Mutirão intensifica prevenção de doenças cardiovasculares em Fortaleza

Mutirão surgiu após profissionais da saúde identificarem que 1.458 fortalezenses têm maior risco cardiovascular. Foco foi em pessoas entre 20 e 59 anos

Seis postos de saúde de Fortaleza abriram as portas neste sábado, 10, para realizar um mutirão de prevenção contra doenças cardiovasculares. O atendimento foi previamente agendado e focou em pessoas entre 20 e 59 anos.

Iniciativa surgiu após profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) identificarem que 1.458 fortalezenses têm maior prevalência de risco cardiovascular. 30 dessas pessoas foram contatadas e agendadas para o mutirão do posto de saúde Pio XII, no bairro São João do Tauape.

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Uma delas é Ivoneide Ferreira, de 54 anos, que mora no bairro e afirmou, logo após sair da sala de odontologia, que gostou “muito” de “ter passado por médico, nutricionista, dentista… Chequei logo tudo”.

Albaniza Nunes, 54, foi avisada do mutirão pela sua agente de saúde. “Quando me chamaram para vir hoje, eu amei”, afirmou ela. “Vou ser bem sincera. Sou muito feliz com UPAs, postos de saúde, porque sempre sou atendida por eles. Vou até fazer cirurgia no ouvido daqui um tempo”.

“Tem nutricionista, enfermeira, dentista, eletrocardiograma hoje. Aproveito tudo, sabe? Não tem nada melhor que prevenir”, acrescentou a moradora da Cidade 2000.

O caráter multidisciplinar do mutirão é necessário, pois as doenças cardiovasculares podem afetar todo o corpo, argumentou Patrícia Costa, uma das odontologistas participantes do mutirão deste sábado.

“Como são sistêmicas, as doenças acabam envolvendo o corpo todo. O diabetes, por exemplo, chega a influenciar na odontologia, há complicações vasculares, dificuldade de cicatrização, dificuldade na coagulação do sangue. Então, isso acaba influenciando a saúde bucal também”.

“Todo mundo do mutirão passa aqui hoje. O ideal é passar por avaliação, tratar infecções, receber orientações sobre higiene bucal. Para as pessoas terem mais informações e conseguirem se prevenir. A gente tem sempre o cuidado de tratar a boca para que a saúde em geral esteja alinhada”, acrescentou.

Coordenadora de atenção primária da Saúde, Luciana Passos explicou que o atendimento foi dividido em “estações” dedicadas às diferentes áreas da saúde. “Os usuários já deixam o mutirão com exames agendados”, disse.

Para situações graves, foi disponibilizado atendimento a distância com cardiologista e endocrinologista. Luciana complementou que, caso seja necessário, consultas presenciais poderiam ser marcadas.

Ainda, salientou que a SMS avaliará o mutirão de hoje nos próximos dias. “Precisamos saber como foram as ausências, se algum ponto não funcionou e precisa melhorar”, disse. Ela revelou que haverá outros mutirões em breve para contemplar todo o público-alvo com risco cardiovascular.

IA ajudou a mapear público-alvo do mutirão

Conforme explicou Luciana, o público-alvo das ações — 1.458 fortalezenses entre 20 e 59 anos — foi mapeado por meio do Programa de Monitoramento da Atenção Primária à Saúde.

Usando como base o banco de dados dos usuários do sistema de saúde de Fortaleza, o Programa contou com auxílio de um algoritmo de inteligência artificial para determinar fatores de risco de toda a população da Capital. Fortaleza é a primeira capital do Nordeste a implantar a ferramenta, segundo a SMS.

Foi durante as análises das informações fornecidas pelo Programa que os profissionais entenderam ser urgente o atendimento precoce.

“Vimos pacientes com 36 anos e risco extremamente elevado, de 40%. E a gente admite até 20%. Estava muito acima. Nos vemos na obrigação de buscar as pessoas e agir assertivamente, por isso a proposta do sábado”, contou Luciana.

A gestora acrescentou que os prontuários e atendimentos realizados no sistema público “entram num banco de dados, mas em nenhum momento foi trabalhado esse banco. A Central de Monitoramento pega esses dados, copila, cruza e estabelece fatores de predição de doenças”.

Além de ter o potencial para impactar o número de diagnósticos no futuro, as ações de prevenção ajudarão a SMS a trabalhar “no futuro” com o indicador de mortalidade, uma taxa de falecimentos ocorridos antes da expectativa de vida.

Questionada sobre impactos da inteligência artificial na saúde pública, Luciana pontuou que os resultados “dependem da forma que se usa”.

“Um trabalho como esse é extremamente significativo. A gente pode diminuir até o uso de hospitais. Evitar que alguém fique três semanas por conta de infarto. Traz benefício individual e sistêmico”, concluiu.

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