Serviço Família Acolhedora comemora Dia das Crianças com exemplos sobre voluntariado
A família recebe um auxílio de 1 salário mínimo (R$ 1.412) por criança ou adolescente acolhido. O valor tem um acréscimo de 50% caso o acolhido seja portador de alguma deficiência
21:01 | Out. 15, 2024
Foi numa manhã, enquanto ouvia um programa da rádio O POVO CBN, que a costureira Vanda Almeida, 56, soube que o sonho de ser voluntária em causas sociais seria concretizado. A divulgação era sobre a iniciativa da Prefeitura de Fortaleza em permitir que famílias oferecessem a própria casa como lar temporário para crianças ou adolescentes de unidades de acolhimento municipais.
O relato foi dado durante evento em comemoração ao Dia das Crianças, realizado na tarde desta terça-feira, 15, no Pátio Dom Luís, em Fortaleza.
Ao ouvir aquela informação no rádio, Vanda rapidamente pegou o bloquinho de anotações e uma caneta para escrever o número para o qual ligaria. Meia hora depois do término do programa, ela entrou em contato e deu início aos procedimentos necessários para realizar a inscrição.
Tratava-se do Serviço Família Acolhedora (SFA), da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS). A iniciativa foi criada em 2018 e já atendeu 75 crianças e adolescentes que estavam sob a tutela da Justiça devido a violações de direitos por parte da família de origem.
“Eu tive que ir lá, levei a documentação, e marcaram um seminário de capacitação. Eu fiquei um pouco nervosa porque não sabia quem era a família daquela criança e quem eu estaria trazendo para dentro de casa. Mas fui para o seminário e gostei”, relatou Vanda.
A costureira relata que ficou ansiosa para a chegada da criança, contudo, as expectativas foram reduzidas no começo de 2020 devido ao isolamento social decorrente da propagação do coronavírus.
Apesar das circunstâncias sanitárias, uma das psicólogas que compunham o Serviço de Acolhimento Familiar (SAF) entrou em contato com Vanda para saber da disponibilidade e interesse da costureira em acolher não só uma criança, mas duas. Prontamente a mulher disse que sim e não hesitou quando soube que a mais velha tinha Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Eram dois meninos, que tinham 10 e oito anos de idade.
Após quatro meses na companhia de Vanda, do marido dela e do filho do casal, Lucas Almeida, 24, os meninos foram conduzidos para uma família pretendente, que tinha a intenção de adotar os dois. Lá, as crianças ficaram durante oito meses.
Neste ínterim, Vanda acolheu outra criança na sua casa. Ela explica que, além das brincadeiras, do carinho e amor oferecidos, teve de ensinar à menina de sete anos algumas responsabilidades, que seriam essenciais para a construção do caráter e desenvolvimento da mesma.
“A gente, como família acolhedora, tem que dar amor, mas também tem que ter disciplina. Se fizer errado, tem que chamar para o cantinho da disciplina”, relata. Completados oito meses de acolhimento, a menina foi adotada por outra família.
Cerca de três dias depois da despedida da criança, os dois meninos acolhidos anteriormente pela família retornaram ao lar de Vanda. O motivo da volta, conforme a costureira, foi porque a família preferiu não adotar o mais velho devido à condição de saúde dele.
“A gente pode ficar um ano e meio com eles, mas tem a audiência com a Justiça e, dependendo do desenvolvimento da criança, a juíza diz se pode ou não ampliar o tempo de acolhimento”, explica.
A família de Vanda é uma das 16 que acolhem as 19 crianças atendidas pelo Serviço Família Acolhedora (SFA).
A assistente social e coordenadora do SFA desde 2021, Juliana Leonísia destaca que algumas famílias optam por acolher crianças de zero a 12 anos devido ao “modo de vida e ao perfil da família”.
“A gente precisa muito que as famílias queiram acolher, tanto as crianças quanto os adolescentes”, pontua.
A dona de casa Sibélia da Silva, 38, decidiu entrar no SFA em 2021. Desde então, ela e o marido cuidam de um menino, que chegou na família aos nove meses de vida.
A criança, que tem três anos de idade, foi diagnosticada com paralisia cerebral após chegar na residência do casal. O marido da dona de casa percebeu que o menino não desempenhava atividades comumente realizadas por outras crianças da mesma idade e, em seguida, o casal levou o menino para um especialista e o diagnóstico foi dado.
“Foi um choque, porque fazia pouco tempo que a gente estava com ele, mesmo assim continuamos”, prossegue Sibélia.
“Eu me sinto um ser humano melhor depois que entrei na família acolhedora. O amor que a gente sente por eles é muito grande. Família acolhedora é isso, é união, cuidado, proteção, porque é isso que a gente faz, a gente cuida até que uma família melhor que a gente queira adotar”, destaca.
Para fazer parte do Serviço Família Acolhedora (SFA) é necessário:
- Não estar interessado em adoção;
- Ter moradia fixa em Fortaleza há mais de 1 ano;
- Ter disponibilidade de tempo para oferecer proteção e apoio ao(s) acolhido(s);
- Ter mais de 21 anos, sem restrição de estado civil nem gênero;
- Ser, pelo menos, 16 anos mais velho que o acolhido;
- Apresentar concordância de todos os integrantes da família maiores de 18 anos que residem na casa;
- Atender as orientações da equipe técnica do serviço.
Além disso, a família recebe um auxílio de 1 salário mínimo (R$ 1.412) por criança ou adolescente acolhido. O valor tem um acréscimo de 50% caso o acolhido seja portador de alguma deficiência. A família também fica isenta do pagamento de IPTU.
Os interessados em participar do programa devem procurar a SDHDS por meio do email familia.acolhedora@sdhds.fortaleza.ce.gov.br ou pelos telefones (85) 98902-8374 e 3105-3449 para inscrição e capacitação.