"Tiraram a vida de uma mãe de família", diz testemunha de desocupação de terreno no Grande Pirambu

Vítima seguia para o terreno para buscar o marido quando foi baleada. Mayane rabalhava como vendedora e deixa uma filha de cinco anos de idade

Uma amiga da vendedora Mayane Reis, morta durante desocupação de um terreno localizado no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza, destacou que a mulher seguia para o terreno ocupado no intuito de buscar o marido, que estava em uma das barracas. A vítima foi baleada no peito e socorrida pelos moradores da comunidade, mas não resistiu aos ferimentos. O caso foi registrado durante a madrugada desta terça-feira, 10. 

De acordo com a testemunha, de nome preservado, o terreno em questão é desocupado há 35 anos. A vendedora e o marido, que trabalha como entregador, moravam na casa de familiares com a filha de cinco anos de idade.

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O casal participou da invasão do terreno e o companheiro de Mayane estava na barraca quando um grupo de homens encapuzados chegou ao local com uma retroescavadeira. As pessoas foram ameaçadas e obrigadas a se retirar do local. 

A testemunha narra que no momento dos disparos de arma de fogo, as mulheres que estavam na ocupação correram. "Quando começaram a atirar as mulheres correram e a bala atingiu ela no peito", afirmou a amiga. 

"É muito triste. Foi tirada a vida de uma mãe de família que estava tentando um canto para morar. E hoje acontece uma tragédia dessas. Ela não tinha moradia e pretendia construir a casa ali. Ela e o marido trabalhavam, a criança ficava na creche. Tudo é muito difícil e agora vai ficar mais difícil para a bebê que vai ficar sem mãe", relatou. 

Outra amiga da vítima relata que a moça era conhecida por ser uma pessoa educada e que vivia para a filha. "Foi um abalo para todos nós. Saía para trabalhar ela, o esposo, a filha ia para a creche. Ela só estava atrás de um lar, sair do aluguel", afirma.

A mulher relata que todos estão com medo de que o grupo possa voltar. "Foi uma injustiça o que fizeram. Não pediram para ninguém sair. Eles eram só batendo e passando o trator nos barracos e atirando. Fazer isso pela madrugada, onde só tinha família. É tanto que tiraram a vida de uma mãe de família que estava ali, mas quando amanhecia ia atrás de garantir uma vida digna para sua família", descreve. 

O velório de Mayane teve início na noite de ontem no bairro Pirambu. A despedida foi marcada pela emoção da filha e do esposo da vendedora. "Uma filha com as mãos no caixão pedindo para a mãe acordar e a avó segurando a menina. É uma dor terrível, que não sei descrever", relata a amiga que passou mal e precisou ser levada para uma unidade de saúde. 

Uma das moradoras e colega da vítima relata que após o crime o clima de tensão continua pelo medo que as pessoas estão de uma nova desocupação. "Minha filha de 19 anos está lá no terreno. Eu fico trabalhando e pensando nela. Nós só queremos segurança", descreve. 

 


 

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