Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará, deve passar por reforma

Sindicato dos Médicos do Estado (Simec) já havia denunciado que equipamentos e materiais da unidade estavam sendo remanejados. Prefeitura afirma que intervenção é necessária

08:03 | Set. 26, 2024

Por: Gabriela Almeida
Hospital Distrital Nossa Senhora da Conceição, Conjunto Ceará (foto: Divulgação/Sindicato dos Médicos do Ceará)

A Prefeitura de Fortaleza segue retirando equipamentos e materiais do Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará, segundo denúncia do Sindicato dos Médicos do Estado (Simec). Município  frisa que instrumentos estão sendo levados a outras unidades de saúde para viabilizar reforma no local. 

De acordo com Galeno Taumaturgo, titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), materiais e equipamentos estão sendo transferidos da ala antiga do hospital do Conjunto Ceará para outras unidades em razão de uma reforma que deve acontecer posteriormente. Ele não divulgou datas.

"A ala antiga está bastante deteriorada, problemas elétricos, problemas estruturais, nós estamos fazendo uma intervenção lá para que nós possamos reformar aquele setor", frisa o secretario.

Galeno também pontuou que a ala nova da instituição vai continuar atendendo e que o hospital não vai fechar, destacando que a parte materno infantil vai continuar atendendo "como sempre atendeu".

"A estrutura que está hoje na parte antiga, nós vamos realocar em outros hospitais para que a população não sofra problemas de atendimento na situação materno infantil", diz.

"Nós temos a preocupação com a segurança dos pacientes e profissionais, por isso nós estamos remanejando para outras hospitais, estaremos também entregando o Gonzaguinha da Messejana para que possamos dar toda a assistência e, ao mesmo tempo, reformar uma área que está condenada pela engenharia", completa, frisando que seria "irresponsabilidade" seguir mantendo a ala antiga.

Na última semana o sindicato havia recebido relatos dos profissionais que trabalham no equipamento de que dispositivos essenciais, como a mesa cirúrgica e um aparelho de foco, estavam sendo remanejados para o Hospital Distrital Gonzaga Mota, o Gonzaguinha de Messejana, que será reinaugurado.

Em entrevista naquela época ao O POVO, Max Ventura, presidente do Simec, informou que o Nossa Senhora da Conceição enfrentava um "desmonte" enquanto apresentava condições precárias. 

No período da primeira denúncia, a pasta de saúde municipal negou desmonte e informou que a unidade seguia "com seu funcionamento diário para os casos de urgência e emergência obstétrica".

Contudo, na última terça-feira, 24, o Sindicato recebeu fotos que apontavam que a Prefeitura ainda seguia remanejando materiais e equipamentos do Hospital Nossa Senhora da Conceição.

No mesmo dia, o Simec publicou uma nota em seu site oficial fazendo uma nova denúncia a respeito do caso e lamentando o posicionamento do Município em prosseguir com a retirada dos materiais. 

Ministério Público acompanha caso

O Simec encaminhou ofícios à Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS), ao Ministério Público do Estado (MPCE) e ao Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec), requisitando esclarecimentos sobre a retirada de materiais e solicitando uma vistoria no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

Em nota encaminhada ao O POVO nesta quarta-feira, 25, o MPCE informou que monitora a situação da unidade de saúde por meio da 137ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, "através de um procedimento administrativo", no qual acompanha também a necessidade de realização de reforma do equipamento.

"Após o recebimento da denúncia do Sindicato dos Médicos do Ceará sobre uma possível transferência de equipamentos da unidade para o Hospital Gonzaguinha de Messejana, o MPCE solicitou esclarecimentos sobre a situação à Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), organização social que gere o hospital, tendo esta até o dia 9 de outubro para responder ao MP do Ceará. Na manhã da próxima segunda-feira (30/09), está prevista, ainda, uma visita da 137ª Promotoria de Justiça de Fortaleza à unidade, a fim de atestar a veracidade de denúncia", destacou órgão em nota.

Já o Cremec, em ofício encaminhado nesta terça-feira, 8, informou que, de acordo com o departamento de fiscalização do órgão, "foi constatado que a instituição encontra-se em condições de prestar assistência à saúde da população".

Já a SPDM informou que "não é responsável" pelas decisões que estão sendo tomadas, pois "são alinhamentos da gestão municipal", e destacou que está "à disposição do Ministério Público para prestar informações". 

Atualizada às 18:30min da terça-feira, 8