Ato na Praça do Ferreira pede justiça por morte violenta da travesti Safira

Ato reuniu diversas entidades neste sábado; cobranças foram feitas ao poder público por respostas ao caso e por políticas públicas de proteção a comunidade LGBTQIAP+

13:08 | Ago. 24, 2024

Por: Yuri Gomes
Ato na Praça do Ferreira pede justiça por morte da travesti Safira (foto: Gabriel Gago)

Um ato pedindo justiça pela morte da travesti Safira Meneghel, de 39 anos, foi realizado na manhã deste sábado, 24, na Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza. Safira foi assassinada brutalmente a golpes de paus e pedras no dia 11 deste mês no bairro Conjunto Palmeiras.

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Como destacou a matéria do O POVO no ultimo dia 13, quando foi confirmada a morte, pessoas próximas a Safira destacaram que ela era conhecida por pedir dinheiro a moradores do bairro, e que “nem sequer tinha antecedentes criminais”.

O ato foi realizado pela Associação de Travestis e Mulheres Transexuais do Ceará (Atrac) e contou com a participação de outras entidades, como a Associação Transmasculina do Ceará (Atransce), o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat), a União Nacional LGBT, a organização Casa de Andaluzia e a Mães da Resistência. 

A manifestação reuniu dezenas de pessoas e contou, também, com a participação de pré-candidatos a vereador de Fortaleza, como Ailton Lopes e Maya Eliz, ambos do Psol. Uma quantidade seleta de amigos e conhecidos de Safira também estiveram presentes.

Paula Costa, presidente da Atrac, revelou que esteve, na última quinta-feira, 22, para cobrar respostas sobre a morte de Safira. O encontro contou com a presença de representantes do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) e da Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrim) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE).

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Ela destacou que até o momento não houve nenhum parecer acerca do assassinato e agradeceu aos movimentos que se fizeram presentes no ato na Praça do Ferreira. “Nossa luta é todo dia e toda hora. Cobramos justiça dos poderes públicos e dos governantes que nos deem resposta sobre a morte de Safira”, completou.

Moradora do Conjunto Palmeiras, Diana assume que teve diversos momentos especiais com Safira. "Sempre que via a Safira, ela sempre me cumprimentava, perguntava como é que eu estava, e dizia que eu era muito bonita. A gente sempre retribuía esses afetos uma com a outra. Mesmo de uma maneira não tão íntima, uma sinceridade nas palavras que a gente trocava. Era cheia de luz, cheia de vida, cheia de alegria. Vai fazer muita falta ter esse contato. Ela merece ter a Justiça feita", disse. 

Coordenador do Ibrat, o estudante Hélio Corin destacou a importância da união entre as entidades e pontuou que Safira representa agora esse elo. “A gente quer que essas mortes deem essa força para a gente de viver e reestruturar o movimento", salientou.

Reflexões sobre acolhimento também foram levadas ao ato. Uma representante do movimento Mães da Resistência pediu para que pais e mães de pessoas LGBTQIAP+ amem e acolham seus filhos. "A primeira morte dessas pessoas é dentro de casa, então acolham, respeitem. Só o amor constrói”, destacou.

Grande parte das falas realizadas na manifestação pediam políticas públicas para a comunidade LGBTQIAP+ e apontavam a inércia do Estado na proteção dessas pessoas. O caso de Dandara Santos, assassinada violentamente em 2017 no bairro Bom Jardim, foi relembrado por manifestantes, muito por causa da semelhança da brutalidade dos casos.

Em nota enviada ao O POVO, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a PCCE segue investigando as circunstâncias de um homicídio doloso no bairro Conjunto Palmeiras no domingo, 11. De acordo com o órgão, a vítima foi encontrada morta com lesões feitas por um "objeto contundente" em uma via pública do bairro. Ela havia desaparecido no dia anterior, 10, e um Boletim de Ocorrência (B.O) foi registrado por familiares.

A 3ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está responsável pelo caso. A SSPDS ressalta que as investigações relacionadas ao crime são acompanhadas pelo Observatório Cearense dos Crimes Correlatos por LGBTQIAPNfobias da SSPDS.

"Além disso, nessa quinta-feira (22), a PCCE recebeu representantes da Associação de Travestis e Mulheres Transexuais do Ceará (Atrac) para deliberar ações de proteção às pessoas trans. O encontro contou com a presença de representantes do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) e da Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrim) da PCCE, além das representantes da Atrac", completou a nota da Secretaria.

Denúncias

A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As informações podem ser direcionadas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85)3101-0181, que é o número de WhatsApp, pelo qual podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia ou ainda via "e-denúncia", o site do serviço 181, por meio do endereço eletrônico: https://disquedenuncia181.sspds.ce.gov.br/.

As denúncias também podem ser feitas para o telefone (85) 3257-4807, do DHPP. O sigilo e o anonimato são garantidos.

Com informações do repórter Gabriel Gago

Atualizada às 14h29min