Antenas corta-pipas: entenda importância do equipamento e quem é obrigado a usar

Material protege motociclistas de cortes com linhas de cerol; acidentes com objetos cortantes preocupam condutores durante período de férias

06:30 | Jul. 26, 2024

Por: Kleber Carvalho
Antena corta linhas com cerol para motocicletas (foto: Matheus Souza)

Em todo mês de julho, as linhas com cerol e linhas chilenas, utilizadas para empinar pipa, são motivo de preocupação para muitos motociclistas, devido ao potencial cortante de sua composição. Para evitar acidentes e até mesmo mortes, uma das medidas adotadas para se proteger durante o tráfego nas ruas são as antenas corta-pipa, capazes de romper o material antes que ele atinja os condutores.

Apesar de proibidas por lei no Ceará, esse tipo de linha, produzido a partir da mistura de pó de vidro, óxido de alumínio e silício, quartzo moído ou qualquer substância cortante, se tornam mais frequentes em julho, mês de que reúne os períodos de férias escolares e de fortes ventos no Estado.

Finas assim como qualquer outra, as linhas são de difícil percepção para motociclistas em movimento, o que propicia graves acidentes, como o registrado no último dia 12, quando um condutor morreu após ter o pescoço cortado pelo material na BR-116, em Fortaleza.

Esse não foi o primeiro caso de acidente gerado pelas linhas de Cerol. Erilando Rocha, 49, mototaxi filiado à Associação dos Mototaxistas da Parangaba, lamenta precisar se preocupar com mais este perigo na rotina de trabalho e cobra medidas dos órgãos responsáveis.

“[O motociclista] Sente muito medo. Você já não tem segurança de outras coisas, ainda mais andar inseguro por causa de uma linha? Eu acho que era para as autoridades proibirem isso aí”, comenta.

Assim como Erilando, outros profissionais do ramo reclamam do risco gerado pelas linhas chilena e de cerol nas ruas. Para o também mototaxista, Stélio Lopes, 58, a prática, apesar de perigosa, é corriqueira entre diversos públicos e possui adeptos de todas as idades.

“A gente vê, rapaz, as pessoas grandes soltarem. É homem, não é mais nem criança, não. Todo tipo de gente. E se a gente falar vem é pra cima. Vá falar alguma coisa?”, afirma o profissional com quase 30 anos de serviço.

Este mês, um homem de 37 anos foi preso em Itaitinga portando linhas de cerol.

O que são e como funcionam as antenas corta-pipa?

Acopladas nos guidões das motos, essas antenas são fabricadas para quebrar a linha antes que ela atinja o motociclista. em formato de arco ou gancho, elas possuem também uma parte afiada, que quebra a linha assim que entram em contato.

Em Fortaleza, o equipamento é regulamentado pela lei N° 9.580/09 é obrigatório apenas para mototaxistas, que precisam de licença da Prefeitura para circular pela cidade. A cada seis meses, os profissionais passam por uma vistoria da Etufor que examina essas e outras obrigatoriedades para a renovação da autorização para o trabalho nas cooperativas.

Conforme estabelecido pela legislação municipal, o não cumprimento da norma pode acarretar em multa, apreensão do veículo para adequação e até suspensão da licença para trabalhar como mototaxista na cidade.

Erilando, que utiliza o equipamento na motocicleta em que trabalha, considera que a lei deveria ser estendida a todos os motociclistas. Para o mototáxi, a obrigatoriedade seria uma forma de garantir que mais motociclistas utilizem as antenas.

“Mesmo que não fosse obrigatório, eu já usaria pela minha segurança. Agora, eles poderiam exigir dos outros [motoubers e motociclistas em geral], porque não é obrigatório”, acrescenta.

O equipamento pode ser adquirido em autopeças nos valores de R$12 a R$50. Em Fortaleza, as antenas também são distribuídas pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) durante blitz educativas. No entanto, devido ao período eleitoral, as distribuições estão suspensas, pois podem ser caracterizadas como brindes.

O POVO foi às ruas na manhã desta quinta-feira, 25, e encontrou tanto motoqueiros que usam as antenas, quanto aqueles que não usam. Entre os que não instalaram o equipamento, o medo de possíveis acidentes tem feito eles repensarem a escolha.

“Nunca usei, mas eu pretendo comprar, porque está tendo muito acidente aí, né? Então é bom comprar, se prevenir”, conta o promotor Matheus Monteiro, 26.