Barra do Ceará: donos de barracas destruídas pelo mar contam prejuízos

Avanço das ondas na Barra do Ceará danificou estrutura de ao menos cinco estabelecimentos; prejuízos podem chegar a R$ 100 mil, dizem donos de barracas

Os prejuízos causados pelo avanço do mar sobre barracas da Barra do Ceará, em Fortaleza, podem chegar a dezenas de milhares de reais. A informação foi repassada pelos donos das barracas.

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Para Antônio Gomes, proprietário da barraca Taw & Waa, os danos estão na casa dos R$ 100 mil. O estabelecimento de Antônio, mais afetado pela maré alta, teve um galpão destruído, além de cerca de 20 para-sóis de palhoça. Parte da estrutura de uma piscina que está sendo construída na barraca também cedeu, causando a interdição da obra.

Valeska de Oliveira, esposa de Antônio, destaca que o prejuízo não foi apenas causado pelos danos físicos. Com as palhoças destruídas, a quantidade de mesas que podem ser colocadas na areia diminui, impactando na circulação de clientes. Segundo ela, o fluxo do último domingo, 22, foi reduzido a 20% do observado na semana anterior, quando o mar ainda não havia avançado.

Antônio pontua que o problema do avanço do mar ocorre todos os anos. No entanto, em 2024 a situação ocorreu antes do esperado, e com mais intensidade que das outras vezes. Paulo Vinicius, dono da Barraca Pascoalina, vizinha à Taw & Waa, relata que só não sofreu tantos prejuízos por já haver retirado, antes, parte dos para-sóis.

Tanto Antônio quanto Paulo afirmam que a situação poderia ser resolvida ou atenuada aumentando-se o comprimento do quebra-mar que fica próximo a esta área. Segundo Paulo, a estrutura havia sido ampliada à época que as barracas foram entregues aos permissionários, como parte do projeto Vila do Mar. No entanto, diz ele, era necessário que a obra tivesse avançado 150 metros mar adentro, porém apenas 50 metros foram construídos.

De acordo com Paulo, os problemas com o avanço do mar são quase tão antigos quanto as barracas. Os estabelecimentos funcionam desde 2012 e, segundo ele, a situação ocorre há cerca de nove anos.

Os comerciantes afirmam que a Prefeitura já foi procurada diversas vezes, ao longo dos anos, pela Associação dos Barraqueiros da Barra do Ceará, que representa os proprietários. No entanto, nunca houve, segundo eles, um retorno concreto sobre as demandas.

Após o incidente desta semana, a Secretaria Executiva Regional (SER) I, responsável pela área, enviou técnicos para avaliar a situação. Profissionais da Defesa Civil também estiveram no local. No entanto, o único auxílio oferecido pela gestão municipal, dizem os proprietários das barracas, teria sido para recolher o material que ficou espalhado pela areia após o recuo do mar.

Maré deve baixar na próxima semana; barraqueiros da Barra do Ceará improvisam reparos

Para a próxima semana, a previsão é que a maré em Fortaleza registre movimento de baixa. No entanto, a situação é temporária, com tendência de novo aumento logo em seguida.

Nas barracas afetadas pelo avanço do mar, por ora, os proprietários precisam improvisar soluções temporárias para compensar a estrutura danificada. Anteriormente, os barraqueiros haviam colocado sacos com areia entre as mesas e o mar, tentando diminuir o efeito do avanço da água. A estratégia surtiu pouco efeito.

Na Taw & Waa, agora, os sacos são usados para substituir uma escada que ia da parte superior do estabelecimento às mesas na areia. Ao lado, os restos das palhoças dividem espaço com o material da obra da piscina, em grande parte danificada. Mais próximo ao mar, pedaços de lixeiras de concreto seguem espalhados pela areia, parcialmente enterradas.

Prefeitura vai elaborar relatório sobre avanço do mar na Barra do Ceará

Contatada pelo O POVO na última quinta-feira, 19, a SER I informou que os técnicos irão elaborar um relatório sobre a vistoria. O documento apontará as medidas que devem ser realizadas na área. Não foi informado um prazo para que o parecer seja concluído.

A reportagem tentou contato com a Associação dos Barraqueiros da Barra do Ceará, pedindo detalhes das negociações com a Prefeitura. Foi questionado se houve algum compromisso firmado sobre a situação de avanço do mar, ou se houve acordo sobre a realização de obras na área.

A entidade disse que responderia com informações sobre os diálogos, mas não retornou até o fechamento desta matéria. Caso haja retorno, o texto será atualizado.

A Secretaria Municipal da Gestão Regional (Seger), que coordena a atuação das SERs, também foi procurada por O POVO. O órgão foi questionado sobre a existência de projetos para atender à demanda de ampliação do quebra-mar ou outras alternativas para o problema. A reportagem também questionou sobre a possibilidade de auxílio financeiro aos donos de barracas que tiveram danos materiais com o avanço da água.

Inicialmente, o órgão solicitou prazo de um dia para averiguar as solicitações, uma vez que a demanda foi enviada no domingo. Na manhã desta segunda-feira, 23, o órgão enviou uma nota, reproduzida abaixo.

A Prefeitura de Fortaleza informa que técnicos da Defesa Civil, Regional 1 e Infraestrutura acompanham a situação das barracas afetadas pela maré alta na Praia da Barra do Ceará na última quinta-feira (19/09).

Ainda neste mês, a gestão municipal realizará os serviços de recomposição da calçadão e meio fio da área afetada.

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