnior, professor do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da UFC, explica que o título é concedido "quando a universidade reconhece o valor do exercício do magistério superior nas suas diversas áreas, de ensino, pesquisa, existência". 

Além do reconhecimento mais imediato, essa homenagem também significa o "reconhecimento e a valorização daquilo que ele estudou e de como ele estudou", destaca Wellington Júnior. 

"A obra do Gilmar se volta, de um modo geral, para a cultura tradicional popular, como um sistema muito complexo de produção cultural contemporâneo. Não é uma coisa atrelada ao passado, uma coisa que deve ser preservada, intacta e móvel, mas como um processo altamente dinâmico de resistência, de sobrevivência, de expressão, uma forma estética de luta", avalia.

Gilmar de Carvalho recebeu inúmeros prêmios mas recusou título de Doutor Honoris Causa

Natural de Sobral, município localizado na região Norte do Ceará, Gilmar de Carvalho era bacharel em Direito e em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo e doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Ele ingressou na UFC em 1984 e aposentou-se em 2010, mas permanecia em plena atividade. 

Em 2009, o professor iniciou a doação de seu arquivo pessoal ao Acervo do Escritor Cearense (AEC), da Biblioteca de Ciências Humanas da UFC. Material continha livros, documentos, fotografias, correspondências, reportagens e manuscritos referentes à cultura cearense.

Ao longo da trajetória, recebeu inúmeros prêmios, dentre os quais a Medalha Mário de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2017; e a Medalha do Mérito Cultural da Academia Brasileira de Letras, em 2011. 

Em 2019, o pesquisador foi indicado para receber o título de Doutor Honoris Causa pela UFC, mas recusou devido à nomeação de Cândido Albuquerque como reitor da instituição por Jair Bolsonaro.

Gilmar explicou, à época, que recusou o título pois considerava Cândido um interventor, visto que a nomeação ignorou a consulta feita à comunidade acadêmica. O autor faleceu em 2021, vítima de complicações da Covid-19.

Cultura popular foi eternizada na obra de Gilmar de Carvalho

"Ele foi queer, afrofuturista, deconolonical, contrarracista. Antecipou muitas coisas a nível local e nacional", analisa o professor da UFC Wellington Júnior. 

"Um pensador da cultura que se tornou um mestre de si", resume Izabel Gurgel, jornalista e colunista do O POVO.

"No Ceará, cada vez que alguém olha o tempo e constata que está ‘bonito pra chover’, passa, mesmo que não o saiba, por Gilmar de Carvalho leitor, autor, editor, dentre tantas marcas fortes de sua existência", diz a jornalista. Ela explica que 'Bonito pra chover', título de livro por ele organizado, em 2000, ecoa Leonardo Mota das primeiras décadas do século 20 na expressão usada quando se acha bonito um tempo fechado, de céu cinza, anunciando chuva.

"Foi assim que Gilmar andou os quatro cantos dos Cearás, várias vezes percorrido por ele também através da leitura de quem veio antes dele, compreendendo de onde vem ou como nasce o que chamamos contemporaneidade. E foi assim que ele fez viajar os Cearás que a maioria de nós desconhece. Em artigos, livros, exposições, orientando pesquisas e trabalhos acadêmicos ou não, organizando atividades artísticas tão diversas quanto a leitura de mundo que ele nos ensina a fazer", diz a jornalista.

Izabel iniciou em 2023, via Festival Alberto Nepomuceno e Museu de Arte da UFC, as Leituras Públicas Gilmar de Carvalho. "Que venha a reedição (e adoção nas escolas) de seus livros. Que venha a Cátedra Gilmar de Carvalho. Pra ficar bonito pra chover o ano inteiro", esperança a jornalista. 

Semana de Comunicação

Com o tema "Aqui estamos, estamos aí: juventude, culturas urbanas e memória", a programação da Secom busca refletir sobre a cultura urbana e periférica, com debates, oficinas, exposições e outras atividades artístico-culturais. 

A programação é gratuita e organizada pelo Programa de Educação Tutorial em Comunicação (Petcom), pelo Centro Acadêmico Tristão de Athayde (Cata), de Jornalismo, e pelo Centro Acadêmico Gilmar de Carvalho (Cagil), de Publicidade e Propaganda.

Serviço

Entrega do título de Professor Emérito da UFC (in memoriam) a Gilmar de Carvalho

Quando: às 8 horas
Onde: auditório da Reitoria da UFC. Av. da Universidade, 2853 - Benfica
Mais informações: @secomufc [email protected]

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