Filhos celebram Dia dos Pais em Fortaleza com reflexão e emoção

Do Parque do Cocó ao Parque da Paz, filhos celebrando o Dia dos Pais na Capital enfatizaram a responsabilidade da paternidade e os ensinamentos paternos

Seja por enlutar o pai falecido ou pela alegria de cuidar dos filhos, o Dia dos Pais é marcado por emoção. Diversas famílias de Fortaleza saíram de casa na manhã deste domingo, 11, para celebrar a data e fazer homenagens.

O Parque do Cocó foi espaço para piqueniques, caminhadas, brincadeiras e até um aniversário. Pai de primeira viagem, Diego Carneiro, de 34 anos, acompanhou pais, irmãos e amigos para celebrar o aniversário inaugural da filha Yuna, que completou 1 ano nessa sexta, 9.

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Ele conta que veio da esposa dele a ideia de reunir a família ao ar livre e montar um cenário de festa. O grupo estendeu um tapete felpudo na grama, organizou um mural com fotos dos 12 primeiros meses da bebê e preparou porções de pipoca doce e salgada. Foi propício para a pequena Yuna.

Segundo o pai Diego, ela gosta de brincar com “qualquer coisa que ela vê pela frente, menos os brinquedos dela. Um copo, uma colher. Ela gosta de bater nas coisas, gosta de barulho, uma bagunça. É muito bom”.

“Rapaz, a gente muda demais, viu?”, diz ele sobre ser pai pela primeira vez. “Você tem outra perspectiva de vida. Tudo fica mais sério: seu emprego, suas finanças, até seu relacionamento com outras pessoas. Tudo, todos os dias, é para ela e por ela”, explica o servidor público.

A responsabilidade parental é algo que Diego herdou do pai, que também estava na festa de aniversário. “Ele sempre é muito presente e me ensinou a ser exemplo. É algo que ele me repassou e que quero repassar para minha filha”.

A mudança no nível de responsabilidades é enfatizada pelos pais presentes no Cocó. “Antes de ter filho você não liga para nada e depois, tem pessoas dependentes de você, é muita responsabilidade”, diz Roberto Carmo, 36, que celebrou o Dia dos Pais no parque com dois filhos, esposa e colegas de igreja.

Ser pai significa “ser responsável por um ser que veio através de você”, argumenta o morador do Parque Potira, na Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. “Eu sou o espelho deles, então o maior desafio é ser exemplar como pessoa, como pai, como homem”.

“Aprendi com meu pai que, acima de tudo, ser pai é estar perto da família”, acrescenta o fortalezense. Roberto exemplifica isso rememorando que já assinou contrato para trabalhar 95 dias longe de casa por um salário melhor, mas pediu demissão depois de sentir saudades dos filhos e da esposa.

No mesmo grupo de fiéis que o tricolor Roberto estava o alvinegro Vicente Seledônio Filho, 65, que criou o costume de visitar o Cocó por meio dos laços religiosos. “É um lazer bom. Você respira um ar mais puro. Sai dos estresses da vida, do celular. Desopila”, afirma o iguatuense.

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Ao lado da mais nova de quatro filhos, Vicente diz que ser pai “é muito importante, mas também tem que saber ser pai”. O morador do Farias Brito pontua que a paternidade “mudou totalmente” sua vida.

“Passei a ser ainda mais responsável, mais do que fui depois que perdi minha mãe, com 2 anos de vida. Mas, quando fui pai, dobrou a minha responsabilidade”, explicita.

Na ausência da mãe de Vicente, o pai dele, que hoje não está mais vivo, foi “pai e mãe”, conta. “Ele me inspirou na maneira de ser, me tratar, viver no mundo, chegar e sair e deixar as portas sempre abertas”, conclui ele.

Falando em inspiração, uma prática que o taxista Elton Pinheiro, 47, tenta “replicar” do pai dele, também falecido, é o “jeito molecão”. “Postei há pouco a última foto que tirei com ele”, diz, mostrando o Instagram na tela do celular.

“Eu falei assim, ‘pai, sorri aí para tirar uma foto’. Ele deu foi uma gargalhada. Era um rapaz muito brincalhão”, narra o quixeramobinense.

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Elton montou piquenique com sua esposa e filha mais nova, que ele diz “ter tido sorte”, pois, o primeiro filho “sofreu mais” com a ausência dele. “Fui pai aos 18 anos, então entender o que era ser pai demorou um pouco”.

Após o nascimento do primeiro filho, ele reconta ter sentido “o peso da responsabilidade” e ter se “cobrado muito” para prover necessidades para a criança, como alimentação e vestuário. “Fiquei devendo a parte da presença na vida [do filho], de brincar com ele”, reflete o morador do Eusébio, na Grande Fortaleza.

"O mesmo erro que cometi no começo ainda é cometido por outros pais. Como taxista, atendo muitas famílias. Às vezes vou buscar pais e filhos, às vezes só filhos. E vejo muito essa cobrança dos filhos, querendo mais dos pais além de só o bem-estar financeiro. Às vezes a criança quer só brincar com o pai e a mãe. O maior presente, o mais valioso, que um pai pode dar é o tempo, mais que bicicleta, videogame, bens materiais"

Elton Pinheiro, 47, taxista

Filhos de pais falecidos narram aprendizados

Saindo do Cocó para o Passaré, o Dia dos Pais também significou saudades para filhos que foram visitar os pais no Cemitério Parque da Paz. É o caso de Ricardo Bardi, 44, que estava acompanhado de dois dos três filhos. O pai dele era proprietário de uma granja e faleceu há 14 anos.

Produtor rural, Ricardo lembra da época em que ele o pai, ainda vivo, trabalhavam juntos. “O contato era diário. Morei com ele até casar. Mesmo depois disso, seguiu diário. Ele era presente e firme”.

“Meu pai estava sempre junto da gente. Essas datas mexem com a gente porque ele era uma pessoa que fazia questão de reunir a família em dias especiais” como o Dia dos Pais, lamenta o fortalezense.

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Ricardo acrescenta que a proximidade entre ele e o pai só aconteceu após a infância. “Quando eu era pequeno, ele não era tão presente. Depois dos meus 12, 13 anos que as nossas afinidades começaram. Com meus filhos, fui por um caminho diferente. A gente vai amadurecendo e vai mudando”.

“Um recado que posso dar para meus filhos é que eles me aproveitem. Perto de morrer, meu pai dizia, ‘me aproveite, são anos à disposição dos meus filhos’. Eu digo o mesmo, pode tirar o proveito que for. Não vai faltar ajuda, informação, carinho e amor. Estou aqui para o que for”, diz o morador do Dionísio Torres.

Também no cemitério estavam Osair Moreno, 35, dois filhos e esposa. Em meio a lágrimas, ele conta que o pai faleceu há cinco meses, vítima de câncer, aos 72 anos. “Não tinha um dia que eu não estava na casa dele. Todo dia com ele, viajando com ele. Hoje sinto muita falta. A vida está difícil, mas a gente nunca pode baixar a cabeça, como ele dizia”, diz ele.

O autônomo lamenta que “queria ter feito um quarto do que meu pai fez por mim”. Após o pai dele receber o diagnóstico de câncer, Osair e o irmão se revezaram diariamente para acompanhá-lo nos cuidados médicos. “No leito, acamado, ele chamava muito pelos filhos”, conta.

Hoje na posição de pai, o quixadaense reflete que entende a “rigidez” do pai, quando Osair era criança. “A gente vê com outros olhos [após ser pai]. Às vezes percebo que sou rígido demais, mas foi a maneira que ele me ensinou a precaver de acontecer o pior”, argumenta ele.

Para o morador da Parangaba, “tem gente que pensa que ser pai é só botar no mundo e sustentar. E não é. Meus filhos procuram conversar muito comigo, às vezes até a mãe tem ciúme. Isso é ser pai. É ser amigo”.

"Ser filho é ser companheiro, amigo, compreensivo com pessoas mais velhos. Se for assim, quando você for pai, vai ver o outro lado, que é ser preocupado, procurar dar de tudo por sua família. Hoje, meus filhos são tudo para mim. Me vejo na obrigação de todo dia, independente dos meus problemas, passar da porta de casa para dentro com um sorriso. Porque esses dois aí são minha vida"

Osair Moreno, 35, autônomo

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