Campus Fortaleza do IFCE terá primeira mulher diretora-geral em 115 anos

Eleição foi realizada com votos de estudantes, professores e técnicos administrativos do instituto; nova gestão projeta mais dispositivos para inclusão no campus

O campus Fortaleza do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) elegeu na última quinta-feira, 17, a nova diretora-geral para o mandato de 2025 a 2029. Com 48% dos votos válidos, a engenheira sanitarista Adriana Guimarães se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo em 115 anos de atividade da sede do IFCE na Capital.

O pleito contou com a participação de 2.123 eleitores, sendo estes 1598 alunos, 330 professores e 195 técnicos administrativos (TAEs). Assim como na eleição para reitor, os votos para a direção-geral do campus seguem o sistema de peso prioritário, onde Adriana obteve a maioria dos votos de discentes e TAEs.

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O segundo colocado foi o candidato Rodrigo Freitas Guimarães, que somou 47% dos votos. O mandato de Adriana terá duração entre a partir de fevereiro de 2025 até 2029.

Trajetória

Formada em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Adriana é especialista em Planejamento, Gestão e Educacional Profissional, mestra em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e doutora em Engenharia Civil pela Federal do Ceará (UFC).

Chegou a Fortaleza em 2008, quando ingressou no IFCE. Nestes 16 anos de instituição, vivenciou a gestão em 14. Foi coordenadora do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental por sete anos, chefe do Departamento de Química e Meio Ambiente por um triênio e, desde fevereiro de 2020, ocupava a Diretoria de Ensino (Diren).

Às vésperas de completar 48 anos, Adriana ressalta o convívio com a educação desde o berço, já que a mãe, Alice Regina, falecida aos 40 anos, também foi professora e gestora escolar.

“Foi minha principal inspiração para seguir a vida docente e de gestão em instituição de ensino. Ela fez muito pelos seus alunos e servidores”, comenta Adriana ao lembrar da mãe.

Como primeira mulher a assumir o cargo no IFCE, Adriana ressalta a diferença de peso da carreira profissional para homens e mulheres. Para a gestora, a plena dedicação à vida profissional se torna um desafio a mais para as mulheres que precisam equilibrar o sucesso laboral com as responsabilidades familiares.

“Para as mulheres é tudo muito difícil, porque não é só a questão do trabalho, é a questão também da vida pessoal. Eu, por exemplo, sou mãe, e muitas das minhas colegas de trabalho são mães. A gente abdica muito de oportunidades na vida profissional por conta da família”, destaca a gestora, que ressalta o processo de convencimento como uma resistência pessoal.

“A culpa que a mulher carrega por não ser 100% a família é muito forte. A gente acaba abdicando de oportunidades de chegar em funções maiores porque a culpa de não estar 100% tomando conta da sua casa ela é muito forte. isso por muitas vezes me fez pensar se eu seguiria adiante ou não. Eu dizia ‘não posso desistir. também tenho minha carreira, também tenho que seguir isso e entender que meu papel de mãe não vai ser diminuído porque estou ocupando esses espaços’. Assim fui lutando contra essa resistência que às vezes também é pessoal, é nossa”, acrescenta.

Propostas para o Campus Fortaleza

Além da gestão, outro marco da trajetória de Adriana no IFCE é a luta por pautas sociais. Durante a carreira no IFCE, presidiu a Comissão de Prevenção e Combate ao Assédio Sexual no âmbito do IFCE, atuando para a elaboração da Minuta da Política de Enfrentamento ao Assédio e Outras Formas de violência Sexual.

Também participou da criação do curso de Técnico em Alimentos na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Campus Fortaleza e coordenou a institucionalização do sistema de Ensino à Distância (EAD) na unidade.

Como diretora-geral, Adriana antecipa projetos para a criação de novos cursos e grupos de pesquisa, além de propostas como o orçamento participativo e a criação de creches para assistência a estudantes, docentes e TAEs que não tenham com quem deixar os filhos durante o período que passam no campus.

“Eu quero um IFCE em que a gente tenha uma gestão cada vez mais democrática, em que a comunidade participe das decisões. Coloco desde o orçamento participativo até pequenas decisões, que apesar de pequenas, impactam muito na vida de cada um que é parte dessa comunidade do IFCE”, diz Adriana, que ressalta também a necessidade de cuidados ao servidor.

“Eu quero uma gestão mais humanizada, que a gente tenha o cuidado com o servidor. Em especial os servidores porque a gente tem percebido cada vez mais servidores adoecidos, sobrecarregados. A gente precisa ter um olhar em relação a isso e aos nossos alunos”, conclui Adriana.

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