Passarela da Alberto Craveiro apresenta falhas de infraestrutura e acessibilidade

Elevadores do equipamento estão sem funcionar e são usados como depósito de lixo; algumas placas que deveriam evitar a queda de transeuntes da passarela cederam e deixaram apenas um buraco no local

Parte das obras da Copa do Mundo de 2014, a passarela da avenida Alberto Craveiro, que liga o Centro de Formação Olímpica à Arena Castelão, em Fortaleza, apresenta más condições de infraestrutura. Cerca de dez anos após a entrega, as medidas de prevenção de acidentes e acessibilidade do equipamento estão atualmente comprometidas, colocando em risco a integridade física dos usuários.

Entre os principais problemas da passarela estão as grades e placas de proteção. As estruturas, que deveriam ser responsáveis por evitar quedas de pessoas das rampas e da própria plataforma, estão em boa parte enferrujadas, e em alguns pontos da travessia, nem existem mais.

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Os problemas não são recentes na passarela. Segundo moradores do bairro Castelão, onde ela está situada, o equipamento já apresenta esses defeitos há mais de um ano, o que tem feito pessoas como o motorista Edir Rodrigues, 46, evitarem usar o equipamento.

“Está muito danificado. Você vê que foram instalados dois elevadores aqui no tempo da Copa de 2014, não sei quem administra aqui, se é prefeito ou é governador, mas tá aí os elevadores tudo acabado. Só o dinheiro do povo jogado na lama [...] tudo isso contribui [para o baixo uso]. Por isso que a gente se arrisca a passar por baixo”, relata o morador, enquanto esperava um espaço entre os carros para atravessar a via.

Edir não é o único a fazer isso. O POVO esteve na passarela durante a manhã da última segunda-feira, 9, e em cerca de 30 minutos de observação, presenciou outras quatro pessoas fazendo a travessia por baixo da passarela, mesmo com o risco imposto pelo trânsito de veículos.

Além daqueles que moram na região e realizam idas e vindas domiciliares na via, uma das movimentações que chama atenção é a de usuários do transporte público, que cruzam a pista para chegar às paradas de ônibus. A pressa para pegar os coletivos, somada à insegurança e ao maior trajeto da passagem pela passarela, faz com que pessoas arrisquem a própria vida para não perder uma viagem.

Com elevadores quebrados, acessibilidade é inexistente na passarela

Os elevadores, que deveriam ser um bem de cidadania, garantindo o acesso de Pessoas Com Deficiência aos equipamentos de esporte e lazer, hoje viraram grandes lixeiras. Parados e com portas quebradas, eles deixaram de receber pessoas e agora abrigam garrafas de cerveja, recipientes de plástico, marmitas, entre outros resíduos.

O POVO não observou nenhuma pessoa com deficiência visível durante a estadia na passarela. No entanto, quem vive na região afirma que o uso da plataforma é impossível para cadeiras, por exemplo, já que a rampa, presente apenas no lado do CFO, só vai até a metade da escada.

Confira imagens da atual situação da passarela:

O problema piora nos dias de jogo. Ligando o Centro de Formação ao setor Norte da Arena, lado comumente ocupado pela torcida do Ceará Sporting Club, a passarela comporta boa parte da torcida alvinegra, gerando muito tumulto nos minutos que antecedem as partidas.

Para os fãs do esporte bretão que possuem alguma deficiência, a alternativa é dividir a pista com o trânsito catastrófico que antecede os jogos do alvinegro de Porangabussu, como conta o morador do bairro Castelão há cerca de 30 anos, José Montenegro.

“Esses elevadores aqui, que deviam ser para facilitar a passagem deste para o outro lado, só que não tem. Aí [o PCD] tem que esperar a boa vontade de alguém [motoristas] abrir a passagem por baixo para poder ir até o outro lado. E dia de jogo isso aqui é lotado total”, conta o atendente de 33 anos.

Manutenção da passarela

De acordo com a legislação municipal, as edificações públicas com até 20 anos de existência precisam passar por manutenção a cada cinco anos. A determinação, disposta na Lei Ordinária 9.913 de 2012, o equipamento também deve exibir o certificado de inspeção predial atualizado em local visível, documento não visto pela equipe de reportagem na passarela.

O não cumprimento das determinações pode resultar em sanções administrativas aplicadas pelo município de Fortaleza.

A Secretaria do Esporte do Estado do Ceará (Sesporte) informou que, por meio da Superintendência de Obras Públicas (SOP), na última terça-feira, 10, iniciou o processo licitatório para definir a empresa que irá realizar a manutenção da passarela localizada sobre a avenida Alberto Craveiro, interligando os entornos da Arena Castelão e do Centro de Formação Olímpica (CFO), em Fortaleza.

De acordo com a SOP, já existe estudo para elaboração dos projetos com o objetivo de substituir os elevadores da passarela por rampas.

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