Moradores denunciam ação truculenta de policiais no Maria Tomásia

Moradores do residencial Maria Tomásia  — localizado no bairro Jangurussu, em Fortaleza — denunciaram ação truculenta por parte de policiais militares na noite dessa quinta-feira, 1º. Conforme relataram, os PMs efetuaram disparos de balas de borracha e usaram sprays de pimenta contra moradores.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que realizava uma abordagem a seis pessoas quando alguns moradores se aproximaram e “investiram” contra a composição. “Foi solicitado apoio e, mesmo com a presença de um maior efetivo, as investidas permaneceram, sendo necessário o uso progressivo da força”, disse a PM.

A corporação ainda acrescentou que, na ocorrência, duas pessoas foram conduzidas ao 30º Distrito Policial, onde foram autuadas pelos crimes de desacato e resistência. Os flagranteados, um homem e uma mulher, tiveram liberdade provisória concedida em audiência de custódia.

Um morador da região relatou ao O POVO, sob condição de anonimato, que a confusão teve início quando os PMs abordaram um homem de forma truculenta. Uma mulher começou a filmar a ação e foi impedida e agredida pelos militares, afirmou a fonte, que acrescentou que a gravação feita pela moradora foi apagada.

Com isso, outros moradores passaram a questionar a ação. Os PMs, então, disse a moradora ouvida, começaram a efetuar os disparos de bala de borracha e a lançar sprays de pimenta. A fonte ouvida pelo O POVO estima que cerca de sete pessoas ficaram feridas na ação, que teria durado cerca de 30 minutos.

Confira vídeo que registrou parte da ocorrência: 

 

Um menino teria sido um dos atingidos. O POVO teve acesso a um vídeo que mostra a criança mancando. Uma mulher mostrou lesões nos braços e na costela. Também houve denúncia de que os PMs entraram em algumas casas e quebraram objetos.

“Não é a primeira vez, não é a segunda, não é a terceira. Toda vida é dessa forma”, disse a moradora. “Eles gritam, em bom e alto som, que a Lei é deles, que são eles que mandam. A gente, cansado, a população cansada, porque a gente mora numa área visivelmente crítica, tomada pela violência, mas nem todo mundo é bandido. Também há pessoas de bem, cidadãos, criança, idosos, pessoas doentes”.

Nesta sexta-feira, 2, moradores do Maria Tomásia procuraram a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Assembleia Legislativa do Estado (Alece) para denunciar o caso. Nesse sábado, 3, eles devem registrar Boletim de Ocorrência (B.O) e realizar exame de corpo delito.