Menos de 1% dos imóveis de Fortaleza tem focos do mosquito da dengue; veja índices dos bairros

Até o momento, Fortaleza registrou 2.730 casos de dengue e um óbito, o que destaca a importância do controle da doença

De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, cerca de 0,84% dos imóveis do Município registram focos de mosquito da dengue. O quantitativo é resultado do 4º Levantamento do Índice Rápido de Aedes Aegypti (LIRAa) de 2024, que monitora o índice de infestação a partir de visitas de agentes de endemias a imóveis.

De acordo com a Secretaria de Saúde (SMS), no período de 9 a 13 de setembro de 2024, foram visitadas 3.915 quadras, com 49.523 imóveis amostrados, dos quais 423 apresentaram focos do mosquito.

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Os resultados foram divulgados na manhã desta quarta-feira, 16, durante a 81ª reunião do Comitê Intersetorial de Controle das Arboviroses, evento realizado na Escola de Saúde Pública de Fortaleza (Espfor).

Atualmente, Fortaleza tem um Índice de Infestação Predial (IIP), relação entre o número de imóveis com infestação do mosquito e o total de imóveis pesquisados, de 0,85%. Entre as regionais, a IV é a que apresenta maior risco, com um IIP de 1,03. Os Índices de Infestação Predial (IIP) por regional são:

SER I: 0,90%
SER II: 0,50%
SER III: 0,87%
SER IV: 1,03%
SER V: 0,88%
SER VI: 0,88%
Fortaleza: 0,84%

Nélio de Morais, coordenador de Vigilância em Saúde de Fortaleza, destaca que alguns bairros historicamente possuem uma maior incidência de focos de dengue e, por isso, recebem ações de prevenção intensificadas durante o ano.“Temos bairros que costumam liderar os casos, como Jangurussu e Bom Jardim, nas regionais VI e V. Além desses, o Barroso (SER VI) e redondezas também são bastante suscetíveis.

Ele aponta que o bairro Cristo Redentor (SER I), bem como a área da Barra do Ceará e a região leste-oeste também são focos recorrentes. “Temos áreas como Itaperi (IV) e Passaré (VI), que continuam apresentando desafios. O Conjunto Ceará (V) também é outra região complexa, devido à sua dimensão e à necessidade de constantes intervenções para controlar os casos”, diz.

Até 15 de outubro de 2024, foram realizadas um total de 1,5 milhão de visitas domiciliares por Agentes de Combate às Endemias (ACE) para prevenção e controle de arboviroses, resultando na eliminação de 27 mil focos do mosquito.

O LIRAa ainda apontou que o principal criadouro do mosquito Aedes aegypti em Fortaleza são os pequenos depósitos móveis (53,97%), como vasilhas de plástico, vidro ou metal. Em seguida, vem os recipientes para armazenamento de água para consumo (34%), como caixas d’água e tambores.

Este ano, contudo, a região da Praia do Futuro 2 emergiu como uma nova área de destaque para focos de dengue. “O Joaquim Távora e a Praia de Iracema também são destacados. Contudo, ao contrário do que vemos em outras áreas, a maior problemática nessas regiões são os imóveis de aluguel desocupados que se tornam focos de infestação”, aponta Nélio de Morais.

Há 12 anos sem uma epidemia de dengue, Fortaleza encerra o ciclo de 2024 em um cenário de controle da doença. “Em todo o ano registramos apenas 2.730 casos, o que é um alívio considerável para a Cidade. No entanto, houve um óbito. Isso evidencia a gravidade da dengue e outras arboviroses e a importância do controle dessas doenças”, disse.

Em relação a todo o período de 2023, foram confirmados 4.672 casos de dengue em Fortaleza e dois evoluíram para óbito.

O Levantamento do Índice Rápido de Aedes Aegypti (LIRAa) guiará as ações de prevenção e contenção da dengue em 2025. “A partir de novembro, intensificaremos mutirões em bairros específicos com foco em ações educativas e visitas domiciliares. Em algumas áreas, todos os agentes de endemias serão concentrados em um único bairro em um dia”, afirma Nélio de Morais, coordenador de Vigilância em Saúde de Fortaleza.

A Operação Inverno, iniciada em 2015, também continuará a coletar materiais que possam abrigar o mosquito nos quintais. Também estão previstas visitas quinzenais a áreas vulneráveis e locais de grande circulação, como sucatas e terminais rodoviários.

Sintomas e o perigo da dengue

A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se torna um vetor da doença ao picar uma pessoa infectada. "Quando o mosquito pica alguém que já possui o vírus da dengue, o vírus entra em seu organismo. Dessa forma, o mosquito se torna um vetor da doença e pode transmiti-la na próxima vez que picar outra pessoa", explica o médico Rui de Gouveia, gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica de Fortaleza

Na forma leve da doença, os sintomas costumam incluir febre, dor de cabeça e mal-estar, que geralmente melhoram em cerca de cinco dias. Já a forma grave da doença costuma ocorrer a partir de uma segunda infecção. Nessa fase, o corpo libera substâncias inflamatórias que provocam a dilatação dos vasos sanguíneos e a perda de líquidos de dentro deles.

“É como se o corpo estivesse perdendo sangue, mesmo sem sangrar visivelmente. O líquido sai das artérias e veias e vai para outros espaços do corpo, como o abdômen ou o espaço entre o pulmão e a pleura", explica. Essa condição reduz o volume de sangue circulante, podendo levar ao choque, que pode ser fatal se não tratada a tempo.

Febre oropouche

Outra arbovirose que ganhou destaque em 2024 foi a febre oropouche, que apresenta sintomas semelhantes aos da dengue. Apesar de não ser uma doença nova no Brasil, o vírus, que era mais comum na região Norte, teve um aumento da incidência no Ceará.

“Atualmente não temos nenhum caso da Oropouche aqui em Fortaleza. Não há um ambiente propício para o Maruim (mosquito transmissor) na zona urbana, mas ele é muito comum nas zonas rurais”, comentou Rui de Gouveia.

Até o momento, foram confirmados 231 casos da doença, todos na região do Maciço do Baturité distribuídos nos municípios de Capistrano (63), Aratuba (48), Pacoti (36), Mulungu (28), Redenção (27), Baturité (26) e Palmácia (3).

 

 

 

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