Após incêndio, Prefeitura diz aguardar investigação para definir uso da antiga Estação Otávio Bonfim
Em maio deste ano, O POVO visitou a estrutura e denunciou a situação de abandono em que o vagão se encontrava. Nesse fim de semana, incêndio atingiu equipamentoA Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Executiva Regional 3, informou que aguarda os resultados das investigações realizadas pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) para definir o que será feito com a estrutura da antiga Estação Otávio Bonfim, que foi destruída após um incêndio na madrugada desse domingo, 15.
A estação fazia parte da primeira linha ferroviária do Ceará, a linha-tronco da Estrada de Ferro de Baturité, que começou a ser construída em 1872. O local também foi ponto de chegada de retirantes da Seca de 1932.
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Em maio deste ano, O POVO visitou a estrutura e denunciou a situação de abandono em que o vagão se encontrava. Moradores reclamavam que a estrutura havia virado ponto de drogas.
Na época, a Prefeitura comunicou que ainda estudava uma forma de recuperar o equipamento.
No incêndio, o vagão perdeu toda a estrutura de madeira, de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE). As equipes chegaram no local por volta das 1h45min e utilizaram cerca de 3.500 litros de água para debelar a chamas. Ninguém ficou ferido.
O local havia sido desativado em maio de 2009 e ficou inutilizado. Anos depois a estação foi demolida. No local, restou apenas um único vagão. Em 2018, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) cedeu o equipamento para a Prefeitura, que citou que queria transformar o compartimento em uma biblioteca. O projeto, no entanto, nunca foi para frente.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) reforçou que as causas do incêndio serão apuradas pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE).
Moradores lamentam
A história de Carlos Rubens, 67, com a estação vem desde a infância. "Meus avós, meus tios, minha família toda trabalhou na Rede Ferroviária Federal (Refesa) [...] Às vezes a gente ficava aqui esperando o time do Ferroviário, quando eles iam jogar em Quixadá ou quando iam para Sobral. Também servia para transportar o povo, mas foi se acabando, se acabando e chegou nisso de hoje."
Para outras duas pessoas, Alex Gabriel, 19, e Paulo Fernando, 20, a relação é mais recente, mas não menos significativa. "Eu comecei a passar aqui por causa dos Correios, para pegar minhas encomendas, aí eu vi o vagão e achei curioso", destaca Alex.
No começo eles não conheciam a história do vagão. "Só fui pesquisar depois, que era um antigo vagão que levava [a população] para o Interior", detalha Paulo.
"Por mais que a gente seja jovem, a gente acha o incêndio muito triste. [É algo que] Marcou a história e, com certeza, a gente deveria priorizar isso. Antes de continuar [a história] a gente precisa de um começo, a gente precisa guardar esse tipo de coisa", ressalta Alex.
"Eu e o Paulo também ficamos muito tristes pela demolição do São Pedro. Muitas coisas de antigamente andam sendo destruídas: o vagão, o São Pedro e outros prédios que estão abandonados", adiciona.
Denúncias
A SSPDS reforça que a população pode contribuir com as investigações repassando informações, com sigilo e anonimato garantidos.
Disque-Denúncia: 181
WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181