PM preso por organização criminosa vira réu por duas mortes no Serviluz

Cabo José Otaviano Silva Xavier é acusado de matar Alexandre Carvalho e Silva e Luiz Guilherme Leonor da Conceição em 2019. Ele já era réu por crimes como extorsão

O cabo da Polícia Militar José Otaviano Silva Xavier, de 39 anos, virou réu acusado de um duplo homicídio ocorrido em agosto de 2019 na comunidade do Serviluz, localizada no bairro Cais do Porto, em Fortaleza. Nessa sexta-feira, 20, foi publicado no Diário de Justiça do Estado (DJCE) o cumprimento do mandado de prisão preventiva que existia contra ele referente ao duplo assassinato.

O cabo Xavier, também conhecido como Blade ou SD Guerreiro, já estava preso acusado de integrar uma organização criminosa composta por PMs, que praticaria crimes como extorsão, agiotagem e tráfico de armas. Nessa nova denúncia, o cabo é acusado de matar Alexandre Carvalho e Silva, de 31 anos, e Luiz Guilherme Leonor da Conceição, de 22 anos.

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Denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE), aceita pela Justiça no último dia 6 de setembro, aponta que o acusado fazia parte de um grupo de quatro mascarados que invadiu a residência onde as vítimas dormiam, no início da manhã do dia 31 de agosto de 2019, e disparou contra elas.

Alexandre foi atingido por sete tiros, enquanto Luiz Guilherme levou seis. Eles chegaram a ser socorridos ao Instituto Dr. José Frota (IJF), mas não resistiram. Na parede da casa onde o crime foi registrado, os assassinos picharam a sigla da facção criminosa Comando Vermelho (CV).

O MPCE afirma que a motivação do crime não havia sido suficientemente esclarecida. “Contudo, isso não impede a compreensão da dinâmica do delito ou prejudica o esclarecimento da autoria, comprovada nos autos”, afirmaram os promotores Alice Iracema Melo Aragão, Ythalo Frota Loureiro e Márcia Lopes Pereira.

Já no local do crime, testemunhas identificaram Xavier como um possível suspeito, o que foi corroborado por outros testemunhos durante a investigação. Luiz Guilherme já havia relatado a pessoas próximas que era “perseguido” pelo cabo. Por ter medo do PM, testemunhas disseram que ele havia, inclusive, deixado o emprego.

Uma testemunha disse ter ouvido de um homem que Luiz Guilherme estava “formando” para matar Xavier. Outro relato que compôs o inquérito indicou que Luiz Guilherme recebeu um áudio em que um suposto policial descreve a rotina e as características dele, afirmando, ainda, no final, que “esse aí já morreu e não sabe”.

Outros PMs chegaram a ser citados como tendo participação na dupla execução, mas o MPCE entendeu não haver provas suficientes contra eles. Xavier ainda é investigado por outros dois homicídios. Um deles é o de Alan David Soares Lima, ocorrido em 11 de junho de 2020 no bairro Barra do Ceará.

Exame de comparação balística indicou que disparos de arma de fogo efetuados no duplo assassinato no Serviluz partiram da mesma arma que baleou Alan David. Entretanto, o crime da Barra do Ceará segue em investigação, sem indiciados.

Xavier também é investigado pelo assassinato do motorista por aplicativo Walter Gomes de Azevedo, de 38 anos, no bairro Jacarecanga, em 19 de setembro de 2018.

Por esse crime, ele chegou a ser indiciado após a Polícia Civil identificar que era o PM o condutor da moto em que trafegavam os executores, conforme flagrado por câmeras de vigilâncias. O MPCE, porém, pediu mais diligências e o inquérito continua em andamento.

Xavier foi preso em 14 de novembro de 2023 no contexto da operação Interitus, deflagrada pelo MPCE e pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD). O POVO não conseguiu localizar a defesa dele na tarde deste sábado, 21.

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