Cearenses participam de programa espacial internacional

Entre os 10 professores brasileiros do programa internacional Limitless Global Educator Program (LGEP), dois são cearenses, Renato Targino, que leciona no Instituto Federal do Ceará (IFCE), e Francisco de Assis Sousa (Diassis Sousa), que trabalha no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).

Na última semana, ambos estiveram no segundo encontro presencial do programa, em Natal, no Rio Grande do Norte. A proposta foi transmitir os conhecimentos sobre exploração espacial a professores das redes públicas municipal, estadual e federal. 

O primeiro encontro presencial aconteceu em julho, nos Estados Unidos, onde os participantes, incluindo os cearenses, tiveram acesso a National Aeronautics and Space Administration (Nasa).

Renato Targino, 37, que atua em Fortaleza no Instituto Federal de Educação do Ceará, tem graduação, mestrado e doutorado em Matemática, soube por acaso sobre o programa, em um site, e se inscreveu.

“Minha relação com a ciência sempre esteve ligada à demonstração da importância da matemática no suporte ao desenvolvimento científico. Antes de participar do programa, eu tinha pouco interesse em exploração espacial e até nutria a visão ingênua de que era um desperdício de recursos, especialmente considerando os problemas que enfrentamos aqui na Terra”, informa.

No entanto, ao longo do programa, ele compreendeu que a exploração espacial não só gera avanços tecnológicos essenciais, como também fornece dados valiosos que podem ser aplicados para resolver problemas terrestres. Um exemplo claro é o GPS, uma tecnologia que utilizamos diariamente.

Targino conta que durante o programa foi apresentado a uma oportunidade única pela Kaci Heins, diretora-executiva do Limitless Space Institute: propor um experimento para ser realizado na Estação Espacial Internacional (ISS).

“Esta chance foi incrível, especialmente considerando que na ISS existe microgravidade, uma condição difícil de simular na Terra. Com base no conhecimento adquirido ao longo das aulas, meus alunos e eu começamos a compreender as mudanças que a microgravidade provoca”, relembra.

Para Kaci Heins, diretora-executiva do Limitless Space Institute, é um orgulho ver o trabalho desses educadores globais Limitless.

“Esse programa exemplifica nosso compromisso com o avanço da educação Stem por meio das lentes inspiradoras da exploração espacial. Ao capacitar os professores e seus alunos a se envolverem em experimentos científicos do mundo real, não estamos apenas promovendo uma compreensão mais profunda da ciência espacial, mas também despertando uma paixão pela descoberta e inovação que moldará o futuro”, afirma.

Já Diassis Sousa, 38, é natural de Limoeiro do Norte, e professor de Física, no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) no Campus Apodi. Estudante de escola pública ao longo de sua vida, Diassis, leciona há 14 anos, por ser professor de Física, diz gostar muito de Astronomia e assuntos relacionados à exploração espacial e ao Universo.

E viu no Programa, por se tratar de uma capacitação para professores, uma excelente oportunidade de melhorar suas habilidades para ensinar e incorporar mais esses temas relacionados em sala de aula.

“Sei que muitos alunos gostam também. É sempre bom procurar se capacitar para oferecer um melhor ensino para os alunos. Com o kit educacional que recebemos e as palestras, está sendo possível desenvolver novas atividades em sala de aula e expor os conhecimentos em palestras em outras cidades da região do Oeste Potiguar. É possível notar um maior engajamento dos alunos”, visualiza.

Como funciona o programa

O programa Limitless Global Educator Program (LGEP) é fruto de um Protocolo de Intenções assinado com o Limitless Space Institute e a IHS Towers, em fevereiro deste ano. Ministrado com foco na exploração espacial, o Global Educator realiza workshops virtuais mensais com percepções de palestrantes convidados para falar sobre a temática.

Além disso, eles participam do LSI Summer Institute por uma semana, com representantes do LSI do Brasil e da Nigéria para workshops práticos.

Ao longo desse período, os professores têm trabalhado com seus alunos para projetar um experimento simples para voar em microgravidade e investigar ou demonstrar fenômenos científicos.

Na etapa de apresentação dos trabalhos, nos Estados Unidos, cada equipe teve cinco minutos para mostrar sua ideia e responder às perguntas do painel sobre seu experimento. O vencedor foi o de Vanessa Simões da Silva Oliveira e seus alunos da 4ª e 5ª séries.

O LSI continuará trabalhando com a equipe vencedora para ajustar e preparar seu experimento para a microgravidade nos próximos meses.

Entre os trabalhos do Rio Grande do Norte e Ceará

 

Professor: Francisco de Assis Sousa (Cearense)

Escola: Instituto Federal do Rio Grande do Norte campus Apodi

Nome do experimento: Study of tomato ripening in space

Campo da pesquisa: Biologia e Química

Resumo do experimento: observar o amadurecimento de tomates em um ambiente de maior radiação com a aplicação de um produto natural em sua superfície, desenvolvido para retardar o processo de amadurecimento e comparar com um sem aplicação. Os tomates devem ser colocados em recipientes transparentes, como sacos; e fotos diárias devem ser registradas para verificar se há diferença entre eles com o passar dos dias.

Professor: Renato Oliveira Targino (cearense)
Escola: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Fortaleza, Ceará
Nome do experimento: 3D Resonance Patterns in Microgravity

Campo da pesquisa: Matemática e Física
Resumo do experimento: este experimento tem como objetivo estudar a formação de padrões de ressonância acústica tridimensional em um ambiente de microgravidade usando uma estrutura transparente preenchida com partículas finas e sujeita a frequências variáveis.

projeto vencedor
Professor: Vanessa Simões da Silva Oliveira (paulistana)
Escola: Escola Municipal Jaguariaíva - Curitiba, Paraná

Nome do experimento: Momentum Transfer and Conservation
Campo da pesquisa: Física

Resumo do experimento: compreender os conceitos de conservação de momento e transferência. Enviaremos duas bolas de massas diferentes para colidir uma com a outra e ver como ambas se movem em um ambiente de microgravidade.