Número de caravelas portuguesas aumenta nas praias de Fortaleza; veja cuidados

Animais possuem toxinas que podem gerar irritações na pele humana; espécie é mais recorrente no segundo semestre devido aos fortes ventos

Programa recorrente entre milhares de moradores e turistas em Fortaleza, as idas às praias da Capital têm exigido uma maior atenção para os banhistas. Isso porque, já há alguns dias, o número de caravelas portuguesas, animais nocivos à saúde, tem aumentado na orla alencarina.

O principal perigo está nos tentáculos da espécie, que possuem toxinas capazes de gerar uma forte irritação na pele humana. Além dessas queimaduras, a picada das caravelas também pode ocasionar coceira intensa, vermelhidão, marcas lineares na pele, e dores acentuadas.

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Em alguns casos, o contato com o animal, também chamado de cnidário, pode resultar em reações alérgicas, desencadeando quadros mais graves de saúde que necessitam de cuidados hospitalares.

“Se a pessoa tiver um quadro alérgico, pode evoluir para um quadro mais grave. Aí é interessante a observação. Se a pessoa começar a sentir a garganta fechando, tiver presença de tosse, ela pode estar desenvolvendo um quadro mais sério, mais grave e aí é necessário levar para um pronto socorro”, explica o sargento do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, Alcides Barreto.

Trazidos pelo mar, os animais costumam ficar na interseção entre a maré e a faixa de areia. Pequenos e transparentes, chegam a ser confundidos com sacolas ou recipientes de plásticos, o que facilita os acidentes com quem não conhece a espécie.

Os frequentadores assíduos das praias já puderam perceber a chegada das caravelas no mar e na faixa de areia. Ticiana Nunes, 40, que visita semanalmente a Praia do Futuro, em Fortaleza, diz ter se espantado com o crescimento repentino.

Por estar sempre acompanhada do filho, Eros Nunes, 4, a fisioterapeuta afirma que quem anda com crianças na praia tem a atenção redobrada durante esse período do ano.

“Geralmente toda semana a gente vem uma ou duas vezes pela manhã na Praia do Futuro. Hoje tinha muito mais caravelas do que na semana passada. Isso assusta porque quem vem com criança, corre o risco da criança sofrer uma queimadura que é bem dolorosa”, relata a banhista

Como evitar contato com caravelas?

A atenção é um fator essencial para se resguardar de acidentes com caravelas. Ao chegar na praia, o banhista deve observar se estes animais estão presentes na faixa de areia. Caso haja espécimes próximas à maré, é prudente não se banhar naquele trecho, pois a chance de haver caravelas também na água é maior.

Nestes e em outros pontos da praia, também é recomendado o uso de roupas que ofereçam uma maior cobertura da pele, pois estas podem diminuir os efeitos de uma eventual picada, como explica Barreto.

“Mesmo ele [banhista] não avistando muitas caravelas ali na área da praia, é interessante usar um colete, uma bermuda, uma proteção, que se por acaso venha acontecer um contato entre a caravela e o banhista, ele não vai ser tão grave, porque a proteção dessa vestimenta vai evitar que essa queimadura seja mais forte”, pontua.

O que fazer se for picado pelas caravelas?

Caso o banhista entre em contato com os tentáculos das caravelas, o primeiro passo a ser tomado é lavar a área atingida com soro fisiológico gelado ou água salgada, já que a água doce potencializa os efeitos da queimadura. A região do incidente também pode ser banhada com vinagre branco, pois o líquido ajuda a neutralizar os efeitos da toxina.

Nas situações em que o tentáculo fique preso à pele da pessoa picada, ele deve ser removido usando apenas a ponta dos dedos e sob a proteção de uma luva, para evitar que a mão também seja queimada.

A região do contato também não deve ser esfregada, pois o movimento pode espalhar a toxina. A dor causada pela inflamação é intensa e deve durar até meia hora. Caso o incômodo persista após esse período, o atingido deve ser encaminhado para uma unidade de saúde.

Por que o número de caravelas em Fortaleza aumentou?

A maior incidência de cnidários na orla não só de Fortaleza, mas de todo o Estado, é causada pelos fortes ventos que chegam ao Ceará neste segundo semestre. Por serem animais flutuantes, as caravelas não se movem de forma independente pelo mar, sendo direcionadas pelas correntes de vento.

Conhecida como “temporada dos ventos”, a segunda metade do ano no Ceará costuma registrar rajadas de até 60 quilômetros por hora (km/h). Esses registros são influenciados por um sistema de correntes de ar denominado de Alta Subtropical do Atlântico Sul e pelo distanciamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

Originada por um sistema de pressão próximo ao trópico de Capricórnio, a Alta Subtropical faz com que os ventos alísios vindos do Leste cheguem até o Estado. A intensidade desses ventos é acentuada pelo distanciamento da ZCIT, que no segundo semestre se afasta da costa cearense, abrindo espaço para que as correntes de ar se aproximem do litoral.

“Elas se deslocam por causa dos ventos. O vento aumenta muito nessa época do ano e isso faz com que a possibilidade de ocorrências com caravelas também aumente. O vento faz com que a intensidade das ondas se torne mais frequente, e aí as caravelas vêm trazidas por essas ondulações”, conclui o sargento Barreto.

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