Após 10 anos, torcedor vai a júri popular acusado de jogar bomba contra torcida do Treze
Crime aconteceu durante partida entre Ceará e Treze da Paraíba na Arena Castelão, em Fortaleza, em fevereiro de 2014
12:10 | Out. 15, 2024
Glauber Henrique Pinho Araújo, de 29 anos, integrante de uma torcida organizada do Ceará, foi pronunciado pela Justiça cearense e deverá ir a júri popular, dez anos após a ocorrência em que ele teria jogado uma bomba caseira contra torcedores de um time paraibano. O fato aconteceu no dia da disputa de uma partida pela Copa do Nordeste, dentro da Arena Castelão.
O réu é acusado de arremessar o explosivo artesanal contra torcedores do Treze, time de Campina Grande, na arquibancada do estádio, durante a partida contra a equipe cearense, em Fortaleza, em fevereiro de 2014. A data do julgamento pelo júri popular ainda não está definida.
A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônica (DJE) no último dia 11, pela 4ª Vara do Júri de Fortaleza. Em 2019, o torcedor foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por homicídios tentados, qualificados pelo motivo torpe e emprego de explosivo contra as vítimas Thiago Batista Leles e Victor de Drumond e Silva.
Conforme a decisão, diante da ausência de elementos novos e considerando o extenso lapso de tempo da tramitação processual, o acusado terá o direito de recorrer em liberdade, revogando-se as medidas cautelares aplicadas.
A defesa do réu solicitou nos autos o “reconhecimento da inépcia da inicial, a impronúncia do acusado, absolvendo-o sumariamente por falta de indícios mínimos de autoria, a nulidade do reconhecimento do acusado, vez que a vítima não o reconheceu em audiência, e, se for o caso, a desclassificação do crime para lesão corporal”. Os pedidos não foram acatados.
Segundo a denúncia do MPCE, no dia do crime, integrantes do Movimento Organizado Força Independente (Mofi), torcida organizada do Ceará, passaram a provocar torcedores do Treze da Paraíba, momento que o réu jogou um bomba contra os rivais.
Nos autos do processo, após a análise de imagens do local, foi constatado que a bomba explodiu, mas não chegou a atingir os torcedores rivais. Eles teriam conseguido se proteger a tempo. A denúncia aponta que a motivação do crime foi torpe e que o réu agiu apenas em razão das vítimas serem torcedores de um time rival.
De acordo com o depoimento das vítimas, elas estavam na arquibancada observando a discussão “no momento em que o artefato foi atirado da outra torcida”.
No momento, as vítimas acreditaram que o objeto se tratava de uma garrafa d'água, mas que só depois foi percebido que era uma bomba caseira, fazendo com que dezenas de pessoas tenham corrido do local.
O réu foi identificado pelas vítimas e preso em flagrante, tendo a prisão homologada e convertida em medidas cautelares.