Após barracas na Barra do Ceará serem destruídas, maré deve baixar na próxima semana

Nos dias 29 e 30 de setembro, contudo, os números voltam a aumentar, com coeficientes de 70 e 78 respectivamente

O avanço do mar em Fortaleza, no Ceará, deve diminuir a partir da próxima terça-feira, 24, com coeficiente de maré de 38, conforme consta no relatório de Tabela das Marés e Solunares. Todavia, o documento indica que, a partir do dia 29 de setembro, os números voltam a aumentar. Nesta quinta-feira, 19, barracas na orla da Barra do Ceará foram derrubadas pelo avanço do mar.

Os coeficientes de marés indicam a amplitude da maré prevista (diferença de altura entre as consecutivas preias-mar e baixas-mar de um lugar). O coeficiente de marés máximo possível é 120. Nesta quinta-feira, 19, o coeficiente registrado foi de 114.

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O professor de Oceanografia do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (Labomar-UFC), Carlos Teixeira, explica que a maior amplitude da maré foi registrada na última quarta-feira, 18, com 2,8 metros, mas destaca que, até a próxima segunda-feira, 23, as marés ainda estarão altas, com 2,5 metros.

“Existem dois fatores principais para que as marés estejam altas nessa época do ano; primeiro estamos numa maré mais alta do que o normal e segundo muito vento e muitas ondas”, esclarece.

As marés normalmente são mais altas em luas cheias e novas (maré de sizígia) e mais baixas nas luas quarto minguante e crescente (marés de quadratura).

“Estamos com uma Lua cheia, portanto marés de sizígia. Além disso, a distância da Lua em relação a Terra muda ao longo do ano, o que também muda a altura das marés. Neste momento, a Lua e a Terra estão mais próximas, por isso a super Lua e marés maiores”, prossegue.

“Marés e ventos são esperados, mas também temos o aumento do nível do mar, que subiu 8 centímetros nos últimos 30 anos devido ao aquecimento global, isso piora a situação”. 

Maré alta avança e derruba barracas na Barra do Ceará, em Fortaleza

Na manhã desta quinta-feira, 19, cerca de 16 barracas e estruturas implantadas na orla do bairro Barra do Ceará, em Fortaleza, foram derrubadas e destruídas pelo avanço do mar.

“Já está com mais ou menos quatro anos que a gente vem nessa luta. Todo ano, nesta época, a maré dá essa avançada por causa do quebra-mar que a gente não tem e, quando dá essa maré alta, a gente acaba ficando mais preocupado”, relata Paulo Vinicius, dono da Barraca Pascoalina, uma das afetadas pela maré.

Vinicius pontua que nenhum caso de curto circuito foi registrado na barraca. Ele destaca que na primeira semana em que a maré começou a avançar, toda fiação instalada na parte inferior do local foi desligada para evitar que a barraca fosse incendiada.

“Já perdemos a nossa barraca há uns cinco anos atrás. Teve um curto circuito de madrugada e, como tudo é de palhoça, incendiou tudo, tivemos um prejuízo de 110 mil, passamos 28 dias parados”, relembra.

As escoras, colunas improvisadas por Vinícius, foram arrastadas pela maré, contudo, o comerciante afirma que conseguiu evitar que algumas mesas e cadeiras fossem levadas pelo mar. Os itens foram desprendidos das escoras e levados para o calçadão.

Francisco Roberto Teixeira não teve a mesma sorte. Ele, que é proprietário da Barraca Escorpions desde 1995, contabilizou quatro barracas destruídas pelo avanço do mar, um prejuízo de aproximadamente R$ 1.500.

“Em setembro e outubro a maré é muito alta por causa dos ventos fortes. Se concluísse o quebra-mar resolvia o problema.

Francisco explica que os donos das oito barracas localizadas à esquerda do marco zero são os mais prejudicados pela maré alta.

A barraca mais impactada pela maré cheia foi a Tawe & waa, localizada na rua Dr. José Roberto Sales. O dono do ponto, Antônio Gomes, o Toinho, contabilizou que o comércio, que existe desde 2012, sofreu um prejuízo avaliado em R$ 90 mil.

Na concepção de Toinho, o avanço do mar sobre a faixa de areia naquela região começou após a realização das obras em espigões na Praia de Iracema e Meireles.

“Aquele quebra-mar da Praia de Iracema que atrapalha a gente aqui”, complementa.

O professor de Oceanografia do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (Labomar-UFC), Carlos Teixeira, recomenda que os proprietários de barracas se preparem para o período de maré alta, retirando o que for possível.

“Mas, infelizmente, estruturas fixas vão ser afetadas. Além disso, muitas de nossas praias estão sofrendo processo de erosão e o problema da água afetando as barracas é ampliado”, destaca o professor.

Aline Sousa frequenta as barracas da Barra há cerca de oito anos e, segundo ela, esta foi a primeira vez que viu os pontos comerciais serem destruídos em grande proporção pelo avanço do mar.

A cliente, que reside no bairro Álvaro Weyne, decidiu ir ao local com a família para comemorar o aniversário de 77 anos da mãe, contudo, ao ver o cenário no perímetro foi tomada pelo sentimento de preocupação.

“A gente fica preocupado de ter mexido com a estrutura do local em que a gente fica sentado. Aqui é um ambiente muito bom, tranquilo e de paz, gostamos muito”, prossegue. “É de lamentar uma situação dessa diante de um local tão bacana onde trazemos a nossa família”.

Para contabilizar os danos sofridos pelos comerciantes e analisar a situação do local, uma equipe técnica da Secretaria Executiva Regional (SER) 1, realizou, nesta quinta-feira, 19, uma vistoria na área. A pasta acompanhou a situação junto aos permissionários e, com base nisso, produzirá um relatório com os encaminhamentos necessários.

 

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