Após incêndio, Prefeitura diz aguardar investigação para definir uso da antiga Estação Otávio Bonfim

Em maio deste ano, O POVO visitou a estrutura e denunciou a situação de abandono em que o vagão se encontrava. Nesse fim de semana, incêndio atingiu equipamento

15:01 | Set. 16, 2024

Por: Gabriel Damasceno
Incêndio destrói vagão da antiga Estação Otávio Bonfim, em Fortaleza (foto: FÁBIO LIMA)

A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Executiva Regional 3, informou que aguarda os resultados das investigações realizadas pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) para definir o que será feito com a estrutura da antiga Estação Otávio Bonfim, que foi destruída após um incêndio na madrugada desse domingo, 15.

A estação fazia parte da primeira linha ferroviária do Ceará, a linha-tronco da Estrada de Ferro de Baturité, que começou a ser construída em 1872. O local também foi ponto de chegada de retirantes da Seca de 1932.

Em maio deste ano, O POVO visitou a estrutura e denunciou a situação de abandono em que o vagão se encontrava. Moradores reclamavam que a estrutura havia virado ponto de drogas.

Na época, a Prefeitura comunicou que ainda estudava uma forma de recuperar o equipamento.

No incêndio, o vagão perdeu toda a estrutura de madeira, de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE). As equipes chegaram no local por volta das 1h45min e utilizaram cerca de 3.500 litros de água para debelar a chamas. Ninguém ficou ferido.

O local havia sido desativado em maio de 2009 e ficou inutilizado. Anos depois a estação foi demolida. No local, restou apenas um único vagão. Em 2018, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) cedeu o equipamento para a Prefeitura, que citou que queria transformar o compartimento em uma biblioteca. O projeto, no entanto, nunca foi para frente.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) reforçou que as causas do incêndio serão apuradas pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE).

Moradores lamentam

A história de Carlos Rubens, 67, com a estação vem desde a infância. "Meus avós, meus tios, minha família toda trabalhou na Rede Ferroviária Federal (Refesa) [...] Às vezes a gente ficava aqui esperando o time do Ferroviário, quando eles iam jogar em Quixadá ou quando iam para Sobral. Também servia para transportar o povo, mas foi se acabando, se acabando e chegou nisso de hoje."

Para outras duas pessoas, Alex Gabriel, 19, e Paulo Fernando, 20, a relação é mais recente, mas não menos significativa. "Eu comecei a passar aqui por causa dos Correios, para pegar minhas encomendas, aí eu vi o vagão e achei curioso", destaca Alex.

No começo eles não conheciam a história do vagão. "Só fui pesquisar depois, que era um antigo vagão que levava [a população] para o Interior", detalha Paulo.

"Por mais que a gente seja jovem, a gente acha o incêndio muito triste. [É algo que] Marcou a história e, com certeza, a gente deveria priorizar isso. Antes de continuar [a história] a gente precisa de um começo, a gente precisa guardar esse tipo de coisa", ressalta Alex.

"Eu e o Paulo também ficamos muito tristes pela demolição do São Pedro. Muitas coisas de antigamente andam sendo destruídas: o vagão, o São Pedro e outros prédios que estão abandonados", adiciona.

Denúncias

A SSPDS reforça que a população pode contribuir com as investigações repassando informações, com sigilo e anonimato garantidos.
Disque-Denúncia: 181
WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181