"Uma mãe não vai querer sair para matar o filho, a mãe e a irmã", diz familiar de sobrevivente do acidente com VLT

Enzo, de seis anos de idade, era o único filho da motorista do veículo, que também perdeu a mãe e a irmã

São cinco dias desde o acidente ocorrido no dia 15 agosto, no bairro Vila União, em Fortaleza, onde morreram três pessoas e duas saíram feridas, todas da mesma família. Uma das vítimas sobreviventes, de 82 anos, segue internada na UTI de um hospital particular, em coma e apresentando 15 fraturas ósseas. A motorista do veículo, que perdeu mãe, filho e irmã no acidente, saiu ilesa.

Conforme familiar ouvido pelo O POVO, Isaac Lima Dantas, a maior dor da sobrevivente não é física, mas da perda dos familiares e do único filho. Enzo Alves Dantas, de seis anos, Maria Auricélia Alves de Medeiros, de 38 anos, e Maria Patrocínio Alves de Medeiros, 72 anos, foram sepultadas no cemitério Parque da Paz, no Passaré, em Fortaleza, na segunda-feira, 16. 

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No momento do acidente, de acordo com Issac, a família voltava da praia e já havia passado pela passagem de nível entre o VLT e a via. Porém, elas decidiram voltar para comprar um feijão e, ao retomar pelo mesmo caminho, o veículo foi colhido pelo VLT. Issac destaca a falta de empatia das pessoas no local do acidente, que tentavam filmar os corpos das vítimas, além dos julgamentos nas redes sociais contra a motorista. 

"A gente não quer que aconteça com mais ninguém o que houve, pois esse não foi o primeiro acidente ali. Eu senti a impotência do ser humano. Você não consegue fazer nada. As pessoas que não são da família filmando por baixo do trem, por cima do trem. Uma mãe não vai querer sair para matar o filho, a mãe e a irmã. Isso é ridículo", descreve Isaac. 

A mãe de Enzo conduzia o veículo e perdeu o único filho. Isaac descreve como o sobrinho foi esperado pela família, após um tratamento para gravidez. A mãe descobriu a gestação, que era de gêmeos, mas um dos bebês acabou morrendo. "Enzo era um menino fantástico. Todos moram perto e ele era a alegria de todos nós", descreve. 

O familiar destaca que vai entrar com ação judicial contra o Metrofor, em razão dos problemas de sinalização. Ele destaca o julgamento das pessoas nas redes sociais e aponta que o vídeo que foi amplamente divulgado nas redes sociais, do momento que o carro é colhido pelo VLT, induz os expectadores a acreditar que houve negligência da motorista. 

O parente aponta que outros ângulos são capazes de demonstrar problemas na sinalização, entre eles a improvisação da cancela, que seria um pedaço de PVC. "Todos que moram por aqui sabem que a sinalização só funciona quando quer. O trem só buzina quando quer", descreve. 

O parente diz que a versão da motorista do veículo é de que não viu a cancela. A nota divulgada pelo Metrofor sustenta que a sinalização estava em pleno funcionamento. 

 

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